A WEG justificou mais uma vez porque as expectativas em relação a ela são sempre são muito elevadas! Embora a empresa tenha reportado uma expansão de receita expressiva no ano de 2021, alta de 34,9% em relação ao ano de 2020, consideramos o resultado do 4T21 como dentro das expectativas do mercado e bem em linha com o que projetávamos.
Nesse trimestre, o câmbio médio reportado de R$ 5,59 ficou cerca de 5% acima do que projetávamos para o trimestre, o que impactou diretamente a receita líquida. O valor de R$ 6,5 bi superou em 3,8% as nossas expectativas. Por outro lado, a margem EBITDA de 17,2% %, ficou abaixo dos 18,1% projetado. Esperávamos um EBITDA de R$ 1.142 bilhões, o reportado foi 1,5% inferior, de R$ 1.125 bilhões. Na comparação com o trimestre anterior a queda foi de 1,7% e crescimento de 14,7% em relação ao 4T20.
Ao longo do ano de 2021 observamos uma queda na margem EBITDA em decorrência do ganho de representatividade de produtos menos verticalizados nos resultados da companhia (aerogeradores e painéis solares).
Embora a empresa tenha tido mais um ano de crescimento de receita, entendemos que os desafios da cadeia de suprimentos global e consequente pressão no custo prazo, continuarão a pressionar as margens em 2022. A empresa já tem um bom backlog de pedidos de aerogeradores e painéis solares para o ano, portanto, o novo mix de produtos menos verticalizado, deve ganhar maior representatividade na receita, pode resultar em margens EBITDA inferiores às reportadas em 2020 e 2021. Como, por exemplo, os aerogeradores de 4,2 MW para a Aliança Energia, que somam 180,6 MW de capacidade instalada. O projeto de R$ 590 milhões, teve parte das 43 turbinas entregues em 2021 e outra parte deve ser entregue em 2022.
A WEG negocia a um EV/EBITDA 2022E superior a 30x, entendemos que existe um risco muito grande associado à não progressão desse crescimento.
Análise Quantitativa do Resultado:
Pontos Positivos
- Recuperação de carteira de pedidos de ciclo longo, com melhora no faturamento e na entrada de pedidos em projetos nos segmentos ligados a commodities.
- Investimentos feitos nos últimos anos, somados aos novos (Capex de R$ 1,5 bilhões para 2022) serão importantes para a estratégia de ganho de participação no mercado externo.
- O processo de recuperação industrial e econômica no mercado externo sinaliza continuidade já em 2022. Aumento da demanda por motores elétricos industriais.
- Ganho de participação de mercado no segmento de motores comerciais e appliance nos EUA e México. Receita líquida 75% maior em relação ao 2020.
Pontos Negativos
- Impactos negativo nas margens devido a problemas na cadeia de suprimentos e aumentos dos custos de materiais, como cobre e aço.
- Novo mix de produtos implica em margens menores. Esperamos uma compressão ainda maior no próximo trimestre.
- No Brasil, observamos uma acomodação na demanda interna por motores comerciais elétricos destinados ao segmento de appliance, como máquinas de lavar.
Análise das receitas no mercado interno
No mercado interno, a área de Geração, Transmissão e Distribuição de Energia (GTD) foi o grande destaque. Como já era esperado, o segmento foi impulsionado pela aceleração da demanda por equipamentos solares e novas entregas de aerogeradores. A leve queda de receita reflete os principais indicadores de atividade do setor que apontavam para reduções de volume. Com o PMI Brasil abaixo da linha dos 50 pontos, podemos esperar acomodação do crescimento no segmento de motores comerciais em 2022.
Análise das receitas no mercado externo
Olhando para a receita no mercado externo, observamos um crescimento de 4,7% no consolidado, puxado por mercados mais resilientes como América do Norte e Europa, que apresentaram crescimento de receita em dólar de 6,5% e 19,8% respectivamente.