Pouco depois de dois anos da fusão da Aliansce com a Sonae Sierra, a nova empresa formada já busca novas oportunidades de consolidação do setor. No final de 2021, a Aliansce Sonae confirmou que buscou a BRMalls para discutir uma potencial fusão, discussão esta que será mais aprofundada em janeiro de 2022. Caso a transação ocorra, a nova empresa seria a maior do setor de shoppings do Brasil, com receita líquida na ordem de R$2 bilhões e com um portfólio de 58 shoppings, totalizando uma ABL de 1,6 milhões de m². Em questão de área, as duas representam quase 10% da área total dos shoppings no país.
Enxergamos a possível transação com bons olhos, uma vez que (i) esperamos grandes sinergias operacionais na transação, com redução das despesas operacionais, (ii) aumento da presença geográfica das empresas, com shoppings em todas as regiões e em 16 estados e no DF, (iii) potencial acelerado de desenvolvimento da plataforma de mídias dada uma base maior de shoppings no portfólio, (iv) menor custo de dívida dado um balanço mais forte e (v) aumento da liquidez das ações, principalmente no caso da Aliansce Sonae. No caso de sinergias operacionais, ressaltamos que ambas as companhias atuam de forma muito similar, com shoppings que atendem as classes B e C.
Sendo negociadas a um múltiplo P/FFO 2022E atrativo de 11,2x (ALSO3) e 11,7x (BRML3), reiteramos nossa recomendação de compra para ambas as empresas.
A título de exemplo, nas tabelas abaixo apresentamos alguns cenários para a possível transação. Para cada cenário, variamos a fonte de financiamento para a transação. Apresentamos desde uma transação completamente via equity até uma que é feita completamente via caixa ou dívida. Uma transação 100% em equity é tal que os acionistas da Aliansce Sonae e da BRMalls receberão ações da nova empresa, enquanto uma transação via caixa ou dívida assume que os acionistas da BRMalls receberão dinheiro em troca das suas ações na companhia. Em todos os casos assumimos um prêmio de 15% em cima do preço atual das ações da BRMalls.
Destacamos em laranja os cenários que acreditamos serem os mais prováveis para a transação, de tal forma que a nova companhia tenha um nível de endividamento sustentável para empresas do setor. Em todos os cenários prováveis esperamos um crescimento do EPS (lucro líquido por ação) dos acionistas da Aliansce Sonae, mesmo assumindo uma sinergia conservadora de R$100 milhões por ano. Para efeitos de comparação, o guidance de sinergias na fusão da Aliansce e da Sonae Sierra em 2019 foi de R$55-70 milhões por ano na data da transação.
Para cada um dos cenários, traçamos também a composição acionária da nova companhia com base na estrutura acionária atual. Nos casos observados, teremos apenas dois acionistas com mais de 5% de participação: a canadense CPPIB e a alemã Cura Brazil. A CPPIB tem sido acionista das redes de shoppings no Brasil desde a onda de IPOs em 2007. Hoje, a canadense é acionista relevante na Aliansce Sonae e na Multiplan, contando também com uma pequena participação na BRMalls.
Os cenários apresentados acima são hipóteses iniciais baseados nas projeções e expectativas da Genial Analisa. Continuaremos a atualizar as nossas expectativas conforme o andamento das conversas entre as empresas e mudanças no ambiente econômico.