Prevemos que a B3 apresente resultados sólidos neste trimestre, com melhorias significativas em várias áreas em comparação ao 1T24, período que sofreu com baixos volumes e aumento de despesas relacionadas ao programa Desenrola. Esperamos uma expressiva redução nas despesas no 2T24, em grande parte devido ao término das perdas por imparidade (impairment) associadas à fusão entre BM&F e CETIP. Estimamos um lucro de R$ 1,23 bilhões, o que representa um aumento de +30,4% t/t e +17,6% a/a. Além disso, o resultado operacional deve mostrar um crescimento próximo a 10% tanto t/t quanto a/a, impulsionado principalmente pelo desempenho positivo nos segmentos de derivativos e balcão.
No segmento listado ações, os dados operacionais do 2T24 apontam uma recuperação no volume médio diário negociado (ADTV), com crescimento de +5,9% t/t, o que deve favorecer o aumento das receitas. Contudo, o ADTV ainda registra uma queda de -11% a/a. O cenário continua desafiador, principalmente devido à alta global das taxas de juros e às incertezas relacionadas ao ciclo de redução de juros nos Estados Unidos, além das preocupações com a situação fiscal no Brasil. Esses fatores seguem exercendo pressão sobre os ativos de risco.
Para o trimestre, projetamos um crescimento de receita de +10,1% t/t e +9,7% a/a, alcançando R$ 2,4 bilhões. Acreditamos que os principais impulsionadores das receitas serão os segmentos de Listados (+16,4% t/t e +6,9% a/a, com destaque para derivativos que cresce robustos +23% t/t e 11,7% a/a) e Balcão (+7,1% t/t e +16,1% a/a). Além disso, o resultado será significativamente beneficiado pelo término das despesas não recorrentes de redução de valor (impairment) relacionadas à fusão entre BM&F BOVESPA e Cetip, levando a uma redução das despesas operacionais de -19,1% t/t e -12,7% a/a, totalizando R$ 750 milhões.
Além dos volumes fracos, outro fator que impactou negativamente o desempenho das ações da B3 foi a perspectiva de maior concorrência com o anúncio de duas novas bolsas: ATG (nome final a ser divulgado) e A5X.
O cronograma da ATG prevê a conclusão de seus novos sistemas até o final de 2024, com testes e ajustes programados para os primeiros nove meses de 2025, e o lançamento do primeiro bloco de operações no 4T25. A nova bolsa oferecerá operações de trade e pós-trading, incluindo produtos como ações à vista, aluguel de ações e fundos. Com um foco em custos reduzidos e uso intensivo de tecnologia, a ATG estima operar com apenas 200 funcionários até o final de 2025.
A A5X, fundada por ex-sócios da XP, recentemente concluiu uma rodada de investimento Série A e projeta iniciar suas operações em 2026.
Em abril de 2024, a B3 também começou a oferecer contratos futuros de Bitcoin. Embora o Volume Diário Médio (ADV) desses contratos seja relativamente baixo, em torno de R$ 51,7 milhões, especialmente quando comparado aos contratos futuros de juros (R$ 6,3 bilhões) e câmbio (R$ 913 milhões), acreditamos que esses novos produtos podem se tornar importantes impulsionadores de volume no futuro, especialmente com a possível introdução de contratos para outras criptomoedas e o aquecimento do mercado de criptoativos.
Reiteramos nossa recomendação de COMPRAR para as ações da B3, com um preço-alvo de R$ 13,00, o que representa um potencial de valorização de 21%. Atualmente, a B3 está negociando a um múltiplo P/L de 14x para 2024, enquanto seus pares internacionais são negociados em torno de 20x P/L para o mesmo período.
Volume (ADTV) vs. Cotação: Apesar da B3 ofertar diversos produtos, como derivativos e renda fixa, o preço da ação continua seguindo o ADTV de ações
B3 (B3SA3) | Prévia 2T24: Forte expansão de lucro guiada pela retomada dos volumes e redução das despesas com impairment
Receitas: Boa expansão guiada pela retomada dos volumes
No 2T24, esperamos que as receitas apresentem uma forte expansão de +10,1% t/t e +9,7% a/a, totalizando R$ 2,44b.
Estimamos que a retomada das receitas no trimestre será guiada pela expansão no segmento de listados, com um aumento de 16,4% t/t e 6,9% a/a. Acreditamos que a melhora nos preços será um catalisador importante para os resultados no 2T24. Além disso, o ADTV apresentou um bom crescimento de 5,9% t/t, atingindo R$ 24,78 bilhões, acompanhado por uma significativa melhora no turnover, que aumentou 12,2pp t/t. Esperamos também um bom desempenho no segmento de Balcão, com uma expansão de +7,1% t/t e +16,1% a/a.
Para o ano, entendemos que o crescimento das linhas de receitas deve ficar pressionado, com expansão de apenas +5,1% a/a, devido a nossa expectativa de um volume (ADTV) ainda contido para 2024. A permanência das taxas de juros em patamares elevados deve continuar a restringir a alocação de capital em ativos mais arriscados, como o mercado de capitais em países emergentes, o que tem efeito negativo nos volumes da B3. Do lado positivo, projetamos que o segmento de balcão apresente um desempenho robusto, com um aumento esperado de 16% a/a, assim como a linha de Tecnologia, Dados e Serviços, que deve crescer +11,2% a/a.
Volume (ADTV) vs. Selic: Início de 2024 com volumes menores que 2023
Despesas: Fim da amortização do ágio
Para o trimestre, esperamos que as despesas operacionais fiquem em R$ 750m, apresentado uma forte retração de -19,1% t/t e -12,7% a/a, beneficiadas principalmente pelo fim da amortização de ativos intangíveis (impairment charges) referentes a fusão de BM&F BOVESPA com a Cetip, que resultou na criação da B3.
A combinação das empresas envolveu a junção de grandes portfólios de ativos intangíveis, como tecnologias de software, marcas e relações com clientes. Após a avaliação desses ativos no contexto pós-fusão, ajustes foram necessários para refletir as expectativas de geração de benefícios econômicos futuros desses ativos, levando ao reconhecimento de impairment conforme as estimativas de recuperação desses valores foram revisadas para baixo.
Resultado Financeiro: Piora devido a emissão de debêntures
No 2T24, esperamos que o resultado financeiro apresente fortes quedas de -46,8% t/t e -76,5% a/a, chegando a R$ 24m (vs. R$ 45m no 1T24). A forte queda deve-se à elevação das despesas financeiras devido as emissões de debêntures no montante de R$ 2,55m (7ª emissão – já estava presente no 1T24) e R$ 5,5b (8ª emissão – entrou em mai/24).