A WEG apresentou resultados negativos no 1T24, com desaceleração do crescimento orgânico na comparação anual, apesar do bom patamar das margens operacionais. Em termos de receitas e EBITDA, os números vieram piores que o esperado, ficando abaixo das nossas estimativas e das estimativas do mercado. Quando olhamos para as margens e para o lucro líquido, vemos mensagens positivas. A expansão da margem EBITDA, um resultado financeiro melhor que o esperado e uma alíquota efetiva de imposto praticamente estável, resultaram em um lucro líquido alinhado com nossas estimativas apesar da receita decepcionante.
Do lado negativo, observamos uma desaceleração relevante em quase todas as geografias e segmentos de atuação. A receita líquida no mercado externo caiu -7,5% em dólar, o que nos indica que 2024 pode ser marcado por um crescimento orgânico menor para a WEG. Além disso, na comparação com o mesmo período do ano passado, a receita total foi negativamente impactada pela desvalorização de 4,8% do dólar frente ao real.
Do lado positivo, destacamos que, mesmo em um trimestre de leve queda na margem bruta, a WEG apresentou expansão na margem EBITDA. A manutenção dos custos das matérias primas acabou sendo compensada pela redução das despesas (SG&A) como porcentagem da receita líquida, gerando uma expansão da margem EBITDA (+0,1pp a/a e +0,7pp t/t). O bom desempenho dos negócios de ciclo longo, também ajudou a manter a margem EBITDA em nível elevado, finalizando o trimestre 22%, acima da nossa expectativa de 21,5%.
Embora a fotografia não seja a melhor possível, enxergamos bons indícios de que o ano poderá surpreender as estimativas do mercado. Hoje a empresa negocia a um P/E de 32x 2024E, uma distância menor em relação a sua média histórica. Seguimos com recomendação de COMPRA e preço-alvo de R$ 45,00 para 2024.
Análise dos Resultados: alíquota menor surpreende
Apesar do lucro melhor que o esperado, consideramos os resultados da WEG no 1T24 como negativos. Os resultados positivos nos segmentos de T&D, tanto no Brasil quanto na América do Norte, não foram suficientes para compensar a desaceleração de outras unidades de negócios. Vale lembrar que o 1T24 foi um trimestre com menos dias úteis que o 4T23 e isso pode ter impactado os volumes da Companhia. Mesmo observando uma leve queda na margem bruta, a WEG apresentou expansão na margem EBITDA, favorecida pela redução das despesas (SG&A) como porcentagem da receita líquida e por um mix com maior representatividade de produtos de ciclo longo. No total, houve uma expansão da margem EBITDA, que finalizou o trimestre 22%.
Dessa forma, a WEG registrou no 1T24 uma receita líquida de R$ 8 bilhões (+4,4% a/a e -6,2% t/t), ficando 6,9% abaixo das nossas estimativas e 5% inferior das estimativas do mercado. O EBITDA somou R$ 1,77 bilhão (+4,8% a/a e -3,2% t/t), ficando 4,5% abaixo do esperado. A margem EBITDA de 22% (+0,1pp a/a e +0,7pp t/t) superou nossa expectativa de 21,5%. Olhando para última linha do resultado, a empresa reportou um lucro líquido de R$ 1,33 bilhão (+2,0% a/a e -5,3% t/t) em linha com o esperado apesar das receitas decepcionantes. A expansão da margem EBITDA, o resultado financeiro melhor que o esperado e uma alíquota efetiva de imposto praticamente estável, impulsionaram a margem líquida frente as nossas estimativas
No 1T24, a expectativa era de aumento significativo da alíquota pela chegada do Transfer Princing e exclusão dos créditos fiscal decorrente de subvenção, com impactos negativos de 2,5pp e 0,5pp respectivamente. Em contrapartida, observamos uma alíquota praticamente estável em relação ao 1T23, e significativamente menor que a projetada para 2024. No total, a apropriação de saldo da conta de impostos diferidos somou R$ 45,8 milhões.
Lembramos que as alíquotas no exterior vêm representando cerca de 1/3 do Tax Shield total, sendo que os outros 2/3 são provenientes de JCP e incentivos fiscais em certas regiões como em Manaus e Linhares, que neste trimestre em específico, apresentaram bons resultado nas operações de Motores comerciais.
Desempenho por Produto e Região
O 1T24, foi marcado por desacelerações relevante em quase todas as geografias e segmentos de atuação. Apesar do desempenho majoritariamente negativo, os resultados acabaram sendo menos piores pela carteira de pedidos de ciclo longo construída ao longo dos últimos meses, que ajudaram a equilibrar as quedas em outras áreas. A receita líquida no mercado externo caiu 7,5% em dólar, o que nos indica que 2024 pode ser marcado por um crescimento orgânico menor para a WEG. Os números ficaram abaixo das nossas expectativas em todas as categorias de produto. A receita líquida total de US$ 1,623 bilhões, ficou 7,7% abaixo da nossa expectativa.
Nos Equipamentos Eletroeletrônicos Industriais (EEI), o desempenho ficou 8,4% abaixo dos nossos números, com queda de receita acentuada tanto no mercado interno quanto externo. Esse movimento, foi possivelmente foi impactado pela desaceleração observada nos equipamentos de ciclo curto e uma menor demanda em regiões como China e Europa. Por outro lado, houve um bom desempenho em equipamentos de ciclo longo, particularmente em segmentos de óleo & gás e mineração.
No segmento de Geração, Transmissão e Distribuição de Energia (GTD), apesar de uma pequena queda trimestral, houve um aumento significativo ano a ano, impulsionado principalmente por entregas de transformadores de grande porte e projetos de transmissão. Ainda assim, a receita foi 7,2% menor que o esperado.
Os segmentos de Motores Comerciais e Tintas & Vernizes apresentaram quedas tanto no mercado interno quanto externo, refletindo oscilações de demanda e uma menor atividade de exportação do Brasil. Um desempenho levemente inferior às expectativas, possivelmente impactado pela demanda mais fraca em produtos seriados.