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    Publicado em 18 de Julho às 19:40:33

    Varejo de supermercados | O que esperar do ASAI3, CRFB3 e PCAR3 no 2T22?

    Papéis higiênicos com menos rolos, menos batatas fritas no saco, Pringles de 165 g (ao invés de 200 g). A esta altura do campeonato, ao passar 5 minutos em qualquer supermercado você já deve ter notado que as embalagens dos produtos estão menores. Essa é uma prática conhecida como “shrinkflation”, algo que pode ser traduzido como “reduflação”.

    Basicamente, o preço de compra permanece o mesmo, mas o custo por unidade aumenta. Essa é uma das formas que os fabricantes de alimentos encontram para repassar o peso da inflação.

    Seja na diminuição das embalagens ou preços mais caros, as contas de supermercado mais altas continuam a atormentar o bolso do consumidor brasileiro. E não apenas no Brasil, a inflação já mostrou ser um fenômeno mundial.

    Apesar de uma retração na difusão do IPCA em junho, o poder de compra do brasileiro continua, em grande parte, comprometido com os maiores custos com energia e alimentação. Segundo o índice IPCA fornecido pelo IBGE, em apenas 12 meses, o subitem “alimentação no domicílio” acumulou alta de 16,71% em junho de 2022, um número bem acima do índice geral (11,9%).

    Com poder de precificação e proteção à inflação, o varejo de supermercado deve apresentar um forte crescimento no volume de vendas nesse trimestre, principalmente quando olhamos para o modelo de atacarejo (Atacadão e Assaí).

    Apesar do maior faturamento, esperamos que a dinâmica para o trimestre seja de “guerra de preços”. Isso significa que veremos margens ainda pressionadas, com as varejistas investindo fortemente em itens promocionais.

    Reiteramos o Assaí (ASAI3) como nosso top pick do setor, com preço-alvo em R$ 19. Mantemos o Grupo Carrefour com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 22 e o Grupo Pão de Açúcar em manter e preço alvo de R$ 28.

    Carrefour (CRFB3)

    O Grupo Carrefour será a primeira grande varejista a divulgar seus resultados nesse 2º trimestre, no dia 26 de julho, após o encerramento do pregão.

    Vale a pena relembrar…

    Em junho, o Grupo Carrefour fechou a aquisição do Grupo BIG e neste 2º trimestre já veremos a empresa reportar um número com as operações já consolidadas. Se você perdeu esse fio da história, escrevemos este relatório sobre o tema.

    Atacadão

    Diante do cenário inflacionário persistente, esperamos que o braço de atacarejo do grupo continue a se apresentar como a grande estrela do grupo. No trimestre, o Atacadão abriu 6 novas lojas e, portanto, totaliza 26 unidades em estágio 1 de maturação (<12 meses).

    Fonte: Grupo Carrefour.

    Neste 2º trimestre, estimamos que o faturamento líquido do Atacadão cresça a duplo dígito alto, atingindo R$ 16,0 b (+25% a/a, +17% t/t). Esse forte crescimento deve ser impulsionado por alguns eventos importantes ao longo do período como o dia A (aniversário de 60 anos do Atacadão em abril) e a semana do consumidor em junho.

    Deveremos ver também um aumento do fluxo B2B ao longo de junho, atraído por promoções específicas para este público.

    E falando em promoção, essa palavra “mágica” deve ser quente no último trimestre, impactando negativamente a margem bruta do segmento de atacarejo. Estimamos que ela deve retornar às margens históricas (14%~15%).

    A dinâmica deve seguir para a margem EBITDA, onde projetamos uma queda de 10 bps a/a, em 6,7% nesse trimestre. Reunimos nossas expectativas para o segmento de atacarejo na tabela abaixo.

    Varejo (hiper, super e proximidade)

    Para analisar o braço de varejo do Grupo Carrefour, é interessante segmentá-lo entre varejo alimentar e não alimentar.

    O varejo alimentar deve ter mais um trimestre de forte recuperação de volumes, mesmo diante do ambiente persistentemente inflacionário.

    Por outro lado, o varejo não alimentar deve seguir enfrentando dificuldades no curto prazo. Esperamos que Bazar e Têxtil sigam como destaque positivo no segmento, por outro lado, as vendas de produtos eletroeletrônicos devem registrar SSS de duplo dígito negativo.

    Em relação à margem bruta, estimamos um ganho de 10 bps ano contra ano, a 24,2%. No entanto, a margem EBITDA deve sofrer forte pressão na comparação anual. Esperamos uma queda de 110 bps a/a.

    Porém, se olharmos para uma base trimestral, devemos ver uma recomposição de margem (aquela visão de “copo meio cheio”). Reunimos nossas expectativas para o varejo consolidado (ex gasolina) abaixo.

    Grupo Pão de Açúcar (PCAR3)

    O Grupo Pão de Açúcar (GPA) irá divulgar seus números do 2T22 após o encerramento do pregão de 27 de julho, um dia após o Carrefour. Vamos olhar nossa expectativa dividindo pelas suas duas operações: Brasil e América Latina.

    Fonte: GPA

    GPA Brasil

    No começo do ano houve uma redistribuição de centros de distribuição (CDs), de forma a ajustar a malha logística após a venda de suas unidades de hipermercados. Em abril a maioria das operações dos CDs já foram normalizadas.

    Para o 2º trimestre, o GPA realizou 9 conversões: 3 do Pão de Açúcar, 4 do Mercado Extra e 2 do Compre Bem. A maioria das operações foi feita no final de junho, ou seja, o impacto nas vendas no 2T22 deverá ser mínimo.

    Em relação às vendas no trimestre, esperamos um crescimento anual de 4,2% de receita líquida, faturando R$ 4,1 b no período. O número deve ser impactado positivamente por um maior fluxo devido à Páscoa e ao carnaval fora de época.

    Apesar do crescimento da receita, estimamos que os custos crescerão mais, com o GPA Brasil investindo em preço (itens promocionais). Estimamos uma pressão de 120bps na margem bruta, em uma comparação ano a ano.

    A pressão da margem bruta deve vir para margem EBITDA. Esperamos que os ganhos sobre um melhor controle nas despesas deve ser compensado pela pressão dos custos. Estimamos uma margem de 7,7%, em linha com a apresentada no 1º trimestre deste ano.

    Grupo Éxito

    A sazonalidade é extremamente positiva para as operações da América Latina. Diferente do Brasil, o dia das Mães e dos Pais acontecem ao longo do 2º trimestre, o que é favorável principalmente para o desempenho da linha não alimentar.

    Vale lembrar que durante o 2º trimestre de 2021 as operações do Grupo Éxito estiveram mais restritas por conta da pandemia, e também houveram fechamentos de lojas devido a manifestações públicas contra a mudança da alíquota de IR para pessoa física. Somando esses dois fatores exógenos, a companhia navega sobre uma base comparativa mais “fácil” de se bater, ano contra ano.

    Mesmo com uma desvalorização do nosso câmbio, estimamos um crescimento de quase 12% na receita líquida do Grupo Éxito, faturando R$ 5,9 b no período.

    Em relação às margens, estimamos um aumento de 30 bps na margem bruta, ano contra ano. Para a margem EBITDA, um melhor controle de despesas somado ao ganho da margem bruta deve trazer uma alta de 170 bps, atingindo 8,8% no período.

    Assaí (ASAI3)

    O Assaí divulgará seus resultados do 2T22 no mesmo dia que o GPA, 27 de julho, após o fechamento do mercado.

    Fonte: Assaí.

    O Assaí abriu 4 lojas orgânicas ao longo do trimestre. Não houve nenhuma conversão neste trimestre.

    Assim como o GPA, a varejista foi impactada positivamente pelo Carnaval e pela Páscoa, ocorridos atipicamente no mês de abril. Estimamos um crescimento anual de 30,6% na receita líquida deste trimestre.

    Com um aumento de competição no setor e uma demanda mais elástica, o investimento em campanhas promocionais ficou mais atrativo. Como consequência, devemos ver um impacto na margem bruta, de forma que esperamos uma redução de 40 bps em relação ao 2º trimestre do ano passado (em resultado pro forma, ou seja, sem contar com o crédito fiscal).

    Na linha de despesas operacionais, devemos ver o impacto negativo das 70 lojas de conversão, que já arcam com alguns gastos como limpeza, segurança e algumas contratações, ou seja, despesas pré-operacionais.

    Carregando já uma pressão nos custos, esperamos que a margem EBITDA recue 80 bps, ano contra ano, a 7,1%.

    Na parte de resultado financeiro, nesse último trimestre vimos uma nota promissória para vencer. Essa nota foi emitida pelo refinanciamento dos 8b de dívida gerados no Spin off. Dessa forma, o refinanciamento foi feito para alongar o prazo e diminuir o spread do CDI. Vale lembrar que no começo do ano, a empresa captou R$ 3 b, e estão sendo utilizados para CAPEX das conversões de agosto.

    Por fim, para consolidar os acontecimentos esperados no resultado, estimamos um lucro de R$ 279 m, o que representa uma margem líquida 2,1%. Em linha com o discutido acima, vemos uma pressão de 90 bps de margem na comparação anual.

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