A Aliansce Sonae apresentou um ótimo resultado no último trimestre de 2021, com um lucro líquido de R$ 116m, acima da nossa expectativa e da expectativa do mercado. A sua receita líquida veio em R$ 278m, acima da nossa expectativa, mas levemente abaixo da expectativa de R$ 287m do mercado. Entendemos que o resultado foi forte e deve vir acompanhado de uma reação positiva do mercado.
Além dos resultados, a Aliansce divulgou projeções para 2022. A companhia espera realizar um Capex entre R$350m e R$400m em 2022, puxado principalmente pelas expansões em shoppings que deverão ser realizadas ao longo do ano. Além disso, a expectativa da companhia é de um EBITDA 2022E entre R$740m e R$760m, um pouco acima da nossa expectativa pré-4T21 de R$706m, número este que pretendemos atualizar em vista de um aumento mais forte que o esperado por nós no trimestre.
A receita da companhia foi puxada para cima pelo aumento significativo do aluguel, que registrou um SSR (aluguel em mesmas lojas) de 31,4% em relação ao 4T19. Adiantando boa parte do primeiro trimestre, a companhia divulgou um SSR de 36,2% em janeiro e fevereiro de 2022. Mesmo com um aumento grande no aluguel, o custo de ocupação do lojista (aluguel/venda) continua em um patamar saudável de 10,0% (+0,5p.p. a/a e +0,9p.p. vs 4T19). Tão saudáveis, que a taxa de inadimplência caiu para -0,3% (-1,3p.p. t/t), incentivada pela recuperação de pagamentos não realizados no prazo.
As vendas nos shoppings da Aliansce Sonae alcançaram R$3,4b no trimestre, muito próximo do valor registrado no 4T19. Mesmo com uma variação quase nula em comparação com o período pré-pandemia, entendemos que esta recuperação é muito positiva, principalmente quando consideramos que o nível de vendas/m² teve um crescimento de ~8% no período.
A companhia apresentou um aumento de custos com impacto no caixa de 10,4% a/a, em linha com o aumento da inflação no período. Já os custos totais tiveram uma queda de 8,2% a/a em vista de uma PDD (provisão) mais baixa no trimestre, impactando positivamente as margens líquida e EBITDA. As despesas de G&A apresentaram um aumento de 14,6% a/a, o que foi relativamente baixo considerando a inflação e o retorno das atividades a um nível mais próximo da normalidade. Comparando o ano fechado de 2021 com 2019, as despesas de G&A tiveram um aumento de apenas 4,6%, resultado das sinergias da fusão entre a Aliansce e Sonae Sierra. Ainda, no trimestre, houve um impacto positivo nas margens pela venda do Via Parque Shopping.
A Aliansce fechou o ano com um nível de Dívida Líquida/EBITDA de apenas 1.0x (vs. 1,4x no 3T21), o mais baixo dentre as companhias listadas. Mesmo assim, o aumento da taxa de juros impactou negativamente o resultado financeiro da companhia, que possui dívidas atreladas ao CDI (~73% da dívida total) e ao IPCA (~9% da dívida total). Em suma, o resultado financeiro teve um salto para R$70m (+102,4% a/a).
Sendo negociada a um P/FFO 2022E de 12,0x, entendemos que a Aliansce Sonae é a empresa de shopping listada mais descontada na bolsa, mesmo possuindo o menor endividamento dentre as companhias, boa performance operacional e grande capacidade de crescimento orgânico e inorgânico. Dessa forma, reiteramos a nossa preferência pela companhia e nossa recomendação de Compra dos papéis.