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    Publicado em 23 de Fevereiro às 00:36:06

    B3 (B3SA3) | Resultado 4T23: Despesas pesam no resultado, mas 2024 pode ser promissor 

    A B3 reportou um lucro líquido de R$ 916m, 9% abaixo do consenso e 4% abaixo das nossas expectativas. A redução de 14,8% t/t e 8,8% a/a no lucro reflete um forte impacto nas despesas, que aumentaram em 18,9% t/t e 9,9% a/a. Este aumento foi impulsionado principalmente pela plataforma do programa Desenrola, contribuições relativas à atividade de autorregulação (de pelo menos 2 anos) e provisões para processos em andamento. Por outro lado, as receitas permaneceram praticamente estáveis, com variações de apenas 0,1% t/t e -2,9% a/a, afetadas negativamente pelo desempenho do segmento listado. 

    Acreditamos que boa parte das provisões tenha um caráter antecipatório e que a empresa tenha utilizado essa estratégia para cumprir suas metas de 2023, inclusive atingindo a faixa inferior da projeção. Isso, por sua vez, pode permitir que a B3 controle suas despesas de forma mais eficaz em 2024. 

    No segmento de renda variável, o ADTV (volume médio de negociações diárias) em ações ficou praticamente estável sequencialmente em R$ 25,2b (+2,9% t/t) mas continua com forte contração em relação ao ano passado (-25% a/a). Apesar da ligeira alta de volume (ADTV), a receita apresentou uma leve retração t/t, reflexo de margens menores nos produtos (tabela progressiva de desconto vs volume). 

    No segmento de derivativos listados, o ADV (volume médio diário) totalizou 6,2 milhões de contratos, registrando um aumento de 4,8% t/t e 35,7% a/a. O crescimento foi impulsionado principalmente pelo desempenho positivo dos contratos de taxas de juros em R$.  

    No segmento de balcão, o cenário de taxas de juros mais altas continuou favorecendo os volumes, com um crescimento de +14,3% a/a no estoque de renda fixa e +26,4% a/a no estoque do Tesouro Direto. 

    Para 2024, antevemos um ano de melhoria do lucro e da rentabilidade. Com a queda das taxas de juros, esperamos uma recuperação no desempenho das receitas – beneficiado por um aumento no ADTV de ações e por outros produtos que prosperam com taxas de juros mais baixas – combinado com um controle eficaz das despesas e o término da amortização de impairment relacionada à aquisição da Cetip no 2T24, juntamente com as provisões antecipatórias feitas no ano anterior, acreditamos que a B3 está posicionada para alcançar resultados mais robustos em 2024. 

    Com a perspectiva de redução dos juros que cria condições mais favoráveis para diversos produtos da B3 e redução das despesas, estamos mais confiantes de que a empresa poderá retomar o crescimento de seus lucros a partir de 2024. Assim, reiteramos a nossa recomendação de COMPRAR com preço-alvo de R$ 17,1 (upside de 35%). Vemos as ações atrativas negociando a um P/L de 14,9x para o ano de 2024 (abaixo da média histórica de 18,5x e abaixo das estimativas de seus pares internacionais de 20,9x 24E). Em 2023, o payout ficou em 122%, já para 2024, estimamos um payout de 100% refletindo um dividend yield de 7% 

    Novas Iniciativas: Novos produtos continuam a ser lançados  

    A B3 lançou em janeiro uma nova modalidade de contratos de opções para ações e ETFs, com vencimentos semanais, que tem como objetivo ampliar o número de estratégias disponíveis para os clientes e melhorar a liquidez. Além disso, como parte de seus esforços de modernização tecnológica em parceria com Microsoft e Oracle, a B3 iniciou a operação da Clearing de câmbio com infraestrutura 100% na nuvem em janeiro. Isso permitirá o desenvolvimento eficiente de novos produtos. Em fevereiro, a joint-venture Dimensa (B3 e Totvs) concluiu a aquisição da Quiver, empresa de software para gestão de apólices de seguros, visando expandir seu escopo de atuação e ampliar seu portfólio. 

    Por fim, a B3 anunciou um acordo estratégico com a ACX Holding, uma das principais plataformas globais de negociação de créditos de carbono. O objetivo deste acordo é lançar e operar uma plataforma dedicada ao comércio de créditos de carbono no mercado brasileiro.  

    Receita: Desempenho inferior do segmento de listados ofuscou os resultados positivos dos demais segmentos 

    A receita bruta de R$ 2,5b no tri teve pouca evolução (+0,1% t/t e -2,9% a/a), levemente abaixo do que esperávamos dada a baixa volumetria da bolsa. O destaque negativo do trimestre ficou com o segmento de listados que contraiu -4,7% t/t e -13,5% a/a, mas que foi compensado pelo bom desempenho dos outros segmentos. 

    Listado. A receita ficou em R$ 1,4b (-4,7% t/t e -13,5% a/a), impactada negativamente pela linha de negociação e pós-negociação (-5,1% t/t e -20,5% a/a), refletindo margem menores no período e volumes fracos. A linha de juros, moedas e mercadorias também pesou para a receita no trimestre, apresentando uma queda de -3,6% t/t e -2,1% a/a. 

    Balcão. O resultado melhorou em +6,1% t/t e +14,7% a/a, para R$ 399m. O segmento balcão segue melhorando, em função de um cenário ainda positivo para instrumentos de renda fixa (+7,4% t/t e +15,5% a/a). A linha de derivativos também apresentou um bom desempenho, expandindo +6,9% t/t e +11,9% a/a. 

    Infraestrutura para financiamento. A receita teve um bom desempenho ficando em R$ 153,2m (+29,5% t/t e +38,0% a/a), resultado do aumento nos financiamentos de veículos no período, além das receitas provenientes da plataforma desenvolvida para o programa Desenrola. 

    Tecnologia, dados e serviços. A receita de R$ 522m cresceu +5,4% t/t e +11,5% a/a, puxado pela linha de tecnologia e acesso (+2,1% t/t e +12,8% a/a), refletindo o número de clientes do segmento de balcão como as correções anuais de preços pela inflação. A linha de dados e analytics também apresentou uma boa expansão (+15,6% t/t e +18,3% a/a), refletindo a consolidação da Neurotech, que compensou a menor receita de market data

    Despesas Operacionais: Destaque negativo  

    As despesas somaram R$ 1,07b (+18,9% t/t e +9,9% a/a), em linha com o que esperávamos. Desconsiderando os efeitos da consolidação da Neurotech, as despesas totalizariam R$ 1,05b, um aumento de 7,1% em relação ao 4T22. O trimestre foi impactado negativamente pela linha de processamento de dados (+24,8% t/t), com um total de R$ 170,4m, devido a operação da plataforma do programa Desenrola, inclusão da Neurotech e intensificação do uso de tecnologia em nuvem. Além disso, a linha de serviços de terceiros expandiu 114% t/t, ficando em R$ 47,7m (vs R$ 22m no 3T23). Por fim, a linha “diversas” cresceu +299% t/t, com um total de R$ 112,8m (vs R$ 28m no 3T23), devido às contribuições relativas à atividade de autorregulação para fazer frente às necessidades de caixa dos próximos períodos (em pelo menos 2 anos), além de atualização de provisões relativas à processos em andamento (parte do valor em discussão é atualizado de acordo com o preço de B3SA3). 

    Resultado financeiro 

    No 4T23, o resultado financeiro foi positivo em R$24,5m (-37,3% t/t e -49,5% a/a). A queda trimestral foi impactada por uma redução de 4,3% t/t nas receitas financeiras e um aumento de 5,8% t/t nas despesas financeiras, relacionado à 7ª emissão de debêntures aprovada em set/23. Por outro lado, as variações cambiais contribuíram para o aumento do resultado no trimestre (+R$ 12,4m vs -R$12,1m no 3T23). 

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