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Publicado em 17 de Junho às 22:09:00

Setor de Saúde: Para bom entendedor, meia palavra basta

Escolha Genial

Iniciamos nossa cobertura com Rede D’Or como nossa Escolha Genial do setor de saúde. Temos como preço-alvo do papel R$ 84,00, o que corresponde a um upside de 23% ao preço do dia 16/06/21.

Nossa preferência pela companhia, vem pelo crescente EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) com margens estáveis, track record (histórico) de fusões e aquisições, e a consistente adição de leitos.

Além disso, com o compromisso da companhia em credenciar todos os hospitais da sua rede até o final de 2021 e de adicionar cerca de 1000 leitos por ano até 2025, vemos como promissor o futuro da companhia no curto e médio prazo.

Se preferir, assista o vídeo deste relatório.

Visão geral do setor de saúde

Se há um momento para investir no setor de saúde, esse momento é agora! Acreditamos que, a atual conjuntura da situação socioeconômica e sanitária do país, deve impulsionar investimentos no setor de saúde ao longo dos próximos anos.

Gerir a saúde em um país de dimensões continentais como o Brasil não é uma tarefa fácil. Diversos fatores contribuem para que o nosso sistema de saúde seja insuficiente, como a concentração de renda, desigualdade social, falta de leitos, etc. E mesmo com um sistema de saúde suplementar (privado), a saúde brasileira ainda deixa a desejar.

Hoje, podemos dividir nosso sistema de saúde em dois: o Sistema Único de Saúde (SUS), que oferece a todo cidadão brasileiro um acesso de forma gratuita e o sistema privado. Atualmente, dos nossos 212 milhões de habitantes, 47,9 milhões possuem acesso a planos de saúde privados e apenas 27,6 milhões possuem planos odontológicos privados.

O setor de saúde privado vem passando por uma transformação rápida desde a abertura ao investimento estrangeiro em 2015. Acredita-se que, dentro de 3 a 5 anos, o mercado deve se consolidar em poucas operadoras de saúde. Hoje, as 10 maiores operadoras de saúde já representam cerca de 50% do marketshare total da saúde no país e o número absoluto delas vem caindo ano a ano.

Esse movimento de consolidação deve ser ainda mais acelerado agora. Com as menores operadoras sendo impactadas negativamente durante a pandemia, abre-se uma janela de oportunidade de fusões e aquisições, onde operadoras verticalizadas devem se beneficiar com esse cenário.

Dito isso, nossa tese é baseada em 3 pilares:

  • Envelhecimento da população brasileira

De acordo com a projeções do IBGE, a população brasileira tende a ter o aumento da população idosa com o passar dos anos. O aumento da expectativa de vida, menor taxa de mortalidade infantil, e a menor taxa de fecundidade contribuem positivamente para o aumento da população idosa. Hoje, a população brasileira acima dos 60 anos é de 14,3%. Em 20 anos, é estimado que esse número pulará para 23,5% e em 2060, a população idosa poderá chegar a 32,2%, quase 1/3 da população brasileira.

Com o envelhecimento da população, há a chance de termos mais pessoas que necessitem de cuidados com uma maior frequência, e uma possível transação epidemiológica, representado pela mudança de padrão das comorbidades, principalmente doenças crônicas, que atingem os mais idosos.

Além disso, o custo dos planos de saúde/odontológicos para pessoas mais maduras tendem a ter ticket médios mais elevados, já que a necessidade de atendimentos médicos, consultas, exames e outros tipos de procedimentos costumam ser mais comuns na idade avançada. Outro fator que explica o aumento do ticket médio com a idade do paciente, é a maior utilização de procedimentos cada vez mais complexos e com maiores custos.

  • Alta correlação com empregos.

De acordo com o IBGE, no início do cenário pandêmico trazido pela Covid-19, a taxa de desocupação no Brasil era de 12,2%. Já no terceiro trimestre de 2020, a taxa aumentou 2,4 p.p. para 14,6%. Essa situação revela um cenário nada agradável para os planos de saúde, já que com as demissões, os benefícios de planos de saúde/odontológicos são cortados para os beneficiários e seus dependentes, principalmente no segmento empresarial, que representa atualmente cerca de 68% nos planos de saúde e 72,4% nos planos odontológicos. Além dos planos coletivos empresariais, os planos individuais também estão impactando na receita das operadoras de saúde, em consequência da redução dos rendimentos das famílias.

Com o tão esperado fim da pandemia, podemos esperar uma melhora na atividade econômica e, consequentemente, o aumento do número de empregos, fato que deve arrefecer novamente as empresas ligadas à prestação de serviços de saúde. Junto com a volta da adesão aos planos de saúde/odontológicos, a volta de procedimentos eletivos, exames e cirurgias é previsto, o que pode beneficiar empresas de medicina diagnóstica e operadoras de saúde.

  • Baixa penetração de planos de saúde e odontológicos na população

Como dito anteriormente, os planos de saúde e odontológicos ainda possuem uma baixa penetração no mercado brasileiro. Enquanto no Brasil eles representam 22,6% e 13% respectivamente, em mercados mais maduros, como o dos EUA, a penetração de planos odontológicos chega a 78% da população. Já nos planos de saúde, o número chega perto dos 70%. Como isso, vemos um mercado endereçável muito interessante para as companhias de saúde.
Outra razão pela qual acreditamos no crescimento da demanda de planos saúde, foi a alta procura devido à Covid-19. Em março de 2020, no início da pandemia, foram registrados mais de 153 mil beneficiários a mais nos últimos 12 meses. Acreditamos que essa tendência deva continuar, ainda mais com a piora da situação nacional relacionada a Covid-19.

Análise inicial Odontotoprev [ODPV3]

Recomendação: MANTER
Preço alvo: R$ 15,00

Iniciamos nossa cobertura de Odontroprev com a recomendação Neutra e um preço alvo de R$ 15,00, o que implica um upside de 15,7% no preço de fechamento de 16/06/21. Para o valuation, usamos o método FCFE e Ke de 11%. Para YE22 temos, P/L de 18,5x e P/VPA de 6x.

Algorítimos, softwares e inteligência artificial

A Odontoprev é uma empresa fundada por profissionais de odontologia, que foca exclusivamente em prover planos de odontológicos. Com um modelo asset light, ou seja, modelo de negócio que não exige altos gastos para operar, a companhia tem praticamente todos seus investimentos focados na sua plataforma digital. Além disso, Odontoprev é conhecida por ter 100% de payout (porcentagem de dividendos em relação ao lucro líquido) para seu acionistas em pagamentos trimestrais.

Fundada em 1987, hoje, a companhia conta com mais de 7,5 milhões de vidas de todos os perfis em seu portfólio, cerca de 31 mil dentistas credenciados e atendem em mais de 2,700 cidades de todas as regiões brasileiras. Odontoprev é listada no Novo Mercado, segmento mais alto de governança corporativa da bolsa brasileira.

Pontos positivos e oportunidades

  • Processo de auditoria interna das consultas prestadas. Após um serviço concluído, outro profissional da área de odontologia audita o procedimento e a documentação usada com ajuda de softwares e algorítimos, e, se não houver nenhuma ressalva, o procedimento é confirmado e pago pela Odontoprev.
  • Variado canal de distribuição. Além da central de vendas, vendas online, corretores e grandes varejistas, a empresa possui parceria com 2 dos maiores bancos brasileiros: Bradesco e Banco do Brasil. Essas parcerias, que foram firmadas em 2009 e 2010, respectivamente, fazem com que seus produtos possam ser oferecidos fisicamente em praticamente todo território nacional, através de cerca de 7,7 mil agências espalhadas pelo país. O Bradesco reportou no seu último relatório, 70,7 milhões de clientes enquanto o Itaú reportou 56 milhões. Ainda, a companhia faz parceria com diversas varejistas de grande porte como a C&A e Riachuelo, que também possui alcance nacional.
  • Vemos como uma oportunidade a criação de parcerias com bancos digitais para distribuição do seus produtos. Recentemente, vimos uma grande seguradora fazendo parceria com um expressivo banco digital.

Riscos e Desafios

  • Plano odontológico é ainda visto como produto secundário e muitas vezes é oferecido junto com o plano de saúde. Por se tratar de uma empresa 100% dental, o produto perde a vantagem de ser vendido através de cross-selling (venda cruzada).
  • População faz da saúde bucal e geral. A população tende a ter uma preocupação com a saúde dental apenas quando passam a ter algum tipo de incômodo. A visão de saúde preventiva, quando se trata da saúde bucal ainda é incipiente no nosso país.

Análise inicial Grupo Fleury [FLRY3]

Recomendação: MANTER
Preço alvo: R$ 29,00

Iniciamos nossa cobertura de Fleury com a recomendação Neutra e um preço alvo de R$ 29,00, o que implica um upside de 9,8% no preço de fechamento de 16/06/2021. Para o valuation, usamos o método FCFE e Ke de 11%. Para YE22 temos, P/L de 36,5x e P/VPA de 4,5x.

Melhor prevenir do que remediar

O Grupo Fleury, na cidade de São Paulo, é uma das empresa mais expressivas no ecossistema de saúde brasileiro, focada na medicina diagnóstica.

Atualmente, a companhia é dividida em 3 segmentos: unidades de atendimento, B2B e Lab-to-Lab.

Unidades de atendimento: com operações em 9 estados brasileiros mais o Distrito Federal, o segmento corresponde a 69% do mercado de atendimento. Fleury chegou ao final do 1T21 com 243 unidades de atendimento. Sua operação é dividida em diversas marcas que proporcionam serviços voltados para diversas classes sociais:

  • Premium – Fleury: Presente apenas em São Paulo e no Distrito Federal, focado no segmento de alta renda.
  • Intermediária – a+ Medicina Diagnóstica: fundada em 2011, é presente em mais de 110 unidades nos estados da Bahia, Paraná, Pernambuco e São Paulo. Focada em exames laboratoriais, de imagem e outras especialidades diagnósticas.
  • Básica – Campana Até Você: lançada em 2019, já conta com 2,6 milhões de beneficiários. Funciona como um laboratório 100% digital, onde as unidades de atendimento realizam os exames na casa do beneficiário. Utilizam da estratégia Online-to-Offline.

B2B: oferecido pelo Fleury, oferecem toda a parte de medicina diagnóstica para terceiros. Realizam os exames nos hospitais clientes.

Lab-to-Lab: processam exames mais específicos para outros laboratórios que não possuem condições de fazê-los. Mercado pautado em preço.

Com a entrada recente da nova CEO Jeane Tsutsui, a companhia acelera sua transformação digital, através de aquisições estratégicas que visam complementar seu portfólio de serviços e soluções e integrá-los na sua plataforma digital de saúde, Saúde iD.

Saúde iD

Lançada em setembro de 2020, e com um investimento de mais de R$ 50 milhões, ela já surge com cerca de 7 milhões de vidas (4 milhões oriundas da SantéCorp e 3 milhões do Grupo Fleury).

Consiste em um marketplace que provê serviços tanto para B2B, ou seja, para operadoras de planos de saúde e empresas que contratam serviços para seus funcionários, quanto para o B2C oferecendo assinatura de serviços de saúde para indivíduos. Hoje, ele já oferece a possibilidade de agendar teleconsultas, consultas presenciais, exames diagnósticos e gerenciar os problemas de saúde dos usuários. No futuro, esse marketplace irá ofertar para seus beneficiários, bens e serviços relacionados à hábitos saudáveis, como alimentação e bens de consumo.

Atualmente, o serviço está disponível para a cidade de São Paulo e na versão paga e gratuita. Na primeira, o cliente poderá escolher pelo serviço “Light” ou “Plus”, na periodicidade que escolher. Contará com teleconsultas, exames de rotina e desconto para parceiros. Já na versão gratuita, o paciente terá seu histórico de consultas e uma série de cupons de desconto nos parceiros.

Fundada em 1926, a empresa do setor de saúde possui operações em 9 estados brasileiros, concluiu mais de 77,2 milhões de exames, procedimentos e conta com mais de 11,7 mil colaboradores, sendo cerca de 2,7 mil médicos. Destacamos também a realização de 340 mil consultas de telemedicina desde o 1T20, sendo que 178 mil ocorreu só no 1T21. Fleury também faz parte do segmento Novo Mercado, nível mais alto de práticas de governança da B3.

Pontos positivos e oportunidades

  • Saúde iD, a primeira plataforma digital do setor de saúde do Brasil, que visa integrar produtos e serviços de saúde com análise de dados e inteligência artificial, transformando a interação do paciente com os colaboradores de saúde.
  • Expansão de serviços oferecidos fora da medicina diagnóstica pelo Grupo Fleury. A capacidade de cross-selling e a maneira proativa de como o Fleury está lidando com seus beneficiários, tem capacidade de trazer soluções híbridas e diferenciadas para seus clientes.

Riscos e Desafios

  • Com 90% da receita vinda dos convênios de saúde, a penetração de planos de saúde na sociedade é fundamental para o modelo de negócio da companhia e, com isso, temos uma via de duas mãos. Mas, como contamos como uma recuperação econômica e, consequentemente dos empregos, principalmente com o final da pandemia da Covid-19, vemos com cautela o futuro da empresa.

Análise inicial Qualicorp [QUAL3]


Recomendação: COMPRAR
Preço alvo: R$ 34,00


Iniciamos nossa cobertura de Qualicorp com a recomendação Compra e um preço alvo de R$ 34,00, o que implica um upside de 19,7% no preço de fechamento de 16/06/2021. Para o valuation, usamos o método FCFE e Ke de 13%. Para YE22 temos, P/L de 17x e P/VPA de 3,7x.


Quem não arrisca, não petisca

Qualicorp é uma empresa de administração, gestão e vendas de planos de saúde com foco em grupos de afinidade e/ou associação de classe, ou seja, atua como uma intermediária de venda de convênios para as operadoras de saúde.

O segmento adesão nasce como uma alternativa aos planos individuais que possuem os preço regulados pela Agência Nacional de Saúde (ANS). Como o reajuste dos preços que, são estabelecidos pelo órgão regulador e são menores que os custos das operadoras de saúde, acaba não compensando financeiramente para os planos de saúde, operarem no segmento individual.

Hoje, o mercado de adesão no planos de saúde conta com cerca de 6,3 milhões de beneficiários, a qual 1,1 milhões são administrados pela Quali e 3,6 milhões são contratos feitos diretos com a operadora, o que deixa o mercado endereçável (ex-Quali) com cerca de 1,6 milhões de vidas. Já no mercado de adesão em planos odontológicos, temos 2,8 milhões de beneficiários no mercado com cerca de 400 mil vidas no portfólio da Quali.

Fundada em 1997, a companhia terminou 2020 com 2,6 milhões de beneficiários, a qual 62% pertence ao segmento de adesão, 2,5 mil funcionários, 505 associações de classe, parceria com mais de 100 operadoras e cerca de 10 mil empresas e órgãos governamentais no segmento corporativo. Qualicorp pertence ao Novo Mercado, nível mais elevado de governança da B3.

Pontos positivos e oportunidades

São algumas as vantagens da Quali por operar majoritariamente nesse nicho:

  • Preço no segmento adesão não é orientado por reguladores
  • Possuem maior poder de barganha
  • Segmento adesão é mais barato que o individual por ter menor risco para as operadoras
  • Operadoras não podem recusar contratos vindo de segmento individual e adesão


Riscos e Desafios

  • Vemos como desafio para a empresa a mudança de estratégia que a empresa vem implementando. Tradicionalmente a Quali costuma focar em planos que possuem coberturas nacionais, o que faz o ticket médio da empesa ser maior que a média. Mas, de modo a aumentar os horizontes de penetração, a companhia está aumentando a exposição em operadoras com o ticket médio mais baixo, que é o caso da parceria com a GNDI, anunciada em agosto de 2020. Essa estratégia se torna uma proteção natural contra a alta dos preços dos planos, que geralmente faz com que os beneficiários procurem planos mais em conta ou até mesmo desistam de ter convênios de saúde.
  • Outra iniciativa da Quali é o interesse de ter um marketplace de venda de diversos serviços de saúde para o consumidor. Hoje a companhia já faz alguns testes com outros produtos fora do core como seguro de vida, auto e residencial. A tendência é que esses produtos se estendam para produtos financeiros ao longo do tempo. Vemos como interessante esse movimento de expansão de produtos através de um marketplace por conta da possibilidade de cross-selling que essa plataforma gera. Essa iniciativa vem em um bom momento, dado que há a possibilidade ter uma pequena pressão nesses números no curto prazo, com a saída de vidas da carteira ou o downgrade de planos por causa do preço, devido à pandemia.

Análise inicial Hapvida [HAPV3]

Recomendação: COMPRAR
Preço alvo: R$ 18,00

Iniciamos nossa cobertura de Hapvida com a recomendação Compra e um preço alvo de R$ 18,00, o que implica um upside de 17,6% no preço de fechamento de 16/06/2021. Para o valuation, usamos o método FCFE e Ke de 11%. Para YE22 temos, P/L de 41x e P/VPA de 7x.

Do Nordeste para o Brasil

Hapvida atua no setor de saúde complementar de forma verticalizada, atuando predominantemente nas regiões Norte e Nordeste, onde possui 25,2% e 29,6% respectivamente de marketshare. Focada nas classes B e C, a operadora atua nos segmentos, individual, familiar, adesão e empresarial, sendo o último responsável por 52% do seu portfólio.

A operadora de saúde trabalha tanto nos planos de saúde quanto odontológicos. O segmento saúde representa 95% da receita da companhia e é verticalizada. Já no segmento odonto, a companhia não tem estrutura própria e paga aos profissionais credenciados por procedimento.

Hapvida foi fundada no ano de 1979 pelo seu atual presidente do conselho de administração, Candido Pinheiro. Hoje, a companhia possui 3,7 milhões de vidas em planos de saúde e 3,1 milhões de vidas em planos odontológicos e conta com 457 estabelecimentos na sua rede própria, divididos em hospitais, prontos socorros, clínicas e laboratórios. Hapvida também pertence ao Novo Mercado.

Pontos positivos e oportunidades

  • Vemos um futuro promissor para Hapvida. De acordo com a tese inicial para o setor de saúde, prevemos um ambiente cheio de oportunidades para fusões e aquisições no setor no curto prazo. Com um histórico repleto de aquisições, e tradição no crescimento inorgânico, acreditamos que a companhia possa se beneficiar no curto prazo. No último ano, das 13 transações envolvendo empresas do setor de saúde, Hapvida participou de 6, e em 2019, participou de 5 das 13 transações no setor de saúde.
  • Outro fator que beneficia a empresa é sua sinistralidade abaixo da média dos seus concorrentes. Isso acontece principalmente pelo seu forte controle de custos com base na inflação brasileira e devido ao seu perfil etário do seu portfólio, que possui cerca de 25% das vidas com idade até 18 anos. Faixa etária essa que possui menos propensão a doenças crônicas e outros problemas de saúde.

Hapvida x GNDI

No dia 8 de janeiro de 2020, a Hapvida (HAPV) apresentou uma proposta não vinculante para combinação de negócios com a Notre Dame Intermédica (GNDI). O acordo prevê a combinação das empresas através da incorporação das ações da GNDI pela controladora HapvidaCo e, posteriormente, a incorporação da HapvidaCo pela própria HAPV.

A nova companhia criaria umas das maiores operadoras de saúde verticalizadas do mundo, com cerca de 13,5 milhões de beneficiários, 84 hospitais, 280 clínicas e 257 unidades de medicina diagnóstica, atuando nas 5 regiões do Brasil.

O documento ainda propõe uma gestão integrada onde o Sr. Irlau Machado (CEO da GNDI) e o Sr. Jorge Pinheiro (CEO da Hapvida), dividiriam o trono de CEO da companhia, auxiliados por um novo modelo de comitê executivo de 9 membros, que teria:

  • 5 membros indicados pela HAPV;
  • 2 membros indicaodos pela GNDI;
  • 1 membro independente indicado pela HAPV;
  • 1 membro independente indicado pela GNDI.

Por fim, a composição acionária pós combinação seria:

O pagamento seria feito em uma relação de troca de 5,2490 ações da Hapvida por ação da GNDI, mais R$ 6,45 por ação., totalizando R$ 4 bilhões.

No último dia 29 de março, foi realizada a assembleia-geral extraordinária onde foi aprovada a combinação dos negócios pelos acionistas das 2 empresas. A consumação do fato ainda depende da aprovação dos órgãos reguladores, Agência Nacional de Saúde (ANS) e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE).

Desafios e riscos

  • Acreditamos que a combinação das duas empresas possa trazer uma situação de ganha-ganha para ambas. Com a presença forte no Norte e Nordeste do país pela Hapvida, e a presença no Sudeste pela GNDI, a combinação daria a oportunidade de termos uma operadora de cobertura nacional em um ambiente onde temos cerca de 65 milhões de vidas no mercado endereçável.
  • Dentre as sinergias possíveis que a combinação possa criar, destacamos a criação de planos corporativos de alcance nacional e a eliminação das duplicidades em relação a custos e despesas.
  • Quanto aos riscos, ainda existe a possibilidade de a combinação ser barrada pelos órgãos reguladores. Nossa opinião é que a combinação aconteça, devido à diferença de atuação geográfica das companhias, além disso, a nova companhia teria uma atuação mais ofensiva em lugares ainda não explorados por ambas as companhias. Outro risco seria o recredenciamento da rede, devido à mudança de CNPJ, o que poderia atrasar ou até mesmo atrapalhar a operação.

Análise inicial Notre Dame Intermédica [GNDI3]

Recomendação: COMPRAR
Preço alvo: R$ 98,00

Iniciamos nossa cobertura de GNDI com a recomendação Compra e um preço alvo de R$ 98,00, o que implica um upside de 15,3% no preço de fechamento de 16/06/2021. Para o valuation, usamos o método FCFE e Ke de 12%. Para YE22 temos, P/L de 39x e P/VPA de 7x.

Ônus e Bônus

Notre Dame Intermédica é uma operadora de planos de saúde, odontológicos e de saúde ocupacional, reconhecida pelo seu foco em medicina preventiva. Sua atuação, predomina na região Sudeste e Sul do Brasil e é voltada para todas as classes sociais.

Atualmente, a companhia do setor de saúde possui 3 frentes de receitas, que são: planos de saúde, planos odontológicos e a venda de serviços médico/hospitalar que correspondem a 91%, 3% e 6% respectivamente, de acordo com a última divulgação de resultados.

  • Plano de saúde: carro chefe da companhia. Procura oferecer sempre o melhor preço e a melhor estrutura de custo e atendimento. Hoje, os plano são divididos em 12% PPO (Preferred Provider Organizer) e 88% HMO (Health Maintenance Organization). Em suma, o modelo PPO tende a oferecer produtos dentro e fora da rede credenciada, enquanto no modelo HMO, a oferta de produtos acontece de uma maneira mais restrita. Geralmente é ofertado por operadoras mais verticalizadas.
  • Plano odontológico: possui uma rede credenciada de dentistas, com foco em cross-selling, que chega a ser de 45%. Como as despesas são compartilhadas com o segmento de saúde, o ticket médio é bem competitivo. Oferecem cobertura nacional.
  • Venda de serviços médicos/hospitalares: venda de capacidade ociosa. Geralmente, em regiões de baixa penetração, costumam oferecer esse serviço até conseguirem substituir uma receita pela outra.

Fundada em 1968 pelo Dr. Paulo Barbanti, a GNDI hoje conta com mais de 3,8 milhões de beneficiários de planos de saúde e 2,8 milhões de beneficiários em planos odontológicos. Hoje, ela conta com cerca de 253 estabelecimentos na sua rede própria, entre hospitais, centros clínicos e prontos socorros. Na sua rede de dentistas credenciadas, o número de profissionais já passa dos 16 mil. A companhia é listada no segmento Novo Mercado da B3 desde 2018.

Pontos positivos e oportunidades

  • Capacidade de captura de sinergias através do crescimento orgânico e inorgânico da empresa. GNDI conseguiu dobrar a quantidade de leitos em apenas 2 anos e quase triplicar em 4 anos. Com o boom de fusões e aquisições que estamos passando no setor de saúde, a companhia tende a se beneficiar e ampliar sua rede verticalizada. Em 2020, a GNDI realizou 14 aquisições, o que adicionou cerca de 1,3 mil leitos em seu portfólio.

Desafios e riscos

  • Em consequência da série de aquisições que a empresa faz, a sinistralidade deve se manter em patamares mais altos, devido à rede credenciada. Além disso, novas ondas de contaminação da Covid-19 e a volta de procedimentos eletivos represados, devem piorar a sinistralidade no curto prazo.

Análise inicial Rede D’Or [RDOR3]

Recomendação: COMPRAR
Preço alvo: R$ 84,00

Iniciamos nossa cobertura de Rede D’Or com a recomendação Compra e um preço alvo de R$ 84,00, o que implica um upside de 23% no preço de fechamento de 16/06/2021. Para o valuation, usamos o método FCFE e Ke de 11%. Para YE22 temos, P/L de 45x e P/VPA de 10x.

A novata que já chegou grande

Rede D’Or é a maior rede particular de assistência médica no setor de saúde, sendo referência em tratamento oncológico já que possui uma das mais completas redes de cuidado desse segmento no país. Além disso, a companhia também atua no meio de inovação clínica através do seu Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino, fundado em 2010. Lá, eles reúnem profissionais gabaritados que se dedicam à área de ensino da saúde através de cursos.

Mesmo no ano atípico de 2020, a companhia adquiriu 6 hospitais, adicionando cerca de 1.000 leitos no seu portfólio. Seu track record de aquisições e sua capacidade de absorver sinergias é mostrada pelo seu crescente EBITDA e margens estáveis. Até 2020, a companhia adquiriu cerca de 40 hospitais, 35 clínicas oncológicas, e mais de 50 ativos complementares a sua atividade core.

Fundada em 1977, a Rede D’Or possui presença em 8 estados brasileiros mais o Distrito Federal, o que faz dela a maior rede integrada de cuidados em saúde do nosso país. Hoje, ela conta com 54 hospitais, cerca de 9,034 leitos, 50 mil colaboradores e mais de 90 mil médicos credenciados. A companhia é listada no segmento Novo Mercado da B3, desde 2020, através de uma oferta que movimentou cerca de R$ 11,4 bilhões de reais.

Pontos positivos e oportunidades

  • Negociação de medicamentos diretamente com o fabricante. A companhia é a maior compradora de medicamentos do Brasil, só ficando atrás do Governo Federal. A economia chega a ser de 25% em relação a um hospital independente que possui um fornecedor no meio da cadeia.
  • Centralização de back-office que, com um centro de serviços compartilhado, a companhia estima baixar esse custo de 10% para 3% da receita líquida dentro de alguns anos.
  • Em relação a outras avenidas de negócios, podemos citar a inclusão da empresa no mercado de educação para o setor de saúde, distribuição de medicamentos e estudos clínicos.

Desafios e riscos

  • Grande concentração de receita em poucos players do mercado segurador. Cerca de 45% de sua receita é oriunda do Bradesco e SulAmérica, enquanto o terceiro player com maior representatividade, compõe menos de 10% da receita.
  • Processos administrativos no valor de R$ 1,1 bilhão a cerca de alegações da Receita Federal de que alguns funcionários da companhia que prestam serviços por meio de PJ, seriam efetivamente empregados. Dito isso, a Rede D’Or disse que não tem condições de estimar um prazo de julgamento e se haverá desembolso relativo a essa ação. Esse montante corresponde a cerca de 7,5 % do caixa da companhia.
  • Além disso, reiteramos as possíveis novas ondas de Covid-19 e novas variantes que possam atingir nosso território. Lembrando que esse risco pode afetar, não só a Rede D’Or, mas também todas as outras empresas do setor de saúde.

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