Na manhã desta quinta-feira, dia 12 de setembro de 2024, a WEG anunciou a aquisição da Volt Electric Motors, fabricante turca de motores industriais e comerciais, por US$88 milhões. A empresa possui uma capacidade de produção de 1 milhão de motores por ano e está estrategicamente localizada em Izmir, facilitando o acesso a mercados como o Leste Europeu, Oriente Médio e Norte da África.
A adquirida teve uma receita de US$70 milhões e EBITDA de US$12,95 milhões em 2023, representando uma pequena fração do tamanho da WEG. Comparando com a receita líquida da WEG de R$32,5 bilhões no mesmo período, a Volt equivale a aproximadamente 1,1% das receitas da WEG. Em termos de EBITDA, a Volt contribui com cerca de 0,9% do EBITDA consolidado da WEG.
Embora pareça uma aquisição modesta no curto prazo, acreditamos que ela possa oferecer fortalezas importantes no longo prazo, à medida que ajuda a ampliar a presença da WEG em mercados estratégicos e aumentar sua capacidade de produção na Europa e Oriente Médio. Com o mercado global estimado em US$17 bilhões, a contribuição de US$70 milhões da Volt representaria aproximadamente 0,4% do mercado global. Segundo nossas contas, após a aquisição da Regal Rexnord, a WEG já detém cerca de 13% de participação. Agora, com a compra da Volt, esse market-share aumentaria para aproximadamente 13,4% globalmente.
O múltiplo pago na aquisição da Volt Electric Motors foi de 6,8x EV/EBITDA, bem abaixo dos 23,7x que a WEG negocia para 2024. Com isso, a transação por si só adiciona um valor de aproximadamente +0,5% (US$ ~300 milhões) ao market-cap da WEG.
Após a aquisição e com informações da última entrevista do novo CEO, Alberto Kuba para o Estadão, revisamos nossas premissas de crescimento de receita por geografia. Seguimos com recomendação de COMPRA e agora novo preço-alvo de R$ 58,00.
Resumo da transação
A WEG anunciou a aquisição da Volt Electric Motors, fabricante de motores elétricos industriais e comerciais na Turquia, por U$ 88 milhões (Enterprise Value), sujeito a ajustes de preço. A Volt é uma subsidiária do Grupo Saya e possui uma fábrica de 27.000 m² com capacidade de produção de 1 milhão de motores por ano. Além disso, a empresa tem uma equipe de aproximadamente 690 funcionários e registrou uma receita de U$ 70 milhões em 2023, com margem EBITDA de 18,5%.
A aquisição está alinhada à estratégia da WEG de expandir seus negócios no setor de motores industriais e comerciais. A localização estratégica da Volt em Esmirna, Turquia, permitirá à WEG ampliar sua presença em mercados competitivos, como o Leste Europeu, Oriente Médio, Ásia Central e Norte da África. A proximidade com grandes portos e uma eficiente logística rodoviária devem melhorar os tempos de trânsito para clientes da região.
Embora seja uma transação relativamente pequena para o porte da WEG, o múltiplo EV/EBITDA de 6,8x, bem abaixo dos 23,7x da WEG projetado para 2024. Com isso, a transação por si só adiciona um valor de aproximadamente US$ ~307 milhões, o que representa cerca de 0,5% do market-cap da empresa. Com as possíveis sinergias entre os negócios, acreditamos que a Volt acelerará seu crescimento e atingirá uma margem EBITDA próxima a da WEG no longo prazo.
Menor, mas a história pode ser repetir…
Assim como vimos anteriormente na aquisição da Regal Rexnord, a WEG mantém sua estratégia de longo prazo com a recente compra da Volt, localizada na Turquia, mesmo em um cenário desfavorável na Europa, que enfrenta desaceleração econômica e falta de interesse do mercado em investir na indústria. Neste momento, temos observando os concorrentes como GE, Siemens e ABB focando seus portfólios em produtos de alta tecnologia, se desfazendo de ativos intensivos em capital.
Apesar do momento adverso para o setor e do cenário econômico desafiador na região, essa aquisição pode seguir o padrão observado em 2008 quando a WEG construiu fábricas de transformadores no México e nos EUA, num ambiente igualmente difícil para o mercado de transformadores. Contudo, o setor se recuperou e a WEG conseguiu aproveitar a retomada, refletindo positivamente em seus resultados.
Embora seja uma gigante nacional nos mercados em que atua, a empresa tem receita líquida muito inferior aos principais players globais, o que significa que ainda há espaço para crescimento, tanto em volume quanto em participação de mercado. Consideramos a expansão internacional como um de seus principais vetores de crescimento. Na região da Europa e Oriente Médio, a expansão de base de clientes segue sendo um dos pilares de crescimento da empresa.
Kuba e o interesse no estrangeiro
Em entrevista concedida no dia 10 de setembro, o novo presidente da WEG, Alberto Kuba, que assumiu o cargo em abril, destacou os principais direcionamentos e estratégias para a empresa. Kuba enfatizou seu foco em expandir a participação de mercado, reconhecendo o amadurecimento do mercado brasileiro, mas um ambiente favorável para o mercado externo. Nesse sentido, ele apontou como tendência a divisão da receita da WEG, com 70% proveniente de países de fora e 30% do mercado interno, ressaltando que o processo de diversificação já foi amplamente realizado. Sendo assim, a prioridade é ganhar maior participação no mercado internacional. Vemos um claro alinhamento entre as declarações de Kuba e a recente aquisição da Volt, que reforça a exposição da WEG ao mercado externo e aproveita o cenário desfavorável do setor e da região, resultando em uma oportunidade de aquisição a um valuation atraente para a empresa.