Nadando contra maré
Com o resultado dentro do esperado, o lucro contábil da B3 de R$ 1.18b veio praticamente em linha com nossa estimativa de R$ 1.2b e o consenso de R$ 1.15b. O lucro do 3T21 ficou praticamente estagnado, parecido com o 3T20 e 2T21. As receitas também não evoluíram muito nesse período, tendo caído 6,7% t/t e 1,5% a/a. Apesar da B3 estar traçando várias iniciativas para diversificar e expandir receita, a alta da taxa Selic assim como fatores político-econômicos e regulatórios começam a atrapalhar a evolução da volumetria e precificação de alguns produtos.
Gostamos dessas iniciativas de diversificação e expansão de receita da B3, que se bem sucedidas, podem ajudar a bolsa a descolar do índice Ibovespa em momentos de estresse. As mais recentes iniciativas incluem: a aquisição da Neoway, maior empresa de big data e analytics do Brasil; diversos lançamentos de ETFs de criptomoedas; participação ativa para aprovação do voto plural que cria ações com direito a múltiplo votos (super shares) e deve ajudar a conter o crescente número de listagens de empresas brasileiras no mercado norte-americano; investimento na Pismo Holdings, plataforma techfin de processamento de serviços financeiros na nuvem; investimento na Dimensa, empresa da Totvs de softwares de gestão de back-office para empresas do segmento financeiro; expansão do RLP para novos ativos que ajudam as corretoras a lucrar e estimular esses mercados; permissão de listagem de BDR’s de empresas brasileiras, antes proibida.
Do lado negativo, a nossa tese construtiva de B3 vem sendo atrapalhada pelo recorrente crescimento de potenciais litígios, mesmo considerando baixo risco de se materializarem, e um cenário macroeconômico desafiador com eleições presidenciais em 2022. Ainda do lado positivo, a B3 conseguiu marcos importantes, a exemplo do número de investidores PF’s atingir 4m e de CPF’s únicos atingir 3,3m. Portanto, considerando o core bussiness estruturado, estratégia de diversificação e valuation de somente 13,7x P/L21, reiteramos a nossa recomendação de COMPRAR.
Em relação aos segmentos de negócio mais relevante para B3, no 3T21 o volume médio negociado ao dia em listados (ADTV de R$ 31,5b) apresentou um crescimento de 9,6% a/a, mas com queda de 4,9% t/t, já refletindo deterioração do cenário macroeconômico brasileiro. Além disso, a margem de negociação/pós negociação sofreu uma compressão de 0,499 bps a/a, fruto das novas tabelas de preços para renda variável, que estabelecem descontos para day traders e grandes não day traders, visando ampliar o volume negociado.
Pontos Positivos:
- Diversificação de receitas. Com aquisições e parcerias, a exemplo da Dimensa e Neoway, e lançamento de novos produtos, acreditamos que a B3 poderá cada vez mais se descorrelacionar das variações da bolsa que norteiam o preço da ação.
- Voto plural. Aprovação do voto plural pode ajudar a conter o volume destinado a IPO’s externos.
- Imposto. Imposto caindo 35% t/t e 4,1% a/a, ajudando a impulsionar resultado.
- EBITDA evoluindo. EBITDA ajustado de R$ 1,9b sobe 8,6% a/a e 3,7% t/t.
Pontos negativos:
- ADTV. Vem caindo t/t em função, prejudicando também avanço das receitas.
- Deterioração macro. Tanto receita quanto volumes vem sendo impactados negativamente pelo cenário mais político-econômico conturbado.