A B3 reporta o resultado do 1T23 nessa quinta-feira após o mercado fechar. Estimamos um lucro contábil de R$ 1,03b para a exchange, aumento de 2,9% t/t, mas com uma queda de 6,2% a/a. Apesar da queda de 7,16% do Ibovespa no 1T23 com uma redução de 22,1% t/t e 18,8% a/a no ADTV para R$ 26,2b, na nossa avaliação, o lucro relativamente estável nos parece uma leitura positiva, realçando avanços da empresa na diversificação de receitas.
Estimamos uma receita líquida de R$ 2,2b, cedendo apenas -2,5% t/t e -1,5% a/a. Lembrando que a B3 divulga antecipadamente os números de volume (ADTV) e receita por contrato (RPC), deixando pouca margem de erro nas nossas estimativas de receita. Esse resultado aliado a um melhor nível de despesas e um resultado financeiro mais normalizado deve contribuir positivamente para o pequeno avanço no lucro de 2,9% t/t a despeito da queda substancial no ADTV. Para 2023, estimamos um lucro de R$ 4,4b, crescendo 5,7% em relação a 2022, por conta de receitas mais resilientes (reflexo de uma melhor diversificação), despesas relativamente sob controle, e melhoras no resultado financeiro.
Desse modo, continuamos com nossa recomendação de COMPRAR, com preço alvo (PA) de R$ 15,6, leve ajuste em relação ao antigo de R$ 16. Além da dinâmica operacional, acreditamos que a empresa está negociando em patamares atrativos de 15,5x P/L 23E, 14,4x P/L 24E e 10,6x EV/EBITDA 23E, negociando bem abaixo de seus pares globais. Eventualmente, com a queda dos juros em algum momento, o valuation pode se beneficiar de um re-rating de múltiplo, com melhora de volume em vários produtos da B3 e aumento de número de investidores na B3.
Receitas
Esperamos uma pequena queda na receita bruta de -2,6% t/t e -1,6% a/a. No trimestre, vemos como principal detrator o segmento de ações mais fraco, com queda no volume financeiro médio diário (ADTV) de -22,1% t/t e -18,8% a/a. Acreditamos que a maior diversificação contribuirá para compensar essa queda. Em 2023, acreditamos que será um ano difícil para o mercado de bolsa diante ao cenário macroeconômico conturbado, mas que deve ser compensado pelo crescimento em outras linhas, como os segmentos de balcão e dados.
Despesas
Esperamos de esperarmos uma queda de 8,8% t/t, projetamos um aumentando 4% a/a. As despesas devem melhorar sequencialmente, principalmente pela saída dos não recorrentes, que no 4T22 impactaram as despesas em R$ 37,4m. Além disso, existe uma sazonalidade de final de ano referente a maiores despesas de pessoal e de tecnologia. Para 2023, esperamos crescimento de 5,8%, abaixo da nossa projeção de inflação em 6,5%, consequência de programas de eficiência adotados pela companhia.
Resultado Financeiro
Vemos o resultado financeiro crescente, chegando em R$ 90m. O nível elevado de juros e caixa robusto no balanço devem contribuir para um crescimento de 83% t/t mas com uma queda de 61% a/a, pois no 1T22, o resultado financeiro se beneficiou de ganhos R$90,1m com o hedge cambial, juros subindo rapidamente e maior nível de caixa (R$ 18,5b no 1T22 vs. R$ 14,9b no 4T22), consequência da emissão de debêntures e bonds, assim, auferindo de um bom resultado financeiro que afetou a base comparativa a/a. Para 2023, acreditamos em uma taxa de juros se mantendo-se em 13,75%, que deve contribuir positivamente para o avanço do resultado financeiro.