A Yduqs reportou seus resultados do 4T22 nesta quarta-feira, dia 15 de março. No geral, o resultado veio de acordo com nossa expectativa, vide tabela abaixo.
Atualizamos nossas estimativas e incorporamos as novas premissas macroeconômicas da Genial, onde seguimos com a recomendação de MANTER, porém abaixamos nosso preço-alvo 2023FY para R$ 10,25.
Análise do 4T22
Destaques
Os resultados da Yduqs vieram em linha com nossas estimativas. Observamos o incremento de receita das unidades Premium e Digital compensando a queda de faturamento provocada pelo presencial. A administração dos custos, principalmente na linha de “Pessoal”, foram responsáveis pelo incremento anual de +570 bps na margem bruta (+70 bps vs. Est. Genial), para 54,0%.
Ainda como destaque, a companhia espera para o ano de 2023 a aprovação de +130 – 160 novas vagas em medicina. Enquanto o guidance da base de alunos da IDOMED é projetada entre 8-8,2 mil alunos. Cabe pontuar que a companhia possui a base mais jovem de medicina, o que consideramos positivo na tese, dado o potencial incremento orgânico de receita.
Operacional
Os grandes destaques do trimestre seguiram com a unidade Premium. A Idomed mostrou forte crescimento de base a/a de 16,5%, batendo o guidance de 7,5k alunos no fim do ano, enquanto não tiveram dificuldades em repassar o aumento de preços no ticket e seguir maturando as vagas disponíveis. Dentro do IBMEC, a forte captação no segundo ciclo de 2022 no polo de São Paulo (+8,4% na base de alunos vs. 4T21), corroborou também para o aumento das mensalidades, favorecendo o segmento.
Enquanto a base de alunos da unidade Digital ficou praticamente estável a/a (-0,7%), o reposicionamento do ticket foi o responsável pelo acréscimo de +6% de receita ano contra ano.
Já para o segmento presencial, observamos uma redução no faturamento, principalmente, provocado pela menor adesão do DIS (Diluição Solidária) da captação vs. 2021.
Financeiro
A Yduqs apresentou uma receita de R$ 1,1b (+4,88% a/a; +1,25% vs. Est. Genial), impulsionada pelo Premium (+30,3% a/a; +5,85% vs. Est. Genial) e Digital (+6% a/a).
Na linha de custos, como destacado acima, notamos que os esforços focados na otimização do “Pessoal” para os segmentos Presencial e Digital mais que compensaram o aumento do Premium originados pela maturação dos cursos de medicina.
Em despesas com vendas, a expansão foi originada por um maior PDD, dado o provisionamento dos formados em medicina pelo FIES e de mensalistas. Ao mesmo tempo que as despesas gerais e administrativas foram impactadas por uma maior provisão para contingências (+203% a/a; incremento de R$16,6m).
O EBITDA totalizou R$ 257m (+26,8% a/a; neutro vs. Est. Genial), com expansão da margem de +403 bps, para 23,3%.
Como esperamos, o resultado financeiro foi impactado pelo aumento na taxa de juros ano contra ano, consolidando -R$178m. Por fim, a companhia reportou um prejuízo líquido de -R$84,3m (+13,38% a/a; -8,4% vs. Est. Genial).
Novo Preço-Alvo: Incorporação das novas premissas macro da Genial
Encerrado o ano de 2022, foi necessário incorporar as novas premissas macroeconômicas de longo prazo para o nosso modelo de Fluxo de Caixa Descontado (DCF) da Yduqs.
A Genial Investimentos é a casa mais pessimista em relação aos indicadores de inflação e juros em 2023. Anteriormente, tínhamos uma expectativa de redução da taxa Selic ao longo do 2º semestre deste ano, fundamentada pela estimativa de arrefecimento da inflação ao longo deste ano. Contudo, dado o incerto contexto político-fiscal atual do país, que sequer ainda apresentou um projeto para o arcabouço fiscal, foi necessário incluir uma dose maior de Risco-Brasil à nossa estimativa.
Juros ganha inclinação. A nossa expectativa para Selic 2023E passou de 11,0% para 13,75%. A taxa de juros de longo prazo estimada saiu de 7,0% para 11,0%.
Inflação deve seguir acima da meta por mais tempo. Em relação ao IPCA, elevamos a nossa expectativa em +110 bps, para 6,5% em 2023. Em nossa estimativa, a inflação deve seguir acima da banda superior, pelo menos, até 2025. A nossa expectativa para o IPCA 2025E é de 5,8% (meta de inflação para o ano é de 3,0% ± 1,5%).
O macro pressiona e o micro também. Diante de um cenário de juros e inflação maior, junto de uma menor disponibilidade de renda e a maior seletividade no consumo das famílias, não observamos os alunos potenciais confiantes em adquirir um compromisso de médio/longo prazo com o ensino superior. O equilíbrio nas premissas provém da base ainda jovem de maturação das vagas de medicina (~68%).
Dito isso, seguimos com nossa visão neutra para o setor educacional no Brasil, com recomendação de MANTER para YDUQ3 e um novo preço-alvo de R$ 10,25, que implica em um upside de 39,2%.