Para o 3T24, esperamos que a B3 não mantenha a sequência de crescimento de lucro t/t observada desde o 1T24, dado o enfraquecimento no segmento de Ações à Vista, afetado pela queda nos volumes, mesmo com a diversificação positiva de receitas em outras linhas. Projetamos um lucro líquido de R$ 1,23 bilhões para o trimestre, representando uma queda de -1,1% t/t, mas um aumento de +14,5% a/a. A expansão anual reflete, em grande parte, o fim das amortizações de intangíveis (itens não-caixa); ao ajustar esse efeito, o lucro sobe de forma mais modesta, em +1,7% a/a.
No trimestre, prevemos uma dinâmica de receita mais moderada: enquanto Derivativos deve apresentar um bom desempenho, o segmento de Ações à Vista tende a ser pressionado pelo baixo ADTV e pela ausência das receitas do programa Desenrola (unidade de Infraestrutura para Financiamento). Além disso, o aumento das despesas operacionais deve pressionar ligeiramente o lucro.
Alguns fatores devem ajudar a mitigar essa pressão: a valorização do dólar frente ao real deve impulsionar os volumes de contratos de câmbio, e o trimestre incluirá a contribuição completa da operação de futuros de criptoativos (Bitcoin), favorecendo as receitas de Derivativos. No entanto, o ADTV caiu para R$ 24,2 bilhões (-1,2% t/t e -2,0% a/a), o que deve limitar as receitas de Ações à Vista, e o término do programa Desenrola em maio de 2024 pode reduzir as receitas na unidade de Infraestrutura para Financiamento.
Esperamos um aumento de +4,2% t/t nas despesas operacionais, principalmente em função de investimentos em tecnologia e do dissídio salarial, que deve aumentar os custos com pessoal e encargos. Por outro lado, em termos anuais, projetamos uma queda de -15,8% a/a nessas despesas devido ao término das amortizações não-caixa de intangíveis relacionadas à fusão da Cetip com a BVMF&Bovespa, encerradas no 2T24.
O resultado financeiro do 3T24 deverá ser positivo, revertendo o desempenho negativo do 2T24, com uma expansão de +139,6% a/a, após o impacto das despesas financeiras da última emissão de debêntures.
Para o 4T24, o cenário permanece desafiador. Dados preliminares de outubro indicam um ADTV de R$ 22,4 bilhões, uma queda de -2,8% m/m e -3,6% a/a.
Em 2025, o cenário macroeconômico deve seguir desafiador, com juros altos e incertezas fiscais no Brasil, mas esperamos que a B3 continue a se beneficiar da diversificação de suas receitas, com crescimento em Derivativos, Dados e Renda Fixa. A recuperação nas receitas de Ações também deve ocorrer à medida que o mercado antecipe um ciclo de redução de juros.
Mesmo com um cenário de curto prazo sem grandes catalisadores e a pressão dos juros, reiteramos nossa recomendação de COMPRA para as ações da B3, fundamentada em seu valuation atrativo e no potencial de recuperação da renda variável em 2025. Nosso preço-alvo é de R$ 14,00, representando um upside de 35,8%. Atualmente, a B3 está negociando a um múltiplo P/L de 11,0x para 2024, em comparação com cerca de 20x para seus pares internacionais no mesmo período.
Volume (ADTV) vs. Cotação: Apesar da diversificação para outros segmentos, o preço da ação B3SA3 continua seguindo o volume de ações
B3 (B3SA3) | Prévia 3T24: Retração do lucro t/t deve ser dada pelo menor ADTV em Ações
Receita: Em patamares fracos
No 3T24, projetamos que as receitas apresentem uma leve queda no trimestre (-0,7% t/t), mas com uma expansão anual de +8,8% a/a.
Como destaque positivo, esperamos um bom desempenho do segmento de listados (+3,6% t/t), impulsionado pelo crescimento nas receitas com taxas de juros, câmbio e commodities (+9,1% t/t), impulsionado principalmente por um câmbio mais alto. A vertical de balcões também deve contribuir positivamente (+1,6% t/t), beneficiada pelo aumento nos contratos de derivativos de dólar e bitcoin.
Por outro lado, o ADTV apresentou uma leve retração de -1,2% t/t, totalizando R$ 24,3 bilhões. No entanto, o turnover melhorou, alcançando 142,7% (vs. 138,1% no 2T24). Além disso, esperamos uma queda nas receitas com infraestrutura (-10,7% t/t) e tecnologia (-11,9% t/t), contribuindo para a queda na receita t/t.
Para 2025, estimamos que a receita da B3 continue sob pressão, com uma expansão anual moderada de +12,0% a/a, mas já sendo beneficiada pela contribuição dos novos produtos. Essa expectativa se deve ao cenário desafiador do mercado de equities, marcado por volumes (ADTV) pressionados, em linha com a conjuntura macroeconômica desafiadora no Brasil, com juros elevados e um quadro fiscal deteriorado. No entanto, a perspectiva de manutenção de juros altos pode favorecer os produtos de renda fixa, aliviando parcialmente essa pressão.
Volume (ADTV) vs. Selic: ADTV inversamente proporcional a Selic
Despesas: Aumento pontual no trimestre, mas melhora anual
Para o trimestre, projetamos despesas operacionais de R$ 760m, representando um aumento de +4,2% t/t e uma redução de -15,8% a/a. O crescimento trimestral reflete a expansão das despesas com pessoal (+5,5% t/t), pressionadas pelo reajuste do dissídio, e maior gastos em tecnologia e telecomunicações. A redução anual, por outro lado, decorre principalmente do término das amortizações de ativos intangíveis relacionadas à fusão da BM&F BOVESPA com a Cetip, além de iniciativas da B3 que incluem a simplificação de camadas de gestão e a redução de headcount, com o objetivo de aumentar a agilidade e a eficiência da empresa.
Resultado Financeiro: Forte melhoria
No 3T24, esperamos que o resultado financeiro chegue a R$ 94m, alta anual de +140,2% e revertendo o valor negativo de -R$ 39m no 2T24. A melhora deve ser dada por menores despesas financeiras emitidas pela empresa no trimestre, além de uma taxa Selic mais elevada, contribuindo positivamente para os rendimentos obtidos com caixa.