A Ambev (ABEV3) vai reportar o seu resultado do 1T23 no dia 04/05, e, neste relatório, vamos apresentar as nossas expectativas para os números da companhia e compará-las às expectativas de mercado.
Não esperamos um trimestre forte em termos de margens, as quais devem seguir pressionadas, em especial nos segmentos internacionais. No entanto, acreditamos que a receita deve apresentar um pequeno crescimento, impulsionada por melhores preços.
A inflação global ainda elevada, o fraco desempenho esperado para as operações internacionais, em especial, para LAS (América Latina do Sul), e o baixo potencial de crescimento da companhia, nos mantém cautelosos com papéis da companhia.
No entanto, ao longo do ano, acreditamos que os custos devem arrefecer, com as principais commodities utilizadas pela companhia em tendência de baixa, o que deve viabilizar uma melhora gradual de margens. Também esperamos uma recuperação dos volumes no CAC e no Canadá.
Além disso, enxergamos que a companhia pode capturar uma parte, ainda que pequena, do market share da Cervejaria Petrópolis, atualmente em Recuperação Judicial. Desta forma, alteramos nossa recomendação de VENDER para NEUTRO, com preço alvo de R$ 15,00.
Prévia 1T23
Analisando o 1T23, esperamos uma receita total de R$ 19,8b, com aumento de 7,4% a/a. Estimamos um EBITDA de R$ 5,7b, com uma ligeira expansão de 3,3% a/a, o que significa que a margem EBITDA irá sofrer uma redução de 1,2 p.p. a/a.
Para o lucro líquido, acreditamos ver uma redução de 15,6% a/a, com um total de R$ 3,0b. Na comparação com o trimestre passado, esperamos ver um lucro menor em 43,4% e um recuo de 12,7% da receita. O EBITDA deve aumentar 19,7%, com uma margem de 28,8%.
No geral, nossas estimativas encontram-se pouco abaixo do consenso. Assim, nossa receita projetada encontra-se 1,0% abaixo do consenso, e nossa margem EBITDA, 1,1 p.p. abaixo. Nota-se que as margens de todos os segmentos devem ser impactados por um alto patamar de SG&A, decorrente de inflação.
A produção de cervejas no Brasil deve seguir apresentando melhores resultados que os segmentos internacionais, com o crescimento de receita sendo impulsionado mais por melhores preços do que por volumes maiores. Em relação a NAB, devemos ver volumes estáveis em relação ao ano passado.
O segmento LAS (América Latina do Sul) continuará prejudicando o consolidado, dado cenário macroeconômico difícil, em especial no Chile e na Argentina, o qual acaba impactando negativamente e de modo considerável, os volumes de vendas.
Já a divisão CAC (América Central e Caribe) deve apresentar uma recuperação de receita, em particular devido a retomada da demanda no mercado da República Dominicana. Em relação ao Canadá, mercado maduro e que trás insights interessantes, também devemos observar uma recuperação de volumes.
Dificuldades no cenário macro global, marcado ainda por um alto patamar de inflação, e um potencial de crescimento limitado, nos mantém cautelosos com a ação. No entanto, a tendência deflacionária do IPCA observada no Brasil já abrange melhoras em relação a inflação no setor de bebidas.
Isto somado a tendência de queda das principais commodities utilizadas pelas companhia (trigo, milho e alumínio), e a possibilidade de ganho, ainda que pequenos, de market share da Cervejaria Petrópolis, nos ajuda a enxergar possíveis melhorias para a companhia.
Assim, elevamos nossa recomendação de VENDA para NEUTRO, com preço alvo de R$ 15,00.