B3

    Ações > Serviços Financeiros > B3 > Relatório > B3 (B3SA3) | Resultado 2T24: Diversificação Segura Lucro, Mas Mercado Ignora 

    Publicado em 09 de Agosto às 02:03:53

    B3 (B3SA3) | Resultado 2T24: Diversificação Segura Lucro, Mas Mercado Ignora 

    A B3 reportou um lucro líquido de R$ 1,24 bilhões no 2T24, com uma expressiva expansão de +31% t/t e +18% a/a, em linha com nossas projeções (+0,4%) e superando o consenso do mercado em 7%. O resultado foi impulsionado pela diversificação de receitas, com destaque para o crescimento nos segmentos de derivativos (juros, moedas e mercadorias), balcão, tecnologia e infraestrutura de financiamentos. A gestão eficiente de custos, juntamente com o término do impairment relacionado à fusão entre BM&F e Cetip, resultou em uma significativa redução das despesas operacionais. Além disso, a empresa anunciou a inclusão de 110 milhões de ações em seu programa de recompra, conforme comunicado em fato relevante, aumentando de 230 milhões para 340 milhões de ações. 

    Em contrapartida, o volume financeiro médio diário (ADTV) do segmento de Ações continuou pressionado neste trimestre, afetado por um ambiente econômico internacional desafiador, marcado pela alta das taxas de juros nos EUA, incertezas quanto ao ciclo de cortes de juros tanto nos EUA quanto no Brasil, e preocupações com a política fiscal brasileira. Como resultado, o ADTV caiu para R$ 23,9 bilhões, registrando uma queda significativa de -11,2% a/a. No entanto, a diversificação de produtos dentro do próprio ADTV de produtos listados evoluiu, com a inclusão de FIIs, BDRs e ETFs, que agora representam 13% do ADTV da B3, ampliando as fontes de receita e mitigando parte do impacto negativo. 

    Receita Bruta: A diversificação das receitas ajudou a mitigar o fraco desempenho do segmento ações  

    No entanto, acreditamos que grande parte desse esforço de diversificação ainda não foi refletido nos preços das ações, que permanecem descontados em relação a seus pares globais. Podemos argumentar que grande parte deste desconto foi influenciado por incertezas em relação aos diversos processos judiciais bilionários, anúncios de novos concorrentes e questões regulatórias desfavoráveis. 

    Receita vs. Ação da B3: Receita descola do desempenho da ação graças a diversificação…  

    ADTV Ação (R$b) vs. Preço das Ação (R$ mm) da B3: … mas o desempenho das ações continua a seguir o ADTV de ações  

    Concorrência Nova: A partir de 2025/2026, o cenário de concorrência no mercado de bolsas de valores no Brasil deverá se intensificar com a entrada de novos participantes, como a ATG e a A5X. A ATG planeja concluir o desenvolvimento de seus sistemas até o final de 2024 e, após um período de testes e ajustes em 2025, pretende iniciar suas operações no 4T25. Por outro lado, a A5X, iniciativa de ex-sócios da XP que já levantou capital em uma série A, visa iniciar suas operações em 2026. 

    Novos Produtos: No 2T24, a B3 avançou com seu cronograma estratégico ao lançar uma nova plataforma para a tokenização de ativos, projetada para facilitar o financiamento de startups e PMEs por meio de crowdfunding. Esta solução permite a tokenização de Contratos de Investimento Coletivo (CICs) e outros ativos durante as captações primárias. Após a emissão, os tokens podem ser negociados em um ambiente similar ao de uma bolsa de valores, com liquidação financeira via PIX. 

    Valuation e Recomendação: Apesar da pressão sobre o ADTV de ações e da iminente entrada de novos concorrentes, acreditamos que as ações da B3 estão sendo negociadas a um valuation atraente de 14x P/L para 2024, comparado aos seus pares internacionais, que estão avaliados em torno de 20x P/L para o mesmo período. Em adição, a ação da B3 proporciona um dividend yield 4,7%. Diante dessa discrepância e do potencial de valorização, reiteramos nossa recomendação de COMPRAR, com um preço-alvo de R$ 14,00, implicando um potencial de valorização de +23%. 

    ADTV Ação (R$b) vs. Selic: Quanto menor o juros, maior o ADTV ações 

    B3 (B3SA3) | Resultado 2T24: Diversificação e o fim do impairment entre BM&F e Cetip

    Fato Relevante: Recompra de ações 

    O conselho de administração da companhia aprovou um aditamento do programa de recompra, alterando o limite de ações a serem adquiridas de 230 milhões para 340 milhões. A quantidade aumentada (110 milhões) representa cerca de 2% do valor de mercado da empresa. 

    Desenvolvimento Estratégicos Recentes 

    Em abril, a B3, em parceria com a B3 Digitas, lançou uma solução de ativos tokenizados para plataformas de crowdfunding. Esse recurso visa facilitar transações subsequentes e aumentar a liquidez em um mercado ainda pouco explorado, especialmente por companhias de menor porte. 

    Em maio, para tornar o ambiente de investimentos mais acessível aos investidores de varejo, a B3 implementou a portabilidade digital para investimentos como ações, FIIs, ETFs e BDRs. Agora, através da Área do Investidor B3, investidores podem transferir seus ativos para contas em outras corretoras de forma simples e digital. 

    No segmento de listados, destaca-se a migração pela primeira vez, em junho, das negociações das ações de uma empresa (Vitru, VTRU3) anteriormente listada nos Estados Unidos para a B3.  

    Em julho, a B3 anunciou o lançamento de três novos índices atrelados ao Ibovespa: o Ibovespa B3 BR+, que inclui BDRs de empresas brasileiras listadas no exterior que atendem aos critérios do índice, o Ibovespa Smart High Beta B3 e o Ibovespa Smart Low Volatility B3, focados em capturar o desempenho de empresas com maior e menor volatilidade, respectivamente, dentro da carteira do IBOV. 

    Receita: Diversificação a favor do crescimento 

    A receita bruta de R$ 2,7b no tri teve uma boa evolução de +10,6% t/t e +10,1% a/a, ficando em linha com nossas estimativas. O desempenho trimestral foi puxado pela expansão do segmento de listados (+12,6% t/t), com destaque para a linha de juros, moedas e mercadorias (+21,6% t/t).  

    Já a evolução anual deve-se ao segmento de balcão (+16,5% a/a), infraestrutura para financiamentos (+33,9% a/a) e tecnologia, dados e serviços (+11,5% a/a). Além disso, acreditamos que o maior número de dias úteis no trimestre beneficiou a composição da receita (63 dias úteis no 2T24 vs 61 dias úteis no 1T24 e 2T23). 

    No trimestre, a Neurotech contribuiu com uma receita R$ 31,5m. Excluindo o efeito da Neurotech que passou a ser consolidada apenas em maio/23, a receita teria expandido +7,5% a/a, totalizando R$ 2,65b. 

    O volume financeiro médio diário (ADTV) de ações e renda variável ficou em apenas R$ 23,9b no 2T24, leve aumento de +1,2% t/t e queda relevante de -11,2% a/a. A queda anual é reflexo da continuidade das altas taxas de juros nas principais economias globais e às incertezas fiscais domésticas, que mantiveram a taxa de juros local elevada. Apesar do volume mais fraco, a margem apresentou uma leve melhora a/a de +0,05bps e leve queda de -0,03bps t/t, ficando em 3,35bps. 

    Listado. A receita atingiu R$ 1,58 bilhões, um aumento de +12,6% t/t e +3,4% a/a. Esse resultado foi impulsionado principalmente pela linha de juros, moedas e mercadorias, que cresceu +21,6% t/t e +10,4% a/a, totalizando R$ 658,9 milhões, refletindo o aumento de volume nos contratos, o que compensou a queda na RPC média total. O cenário de incertezas acabou ajudando o volume de derivativos para hedge e arbitragem.  

    Balcão. As taxas de juros em níveis elevado continuou a fomentar o mercado de renda fixa. A receita chegou a R$ 425,7m, registrando uma boa expansão de +7,6% t/t e +16,5% a/a. O resultado foi puxado pela linha de instrumentos de renda fixa, que evoluiu +10,2% t/t e +19,4% a/a, totalizando R$ 285,5m, refletindo (i) crescimento no estoque médio de instrumentos de captação bancária; (ii) crescimento na receita de distribuição de debêntures; e (iii) aumento na receita do Tesouro Direto.  

    Infraestrutura para financiamento. A receita ficou em R$ 151m, com um forte crescimento anual de +33,9% e leve aumento de +2,0% t/t. O aumento anual é atribuído às receitas da plataforma desenvolvida para o Desenrola (encerrou no final de maio) e pelo crescimento do número de veículos financiados, com a volta da originação de crédito bancário para veículos. 

    Tecnologia, dados e serviços. A unidade teve uma receita de R$ 527,5m (+3,5% t/t e +11,5% a/a). O desempenho foi puxado por (i) tecnologia e acesso (+3,2% t/t e +11,7% a/a), refletindo o aumento do número de clientes do segmento de balcão e correções de preços pela inflação; (ii) dados e analytics (+2,7% t/t e +26,0% a/a), devido a consolidação parcial da Neurotech no 2T23 e maior receita de market data. Além disso, a linha de banco apresentou uma forte expansão de +62,6% t/t devido a maior receita com floating. 

    Despesas Operacionais: Fim do impairment da fusão 

    As despesas operacionais totalizaram R$ 729m, apresentando retração de -21,4% t/t e -15,1% a/a, em linha com as nossas expectativas de R$ 750m. Excluindo os efeitos de Neurotech e do programa Desenrola, as despesas operacionais teriam ficado mais controladas, com um aumento de apenas 2,5% a/a (abaixo da inflação), totalizando R$ 691,6m. 

    A forte retração nas despesas ocorreu pelo fim das despesas com impairment referentes a fusão da BM&F e Cetip, que formou a B3. A combinação das empresas gerou a junção de grandes portifólios de ativos intangíveis e, na medida que as estimativas de recuperação desses valores foram revisadas para baixo, as despesas com impairment foram reconhecidas.  

    Resultado financeiro: Negativo 

    O resultado financeiro ficou negativo em -R$ 38,8m, uma piora significativa em relação aos valores positivos de R$ 45,4m no 1T24 e R$ 102m no 2T23.  

    O montante negativo no trimestre é reflexo da queda das receitas financeiras que ficou em R$ 424m (-4,6% t/t e -2,5% a/a), devido ao menor CDI médio no período e menor saldo médio de caixa. A diminuição no caixa foi influenciada, principalmente, por (i) o pagamento da 1ª série da 5ª emissão de debêntures em maio/24, no valor de R$ 1,6 bilhão, e (ii) a execução do Programa de Recompra 2024/2025 da companhia.  

    Além disso, as despesas financeiras aumentaram em +9,8% t/t e +19,9% a/a, ficando em R$ 428,5m, devido aos custos da liquidação antecipada das debêntures da 2ª série da 5ª emissão e da 6ª emissão, como resultado da 8ª emissão de debêntures no montante de R$ 4,5b. 

    A B3 concluiu sua 8ª emissão de debêntures, levantando R$ 4,5b com um custo mais baixo de CDI + 0,62%. Os recursos foram destinados ao pré-pagamento de emissões anteriores, que não altera o nível de endividamento da companhia.  

    Por fim, houve também efeito negativo das variações cambiais que ficaram negativas em -R$ 34,3m, piora de 294,8% t/t e reversão do montante positivo de R$ 25,3m no 2T23. 

    Lucro antes de Imposto (EBT): Beneficiado pelo aumento das receitas e fim do impairment 

    O lucro antes de imposto chegou a R$ 1,69b, forte expansão de +33,1% t/t e +14,4% a/a. A linha foi beneficiada pela expansão da receita líquida (+10,6% t/t e +10,2% a/a), somado a forte redução das despesas operacionais (-21,4% t/t e -15,1% a/a), devido ao fim do impairment da fusão entre BM&F e Cetip. 

    Imposto: Beneficiado pelo JCP 

    A alíquota efetiva de imposto ficou em 26,4% no trimestre (+1,2pp t/t e -2,4pp a/a), beneficiada em parte pelo pagamento de R$ 280m em JCP. 

    Acesse o disclaimer.

    Leitura Dinâmica

    Recomendações

      Vale a pena conferir