Os dados operacionais reportados pela B3 referentes ao 4T23 mostram um crescimento de +3,2% t/t nos volumes médios negociados por dia (ADTV), entretanto, esperamos uma redução nas receitas de listados em -2,4% t/t, em decorrência da redução da margem. Esperamos que a receita do trimestre seja compensada pela melhora no segmento de balcão e de infraestrutura para financiamentos, além de um melhor desempenho vindo de dados, levando a receita bruta total para R$ 2,5b (+1,5% t/t e -1,6% a/a). Talvez a maior surpresa negativa no trimestre venha das despesas. Esperamos um aumento nas despesas para R$ 1,07b (+18,4% t/t e +9,4% a/a). Para contribuir, do lado negativo, estimamos uma diminuição no resultado financeiro da companhia para R$ 23m (-42% t/t e -53% a/a). A resultante do combinado, aponta para uma redução no lucro em -11,3% t/t e -5,0% a/a, ficando em R$ 953m.
No entanto, para 2024, prevemos um ano de melhora de lucro, com um total de R$ 5,1b (+24,1% a/a), e melhora de rentabilidade ROE (+1,7pp a/a). Com a queda de juro, acreditamos em uma melhora no desempenho das receitas – beneficiado por um maior ADTV – combinado com um controle das despesas e fim da amortização de impairment (teste de imparidade) relacionados a aquisição da Cetip no 2T24.
Com a perspectiva de redução de juros que cria condições mais favoráveis em diversos produtos da B3, estamos confiantes de que a empresa poderá retomar o crescimento de seus lucros a partir de 2024. Assim, reiteramos a nossa recomendação de COMPRAR. Revisamos nosso preço-alvo de R$ 16,0 para R$ 17,1 (upside de 29,3%), devido a diminuição do risco Brasil e da taxa de juros norte-americana negociando com um desconto substancial em relação aos seus pares globais, a B3 apresenta um valuation atrativo, com um índice P/L de 14,9x para o ano de 2024, comparado a 20,8x nas bolsas globais e 21,1x nas bolsas emergentes.
RECEITAS: Apesar de aumento nos volumes, deve contrair a/a
Para o 4T23, esperamos uma estabilização na receita bruta da companhia (+1,5% t/t e -1,6% a/a), com destaque para a queda de -2,4% t/t (-11,5% a/a) em Listados, refletindo a diminuição de margens, mas compensado pelo crescimento do segmento de Balcão (+14,3% t/t e +23,7% a/a) e dados (12,4% t/t e 15% a/a).
Para 2024, esperamos que a receita bruta cresça em 13,2%, chegando a R$ 11,2b, com expansão de volumes em decorrência dos cortes na taxa de juros. Esperamos o ADTV suba de R$ 25,9b em 2023 para R$ 29,0b em 2024. Lembrando que o recorde foi em 2021 com R$ 33,7b.
Volume (ADTV) vs. Selic: Com a queda da Selic, esperamos uma melhora nos volumes
DESPESAS: Maior t/t
Acreditamos que as despesas operacionais devam avançar significativamente no trimestre (+18,4% t/t e +9,4% a/a), chegando a R$ 1,07b no 4T23, em decorrência de antecipações de despesas para completar o orçamento de 2023 e incorporação da Neurotech.
Para 2024, esperamos uma redução de -7,8% a/a, ficando em R$ 3,4b, como consequência direta das medidas implementadas para otimizar a eficiência operacional da companhia, antecipação de despesas realizadas no 4T23 e encerramento das despesas associadas à amortização de ativos intangíveis a partir 2S24.
RESULTADO FINANCEIRO: Recuperação em 2024
Esperamos uma redução de -42% t/t no resultado financeiro da companhia, impactado pelo aumento da despesa financeira com a última emissão de debêntures.
Em 2024, esperamos que o resultado financeiro cresça 45,1% a/a, ficando em R$ 444m, beneficiado por menores despesas financeiras pela queda da Selic e melhor geração de caixa impulsionando as receitas financeiras.