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    Publicado em 25 de Abril às 19:12:50

    WEG (WEGE3) | Prévia 1T24: Indícios de um trimestre resiliente

    Neste relatório, falaremos sobre nossas expectativas referentes aos resultados do 1T24 da WEG que serão divulgados no dia 02 de maio de 2024, antes da abertura do mercado. Esperamos resultados mistos, com receita e margens operacionais praticamente estáveis, ofuscados essencialmente pelo aumento na alíquota efetiva de imposto que reduzirá o lucro líquido na comparação trimestral.

    Esperamos que a receita líquida se mantenha em níveis similares aos do 4T23, apoiada por um câmbio estável. Observamos um desempenho mais fraco nos negócios de ciclo curto, especialmente nos segmentos ligados a motores comerciais. Em contrapartida, esperamos que os bons volumes de entregas nos setores de T&D e Óleo & Gás ajudem a balancear esses resultados. Reforçamos nossa visão de que a maior representatividade dos produtos de ciclo longo continua a beneficiar as margens da companhia. Não antecipamos grandes divergências em relação aos resultados positivos dos concorrentes diretos como ABB, Siemens e Nidec, que apresentam uma retomada do crescimento da carteira de pedidos. Essa retomada é uma sinalização positiva frente a expectativa do mercado de normalização das margens devido ao arrefecimento da atividade industrial na Europa e na China.

    O 1T24 marca o início do efeito negativo do aumento da alíquota efetiva de imposto relacionado à nova regulamentação do Transfer Pricing. Portanto, projetamos uma queda no nosso lucro na comparação trimestral. Adicionalmente, a aquisição da divisão de Motores Industriais e Geradores da Regal Rexnord ainda está pendente e não deverá impactar os nossos resultados até o final do 2T24.

    Para o 1T24, estimamos uma receita líquida de R$ 8,6 bilhões (+12,4% a/a e +1,1% t/t), um EBITDA de R$ 1,8 bilhão (+10,0% a/a e +1,5% t/t), implicando em uma margem EBITDA de 21,5% (-0,5pp a/a e +0,1pp t/t e um lucro líquido de R$ 1,3 bilhão (-2,0% a/a e -26,6% t/t). Seguimos com recomendação de COMPRA e preço-alvo de R$ 45,00.

    Indícios de um trimestre resiliente

    Operacionalmente devemos observar um trimestre resiliente, com receita líquida e margem EBITDA estáveis,  ofuscado pela influência negativa do aumento da alíquota efetiva de impostos devido à nova regulamentação de Transfer Pricing. Este ajuste fiscal, estabelecido pela Medida Provisória 1152 promulgada pelo governo Bolsonaro no final de 2022, exige que os preços em transações entre empresas e suas subsidiárias estrangeiras reflitam valores de mercado similares entre partes independentes. Anteriormente, a WEG se beneficiava de regimes fiscais mais vantajosos em países como Suíça e Áustria, vendendo produtos a suas subsidiárias a preços reduzidos para minimizar a carga tributária. A implementação da MP 1152 deverá elevar a alíquota efetiva de impostos de 17% para 20%, reduzindo assim cerca de 3pp da margem líquida ao longo de 2024.

    Para reduzir esse efeito, a Companhia parece estar disposta a aumentar o pagamento do JCP. Durante o trimestre, WEG aprovou um aumento de capital partindo das reservas de lucros acumulados. O aumento do patrimônio líquido gerado permite que a empresa aumente o volume de juros sobre capital próprio pago, aumentando, portanto, seu benefício fiscal e reduzindo parte do aumento da alíquota de imposto causado pela MP 1152.

    Menos pressão nas margens

    As margens operacionais devem ficar próximas às apresentadas no trimestre passado, porém com um cenário melhor que o esperado para 2024. Durante o 4T23, estávamos diante de uma desaceleração nas entradas de novos pedidos, um indicador que usualmente sugere desafios nas condições de precificação, levando as empresas a ajustar os preços em resposta à queda nos custos das matérias-primas. No entanto, o cenário atual revela uma dinâmica distinta. Desde o final do 4T23, temos visto um aumento nos preços do aço e do cobre, sugerindo um possível aumento de custos para a WEG.

    Simultaneamente, competidores como ABB, Siemens e Nidec mostraram sinais de recuperação, com ABB reportando crescimento em seu backlog em automação e motion drive, e Nidec registrando aumento de receita e manutenção de margens operacionais com bons volumes de vendas de motores e geradores, porém sinais de fraqueza no segmento de motores comerciais. Esses indicadores são positivos e sugerem que a margem bruta da WEG pode se estabilizar no patamar observado no último trimestre.

    Nosso monitoramento da exportação de máquinas do Brasil reforça essa perspectiva, indicando uma estabilização na receita líquida trimestre a trimestre. As exportações, que incluem Equipamentos Eletroeletrônicos Industriais e Motores Comerciais e Appliance, representam cerca de 30% da receita no mercado externo. Esse cenário não levanta preocupações significativas em relação à demanda ou pressão nas margens da WEG.

    Nosso monitoramento dos dados de exportações de motores industriais indica volumes mais baixos no 4T23 compensado por um preço médio maior. Diminuição do volume, mas maior valor agregado por produto exportado.

    No período, observamos uma estabilidade do câmbio, um patamar médio inferior ao praticado ao longo de 2023. Isso também contribui para um viés de que teremos uma manutenção dos números apresentados no trimestre passado. Apesar disso, novos ruídos fiscais voltaram a pressionar o câmbio no início do 2T24, algo que pode favorecer a Companhia ao longo de 2024.

    Eletroeletrônicos industriais EEI e motores industriais

    Quando tentamos entender a quebra da receita, temos um panorama diversificado em diferentes regiões e as diferentes verticais de produtos. Nos Estados Unidos, a atividade industrial continua resiliente, demonstrando resiliência mesmo frente a desafios econômicos globais. Contrariamente, na Europa e na Ásia, observamos uma desaceleração do crescimento na atividade industrial, o que pode influenciar negativamente os volumes de negócios da WEG nestas regiões.

    No Brasil, vemos uma melhora marginal, principalmente nos negócios de ciclo longo, fortalecidos pelas demandas em T&D e no setor de óleo & gás. Contudo, o ciclo curto continua fraco, prejudicado pela situação do agronegócio e um menor apetite para investimentos.

    Apesar da perspectiva de corte nas taxas de juros, que normalmente poderia impulsionar a atividade industrial, temos visto a taxa de investimento direto no país cair, algo que gera preocupações para o longo prazo. No acumulado do ano houve queda na receita oriunda de venda no mercado interno. Os números observados no primeiro bimestre do ano indicam que o baixo dinamismo da atividade industrial, continua impactando negativamente os investimentos produtivos de alguns segmentos.

    Ainda que apresentem dinâmicas distintas, os PMIs nas principais regiões de atuação da WEG, mostraram sinais de melhora recentemente no Brasil, nos EUA, na China e na Europa. Esta melhora nos PMIs reforça a visão de que as carteiras de pedidos podem voltar a crescer, auxiliando na estabilização das margens da WEG. A recuperação nesses indicadores é um sinal promissor e pode indicar uma retomada gradual da confiança industrial, potencialmente levando a um ambiente mais favorável para o crescimento e estabilidade das operações da WEG nos próximos trimestres.

    O mercado de Transmissão e Distribuição (T&D) nos Estados Unidos apresenta uma perspectiva muito positiva no 1T24, especialmente no contexto de desenvolvimento de infraestrutura energética substancial. Recentemente, um dos concorrentes da WEG, a Siemens Energy, anunciou um investimento significativo de US$150 milhões em uma nova fábrica na Carolina do Norte, destinada a mitigar a escassez de transformadores de grande porte. Este movimento destaca a demanda crescente por esses equipamentos, impulsionada pela necessidade urgente de renovação da rede elétrica envelhecida e por projetos de infraestrutura voltados para o transporte elétrico e novas fontes de energia.

    Esperamos que 2024 seja mais um ano de forte desempenho para a divisão de T&D da WEG, com a demanda robusta, especialmente por equipamentos relacionados a energias renováveis e eficiência energética, potencializando a presença da WEG no mercado americano e contribuindo para o crescimento de suas receitas e backlog de pedidos. Antecipamos um crescimento de 10% na demanda em relação a uma base já forte de 2023, considerando a escassez doméstica de transformadores nos EUA e a alta demanda que tem sustentado preços elevados. As concessionárias de energia enfrentam tempos de espera elevados e os preços dos transformadores continuam altos. O bom momento é sustentado pela demanda estrutural do setor, principalmente nos EUA, onde a Siemens Energy cresceu seu o backlog em 24% e suas receitas em 13% no 1T24 na comparação ano contra ano.

    No que diz respeito à divisão solar, observamos uma leve queda no volume financeiro de importação de placas solares, com um trimestre tímido na importação chinesa. Isso sugere mais um trimestre de fraco desempenho para a divisão solar. Embora os volumes de vendas não tenham caído drasticamente, houve uma redução significativa nos preços, conforme indicado pelo gráfico Bloomberg NEF. Esperamos que o sólido desempenho da divisão de transformadores ajude a contrabalançar essa perda de representatividade da receita proveniente do segmento solar.

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