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    Publicado em 18 de Março às 02:44:21

    B3 (B3SA3) | 4T21: Juros Maior, Crescimento Menor 

    O lucro da B3 veio 8,5% abaixo das nossas expectativas e 15% abaixo das estimativas de mercado. O lucro reportado de R$ 1,09b caiu 7,2% t/t e 0,5% a/a. O resultado foi impactado negativamente pela queda de receitas e elevação das despesas. Apesar da continuidade dos altos volumes negociados no segmento de listados, a revisão da tabela de preços e queda na receita média por contrato derivativo fez com que a receita de listados caísse 4,2% a/a. As despesas foram destaque negativo subindo 14,6% t/t e 12,1% a/a. A alta está atribuída a contratações, dissídio de salários, novos projetos de melhoria dos serviços. 

    Com a alta dos juros no Brasil e no mundo, a maior parte dos produtos da B3 sofreram. No curto prazo, o cenário de alta de juros e inflação sofreu uma atenuante piora conjuntural por conta da guerra entre Ucrânia e Rússia. Produtos de bolsa, derivativos, financiamentos, entre outros, são estruturalmente impactados com um ambiente de juros mais altos e pouco crescimento econômico. Os produtos de balcão, principalmente os de renda fixa, que se beneficiam de um cenário de juros mais alto, não tiveram o incremento suficiente para neutralizar o efeito negativo nos produtos acima mencionados. Eventualmente, acreditamos que a atividade econômica volte a patamares mais normalizados do ciclo e que os juros voltem a cair, beneficiando a maior parte dos produtos da B3 e dando continuidade a nossa tese construtiva para a empresa. Desta forma, continuamos positivos com nossa tese de médio-longo prazo. No longuíssimo prazo, existe a possibilidade de bolsas descentralizadas baseadas em tecnologia de cripto (Defis) assumirem papel relevante no mercado de captais, mas ainda temos muitas barreiras de desenvolvimento regulatório para poderem substituir o atual sistema de bolsas reguladas e centralizadas. A B3 vem diversificando suas linhas de receita e investindo em tecnologia (exemplo aquisição da Neoway). Negociando a múltiplos atrativos de 15,5x P/L 2022, reiteramos nossa recomendação de COMPRAR para B3SA3. 

    Receitas: dos males o menor

    A receita total da B3 caiu 4,2% a/a, impactada pelos segmentos Listado e Infraestrutura para financiamentos. O segmento listado de ações e instrumentos de renda variável teve queda de 4,4% a/a. A redução foi fruto da retração de 3,1% nas receitas de negociação e pós negociação de ações decorrente da implementação da nova tabela de preços em fev/21. Em juros e moeda a queda nas receitas foi de 7,6% a/a, refletindo menores volumes negociados de contratos atrelados a taxa de juros e câmbio, e a queda na receita média por contrato (RPC) em 5,3% a/a. A RPC menor é reflexo da maior concentração de minicontratos no total negociado, que possuem uma taxa maior. 

    Infraestrutura para financiamento teve queda de receitas de 12,7% em função da queda de veículos vendidos e cenário macroeconômico menos favorável à financiamentos. A diminuição dos veículos vendidos está atribuído a falta de peças na indústria e alta inflação no setor. O volume de veículos vendidos caiu 18,2% a/a e 11,4% t/t.  

    Excluindo o efeito não recorrente da reversão de provisões no 4T20, a receita de B3 teria ficado estável a/a. O cenário macro contribuiu para as receitas, tendo em vista que a alta inflação, receio da nova variante do coronavírus e risco de crise energética mantiveram a volatilidade do mercado elevada. O ADTV de ações ficou estável t/t e a/a. 

    Despesas: pressionado pelo macro

    As despesas cresceram 12,1% a/a, impulsionadas pelas despesas de pessoal e de processamento de dados. As despesas de pessoal cresceram 18,5% dado dissídio de salários impactado pela inflação e novas contratações. Já as despesas de processamento de dados tiveram aumento de 34,6% devido a projetos de melhoria dos serviços e aumento da capacidade e desvalorização cambial. 

    Resultado financeiro: contribuição da selic 

    O resultado financeiro ajustado pelos efeitos de hedge cresceu 20,8% t/t. No comparativo anual, o resultado financeiro saltou de menos R$ 6,3m para R$ 109,1 positivos. As receitas financeiras cresceram 478% a/a e 53,5% t/t, dado aumento das taxas de juros. As despesas financeiras avançaram 337,4% a/a e 56,5% t/t. A variação anual pode ser explicada principalmente pelo aumento do endividamento após emissão de debenture de R$ 3b e bond de US$ 700m em mai/21 e set/21. 

    Imposto: empurrãozinho no lucro

    A alíquota efetiva menor contribuiu para o crescimento de lucro a/a e reduziu impacto do resultado operacional mais fraco em comparação ao 3T21. O imposto caiu 30%  a/a e 8,4% t/t em função da distribuição de juros sobre capital próprio no montante de R$ 302,3m.  

    Olhando para frente: 2022 começa pressionado 

    Os dados operacionais para B3 começaram 2022 sob pressão. O volume financeiro diário de ações caiu 17,1% a/a em janeiro e fevereiro. O volume médio diário de juros, moedas e mercadorias também tiveram queda de 32% e 10,5% em janeiro e fevereiro, respectivamente. O total de veículos vendidos acentuou a queda em relação ao 4T21 com redução de 25,1% e 26,2% a/a em janeiro e fevereiro.  

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