Passado um final de ano fraco para o varejo, com desempenhos tanto na Black Friday como no Natal abaixo do esperado (saiba mais aqui), o setor deve se concentrar na Páscoa – principalmente quando pensamos no segmento de varejo alimentar (Supermercados, Hipermercados e Atacarejos).
A Páscoa é a sexta data comemorativa mais relevante do calendário do varejo nacional. A venda de produtos e itens festivos tende a impulsionar o faturamento do setor no período que antecede o feriado.
Com o chocolate e o bacalhau se consolidando como dois dos itens mais tradicionais do evento, o segmento de varejo alimentar acaba sendo o principal beneficiado pela data comemorativa, ainda que a compra de itens presenteáveis também movimente o faturamento de outros segmentos durante o período.
A CNC (Confederação Nacional do Comércio) antecipa um volume total vendido de R$ 3,4b durante a Páscoa deste ano – uma alta de 4,5% em relação à 2023, já descontada a inflação do período. A previsão indica o quarto ano seguido de crescimento de vendas, atingindo um patamar recorde de faturamento.
Impacto no varejo alimentar. A Páscoa deve ser um catalisador positivo para o varejo alimentar. Acreditamos que o período festivo tem o potencial de impulsionar o faturamento do setor tanto por (i) maiores volumes de venda, quanto pelo (ii) preço dos itens típicos – dado o aumento de itens da cesta nos últimos 12 meses.
Figura 1: Cotação do Cacau (USD)
(i) Maiores volumes de venda. Frente a melhores condições financeiras das famílias, esperamos um aumento em termos de volume em relação à 2023. Segundo dados do IBGE, o Brasil encerrou o ano passado com a menor taxa de desemprego média desde 2014. Em nossa visão, a melhora dos indicadores de emprego, aliada a uma inflação “sob controle”, redução do custo de crédito e menor comprometimento da renda das famílias, geram um ambiente mais favorável para o consumo de itens festivos.
(ii) Preço dos itens típicos. Com o recente aumento de preço da categoria alimentar, o segmento passou de um cenário de deflação alimentar (-0,52% a/a em dez/23) para uma inflação de 1,8% a/a em fev/24.
Segundo as nossas estimativas, o preço dos itens típicos de Páscoa deve ficar 5,7% mais caras este ano. Entendemos que a variação anual deve ser a mais suave em quatro anos, em função de um nível recorde de importações de produtos, queda de preços internacionais e valorização do real ante o dólar.
Páscoa antecipada. O domingo de Páscoa de 2024 será no último dia de março, diferente dos últimos anos quando o feriado ocorreu nas primeiras semanas de abril. Apesar de esperarmos maiores volumes de vendas no período, entendemos que esse efeito calendário pode impactar nosso cenário base de expectativa para o período, uma vez que, no geral, os trabalhadores recebem o salário até o 5º dia útil do mês de abril.