A B3 reportou R$ 1,05b de lucro líquido, levemente abaixo do consenso e de nossas expectativas (R$ 1,09b). Com uma leve queda de -3,4% t/t e -3,6% a/a, o lucro foi puxado por um resultado financeiro mais fraco e uma alíquota de imposto de 28,7%, 1,4 pp mais alta. A B3 concluiu a aquisição da Neurotech em 12/mai, assim, as demonstrações financeiras começaram a consolidar suas informações (com impacto de + R$ 12,5 na receita e + R$ 12,8 nas despesas, com impacto nulo para o lucro).
No 2T23, o mercado em bolsa foi mais ativo, consequência da melhora do cenário macroeconômico do Brasil com a precificação de futuros cortes na taxa de juros. O ADTV (volume médio de negociações diárias) mostrou sinais de recuperação, chegando em R$ 26,9b (+6,7% t/t e -6,7% a/a).
Apesar de leve queda no resultado, acreditamos que um ambiente de juros mais baixos deva propiciar um mercado de capitais mais pujante. O segmento de ações e instrumentos de renda variável, por exemplo, apresentou uma melhora de receita de 0,5% t/t, por conta de um ADTV mais forte, frente a uma queda de 13,3% t/t vista no 1T23.
O desempenho da maior parte dos produtos da B3 tende a melhorar em um cenário de juros mais baixos. Entendemos que a B3 é um dos principais veículos para surfar o afrouxamento da Selic dentro de nossa cobertura do setor financeiro, inclusive compondo nossa carteira recomendada Top Ações. Os juros futuro 10 anos e a ação da B3 são inversamente correlacionados, como mostram os gráficos abaixo com uma com correlação de -0,6.
Com expectativas de um ciclo de queda de juros e expectativas de uma melhora operacional da B3 para 2024, reiteramos nossa recomendação de COMPRAR com aumento do preço alvo de R$ 15,60 para R$ 17,20. Além disso, acreditamos que a B3 negocia a um valuation atrativo, mesmo após a valorização de 22% desde o início do ano. Atualmente negocia a 17,3x P/L 23E (com benefício fiscal) e 15,4x P/L 24E, abaixo de pares internacionais, que negociam em média a 24,2x P/L 23E e 20,1x P/L 24E.
Novas Iniciativas
Em junho, a B3 anunciou a B3 lançou uma plataforma para emissão, registro e negociação de ativos tokenizados, utilizando a tecnologia blockchain. Em julho, a B3 e a Nasdaq fecharam parceria para desenvolvimento da clearing da Companhia. Também em julho, a B3 anunciou lançamento de sua plataforma em nuvem para negociação de renda fixa. Além disso, a B3 Digitas (subsidiária focada em ativos digitais) anunciou parceria com um banco digital brasileiro para oferta de criptomoedas.
Receita
A receita líquida de R$ 2,5b no tri teve pouca evolução (+0,9% t/t e -0,5% a/a), levemente abaixo do que esperávamos. No geral, todas as linhas de receita vieram com um pouco de crescimento t/t, exceto por Listado, que foi puxado negativamentre por Juros, Moedas e Mercadorias (-3,3% t/t e +4,3% a/a).
Listado. A queda para R$ 1,5b (-1% t/t e -5,9% a/a) foi puxada negativamente por Juros, Moedas e Mercadorias, que apesar de um ADV total (quantidade de contratos negociada diariamente) maior em 6,3% t/t e 49,5%, houve queda na RPC média (Receita por contrato) em 7,3% t/t e 28% a/a, consequência de mais contratos de curto prazo, que possuem uma RPC menor. Essa piora ofuscou o resultado mais positivo de ações e instrumentos de renda variável, que foi puxado por um melhor cenário com ADTV crescente acompanhado de um turnover (giro de mercado) crescente em 7,45pp t/t e 1,19pp a/a para 160,8%.
Balcão. O resultado melhorou em 4,5% t/t e 14,5% a/a, para R$ 365m. O segmento balcão segue melhorando, em função de um cenário positivo para instrumentos de renda fixa. A melhora foi reflexo de um aumento na linha de emissões e de estoque médio.
Infraestrutura para financiamento. A linha melhorou marginalmente em 1,9% t/t e a/a, para R$ 113m. A melhora foi reflexo de um aumento no número de veículos vendidos e financiados, apesar da queda na penetração de veículos financiados em 0,9pp t/t e a/a.
Tecnologia, dados e serviços. A receita de R$ 475m cresceu 3% t/t e 8,4% a/a, reflexo de um aumento do número médio de clientes na utilização de balcão (+1,7% t/t e +9,9% a/a) e no market data (+1,3% t/t e +7,8% a/a), o que compensou a queda de 1,4% t/t do co-location.
Despesas
As despesas somaram R$ 859m (+0,8% t/t e +2% a/a), em linha com o que esperávamos, mantendo-se controladas, abaixo do IPCA do período.
EBITDA
O EBITDA recorrente de R$ 1,63b ficou praticamente estável (+0,3% t/t e -2,3% a/a). A margem EBITDA contraiu -0,2 pp t/t e -1,2 pp a/a, chegando em 73,2%.
Resultado financeiro
O resultado financeiro de R$ 102,8m caiu -27,7% t/t, mas foi melhor que os -R$ 15,3m vistos no 2T22. No 1T23, o resultado de R$ 142m foi impactado positivamente por uma recompra de US$ 53m relativo ao Bond 2031, que gerou um lucro de aproximadamente R$ 40m, caso excluíssemos esse ponto o resultado seria de R$100m, se mantendo estável t/t.