O resultado do 1T22 de Aliansce Sonae não veio tão animador quanto o de Iguatemi e Multiplan. A noção de que empresas com portfolio de padrão mais elevados devem apresentar resultados melhores ao longo de 2022 já é bem disseminada. Mesmo assim, a performance operacional da Aliansce (que não divulga prévia) foi superior à de brMalls e, aliado a custos e despesas muito controlados, esperamos uma reação positiva do mercado – que entendemos ter balizado as expectativas com base na prévia operacional de brMalls.
As vendas no trimestre apresentaram crescimento de 9% quando comparado ao 1T19, fortemente impactada pelos efeitos da Ômicron em janeiro (+4%), mas com boa recuperação em fev (+13%) e mar (+13%). Do lado dos aluguéis, houve um aumento da receita em 28% vs 1T19 e SSR crescendo 39% no mesmo período, demonstrando que a Aliansce Sonae está conseguindo repassar parte do IGP-M. A diferença entre o aumento de aluguel e vendas implicou em um custo de ocupação mais elevado de 12,4% (+2,4p.p. t/t, -1,7p.p. a/a), mesmo assim a taxa de ocupação aumentou para 96,6% (+0,1p.p. t/t, +1,4p.p. a/a), contrário ao efeito sazonal de saída dos lojistas após os feriados de fim de ano, que, na nossa visão, indica que o patamar de custo de ocupação ainda está saudável. No entanto, entendemos que este custo para o lojista deve reduzir para níveis próximos do histórico entre 10% e 11% com a recuperação das vendas.
Quando comparado a 2019, os custos operacionais do shoppings apresentaram uma queda de 18,6% além de uma queda de 3% nas despesas G&A, mostrando o efeito positivo das sinergias da fusão da Aliansce com a Sonae Sierra, que superou a inflação no período. Com esta redução em custos e despesas, a margem NOI no trimestre ficou em impressionantes 89,4% enquanto a margem FFO Ajustada ficou em 44% (AFFO de R$ 112m e R$ 174m de geração de caixa operacional), possibilitando uma diminuição da alavancagem (que já era a menor do setor) para 0,8x EBITDA (queda de R$ 94m da dívida líquida). Apesar de contar com uma alavancagem baixa, a alta da Selic também impactou (menos severamente) o seu resultado, com um aumento de 89% do resultado financeiro recorrente (-R$ 56m). Assim, a ALSO fechou o trimestre com uma margem líquida saudável de 22% e lucro líquido de R$ 56m.
Notamos também que a Aliansce Sonae indicou o número de ações da brMalls em seu balanço, equivalente a ~70m de ações (R$ 655m ao preço de R$ 9,28 no fechamento do trimestre), representando ~8,5% do total de ações em circulação. Temos uma visão positiva quanto à fusão entre a ALSO e brMalls, a qual acreditamos ter grandes sinergias a serem destravadas, conforme citamos em relatórios anteriores.
Considerando o retorno à normalidade, com crescimento de vendas e aumento dos aluguéis e baixo nível de endividamento da companhia (permitindo que a Aliansce saia na frente na consolidação do setor), reiteramos nossa recomendação de Compra para ALSO3 com preço-alvo de R$ 32,00.