O que aconteceu?
A Cervejaria Petrópolis, detentora de marcas famosas de cerveja como Crystal, Itaipava e Petra, entrou na justiça, nesta terça-feira (29/03/2020), com um pedido de recuperação judicial. O pedido foi realizado em decorrência do vencimento de uma parcela de R$ 105m de uma operação financeira, a qual pode acarretar o vencimento antecipado de toda a dívida (de cerca de R$ 4,4b), impactando negativamente as operações do grupo fortemente e de forma imediata.
Neste relatório, analisaremos os impactos decorrentes disso para o setor de bebidas alcoólicas no Brasil. Na nossa visão, a Ambev (ABEV3) deve ser beneficiada no curto prazo, entretanto, seguimos relativamente céticos com as ações da companhia dado o seu limitado potencial de crescimento. Assim, seguimos com a recomendação de VENDA para os papéis da companhia, com preço-alvo em R$ 13,00.
Quais os impactos?
A Cervejaria Petrópolis já vinha passando por uma crise, marcada pela dificuldade em lidar com custos mais altos, consequência da alta de commodities como trigo, milho e alumínio, e com a crescente taxa de juros, decorrente do aperto monetário em curso no país.
Também já era de conhecimento do mercado que a empresa vinha perdendo market share, enquanto as companhias Ambev e Heineken vinham ganhando nos últimos três anos. Com o anúncio do pedido de recuperação judicial da Petrópolis, as ações da Ambev encerraram o pregão da terça-feira (28/03/2023) com uma alta de quase 5%.
Acreditamos que o processo de recuperação judicial da Cervejaria Petrópolis poderá levar a um ambiente menos competitivo no setor de bebidas alcoólicas do país, à medida que companha deverá focar seus esforços em se reestruturar, a fim de manter suas operações viáveis, ao invés de buscar manter ou ganhar market share de suas concorrentes (sendo as principais, a Heineken e Ambev). Vale notar que, atualmente, o market share da Petrópolis, Heineken e Ambev estão em cerca de, respectivamente, 10%, 21% e 65%.
Imaginamos ainda que há uma possibilidade das operações da Petrópolis serem adquiridas por um player capitalizado do setor, mas que o fato de sua operação de distribuição se sobrepor em relação a demais distribuidores diminui essa possibilidade (sobreposição tornaria uma operação de M&A menos vantajosa).
No curto prazo, vemos a Ambev sendo beneficiada e o mercado aumentando suas expectativas com a companhia, dada a possibilidade de ganho de market share. No entanto, acreditamos que, no longo prazo, o cenário ainda segue incerto e o potencial de crescimento da empresa é relativamente limitado.
Sendo assim, nossa tese sobre as ações da Ambev permanece, e, desta forma, reiteramos a recomendação de VENDER com preço-alvo de R$ 13,00 para os papéis da companhia. Confira nosso relatório sobre os resultados do 4T22 para entender melhor nossa visão sobre a empresa.