WEG divulgou resultados referentes ao 3T23. Os números vieram em linha com as nossas estimativas, com receitas praticamente estáveis e margens em acomodação de maneira gradual. Na comparação com o consenso de mercado, observamos receitas abaixo, porém com margens acima das expectativas.
Apesar da receita marginalmente mais fraca, observamos uma manutenção nas margens em níveis elevados, acima dos 20%. De certa forma, a acomodação de volumes já era esperada devido normalização de pedidos na Europa e manutenção de um demanda mais fraca em produtos de ciclo curto como no segmento solar.
Destaque positivo mais uma vez para o ROIC da companhia, que segue em uma trajetória crescente, alcançando 35,4% (+7,5pp a/a e +1pp t/t). Importante destacar que mesmo em um ambiente de incertezas, observamos um resultado melhor na comparação com os principais concorrentes, com receitas em dólar crescendo, margens caindo menos e permanecendo em patamares acima da média da indústria.
Dito isso, mantemos nossa recomendação de COMPRA para WEG, com preço alvo de R$ 47,50.
Margens em acomodação… mas está tão ruim assim?
É cedo demais para afirmar, mas uma desaceleração na entrada de novos pedidos seria um indicador negativo para as condições de precificação. Sabemos que elas dependem essencialmente da demanda e da atividade industrial, que realmente tem demonstrado sinais de fraqueza. Por outro lado, o que enxergamos nos resultados da WEG é justamente a materialização da nossa expectativa de que a acomodação das margens ocorrerá de maneira gradual. Mesmo em meio a um cenário desafiador, 2023 será o ano da melhor margem EBITDA da história da WEG, ainda em um patamar acima dos 20%. Diferentemente de outros anos, o backlog da WEG está mais forte em ciclo longo, o que ajuda a amortecer a queda das margens.
Seguimos confiantes com WEG e lembramos que apenas a aquisição da divisão de motores industriais da Regal Rexnord adiciona R$ 2,4 bilhões de receita líquida, ou seja, um crescimento contratado de pelo menos 7,4% em 2024 vs o estimado para 2023. Ressaltamos que a acomodação das margens em 2024 é natural, ainda mais após a consolidação dos números da adquirida, que opera com rentabilidade inferior. O EBITDA adicionado de R$ 300 milhões gera um crescimento adicional de pelo menos 4,2% segundo nossas estimativas.
Destaques no Mercado Interno
No doméstico, a companhia relatou uma demanda estável no que diz respeito a produtos seriados (ciclo curto), algo que na nossa visão é positivo, visto que observamos certa acomodação no nível de produção industrial brasileiro nos últimos meses. Os destaques para esse tipo de produto seguem sendo setores ligados a commodities, como: óleo & gás e papel & celulose.
Além disso, olhando para o segmento de GTD, a dinâmica foi positivamente impactada pela entrega de transformadores e subestações para projetos voltados para os leilões de transmissão realizados. No entanto, a demanda por equipamentos voltados para o segmento solar seguem sendo negativamente afetadas pela mudança de regulamentação implementada no início do ano.
Destaques no Mercado Externo
Já no mercado externo, a companhia segue entregando bons resultados devido a uma boa carteira de pedidos construída nos últimos trimestres, além de continuar entregando bons volumes para segmentos como óleo & gás e água & saneamento.
Apesar de ainda apresentar uma demanda resiliente por produtos seriados, destacamos principalmente a demanda ainda relativamente forte para os produtos de ciclo longo, como motores de alta tensão e sistemas de automação, além do fornecimento de transformadores para parques de energia eólica no continente norte-americano.
Lembramos que as receitas provenientes do mercado externo tiveram impacto negativo por conta da queda do câmbio, que apresentou média de R$ 4,88 no trimestre – vs. R$ 5,25 no 3T22 e R$ 4,95 no 2T23.
Análise Quantitativa
O 3T23 totalizou R$ 8,1 bilhões de receita líquida (+2,1% a/a e -1,2% t/t), ficando em linha com nossas estimativas e 5,2% abaixo das do mercado. O EBITDA somou R$ 1,74 bilhões (+10,9% a/a e -3,7% t/t), ficando em linha com as nossas expectativas e as do mercado. A margem EBITDA, de 21,5%, em linha com as nossas estimativas, superou as expectativas do mercado. Olhando para última linha do resultado, a empresa reportou um lucro líquido de R$ 1,31 bilhões (+13,3% a/a e -2,2% t/t), em linha com ambas as estimativas.
Quando olhamos para a geração de caixa, o trimestre foi marcado pela da geração de aproximadamente R$ 2 bilhões de caixa operacional. O Caixa Líquido cresceu R$ 246 milhões na comparação com o 2T23.
Enxergamos a companhia negociando a um P/L de 22,4x 2024E, muito abaixo da média dos últimos anos e com um prêmio muito menor do que o observado historicamente em relação aos seus competidores. Mesmo apresentando resultados comparativamente fortes, entregando maior crescimento, maior ROIC e margens mais elevadas, esse prêmio está próximo das mínimas históricas dos últimos 5 anos.