Os dados operacionais da B3 reportados até agora, já mostram que 2024 pode ser um ano fraco de volume financeiro negociado (ADTV). O 1T24, apresentou queda de -10,5% a/a no ADTV, atingindo R$ 23,4b. No entanto, esperamos que com a queda da Selic e melhora do cenário macro global, pode ocorrer uma recuperação ao longo do ano, mas ainda assim estimamos uma contração de -3,7% a/a para o ADTV em 2024.
Para o 1T24, esperamos que o lucro líquido fique em R$ 1,02b (+11,5% t/t e -6,3% a/a), beneficiado trimestralmente pela redução dos níveis de despesa, já que no 4T23 houve uma antecipação que elevou a linha custos. Já a contração anual, deve ser ocasionada por menores receitas devido ao fraco desempenho do segmento listados, aumento das despesas operacionais, em parte pelo programa Desenrola e menor resultado financeiro, ocasionado pelo aumento das despesas financeiras com a 7ª emissão de debêntures.
Para 2024, estimamos um lucro líquido de R$ 4,7b (+14,0% a/a), beneficiado principalmente por um menor nível de despesas (-13,4% a/a), devido ao fim da amortização de ativos intangíveis a partir do 2S24.
Além do valuation atraente, nossa tese de maior penetração dos produtos da B3 no mercado brasileiro por conta da redução da taxa de juros permanece válida no longo prazo, mas reconhecemos que tanto o cenário local quanto internacional vêm se deteriorando ao longo do ano, jogando contra nossa tese de investimento.
Apesar de acreditarmos que o ano não deve ser muito animador, acreditamos que as ações da B3 já estão de certa forma precificadas, negociando apenas 14,0x P/L 24E, enquanto os pares internacionais negociam próximo de 20x P/L 24E. Reiteramos nossa recomendação de COMPRAR, mas com redução do preço-alvo de R$ 17,10 para R$ 13,80 (upside de +26%), refletindo o aumento recente da curva de juros americana e o momentum menos atrativo para a companhia.
B3 (B3SA3) | 1T24: Listados em níveis fracos
RECEITAS: Estável, impactada negativamente por listados
Para o 1T24, esperamos que a receita bruta fique relativamente estável na comparação anual e trimestral (-0,8% a/a e -2,1% t/t). Olhando para a composição da receita, vemos o segmento de listados sendo mais impactado, devido ao baixo volume negociado (ADTV) e turnover (giro de carteira), assim, esperamos uma contração de -6,6% t/t e -13,9% a/a. Por outro lado, esperamos que a linha de tecnologia, dados e serviços deve seguir expandindo (+5,2% t/t e +19,0% a/a), sendo que parte da melhora anual é pela entrada da Neurotech. Além disso, vemos a linhas de infraestrutura para financiamentos com expansão de +5,5% t/t e +46,0% a/a, devido a entrada de receitas extras como do programa Desenrola.
Para 2024, estimamos que a receita bruta cresça apenas +4,5% a/a, impactada principalmente pelo segmento de listados. Para o ano, projetamos um ADTV de R$ 24,98b (-3,7% a/a) com um turnover de 133,3% (-17,8pp a/a) e um menor número de contratos no segmento de futuros. Por outro lado, esperamos um bom desempenho no segmento balcão (+15,0% a/a) e em tecnologia, dados e serviços (+11,9% a/a).
Volume (ADTV) vs. Selic: Início de 2024 com volumes menores que 2023
DESPESAS: Fim da amortização do ágio deve ajudar 2024
Para o trimestre, esperamos que as despesas operacionais fiquem em R$ 925m (-13,7% t/t), devido a normalização após a antecipação de despesas realizadas no 4T23. No entanto, esperamos um aumento de +8,6% a/a, impactado em parte pelo programa Desenrola e Neurotech.
Para 2024, estimamos que as despesas operacionais fiquem em R$ 3,2b (-13,4% a/a), beneficiada principalmente pelo fim da amortização de ativos intangíveis a partir 2S24.
RESULTADO FINANCEIRO: Debêntures deve impactar o trimestre
Para o 1T24, esperamos que o resultado financeiro fique em R$ 70m, uma melhora em relação aos R$ 25m reportados no 4T23, mas pior que os R$ 142m no 1T23 devido a 7ª emissão de debêntures impactar as despesas financeiras do 1T24.
Para 2024, estimamos que o resultado financeiro fique em R$ 340m (+10,1% a/a), beneficiado por melhor geração de caixa impulsionando as receitas financeiras e menores despesas financeiras pela queda da Selic.