BANCO DO BRASIL

    Ações > Bancos > BANCO DO BRASIL > Relatório > Banco do Brasil (BBAS3) | Resultado 3T23: Rentável, mas quebrando a sequência de crescimento t/t

    Publicado em 08 de Novembro às 23:49:12

    Banco do Brasil (BBAS3) | Resultado 3T23: Rentável, mas quebrando a sequência de crescimento t/t

    O Banco do Brasil registrou um lucro de R$ 8,8b no 3T23, interrompendo a sequência de crescimento trimestral e ficando abaixo das nossas estimativas e do consenso do mercado em -2% e -3% respectivamente. No entanto, o resultado permanece sólido, com um Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE) elevado, atingindo 20,8%. Isso coloca o Banco do Brasil em um nível semelhante ao Itaú e consideravelmente à frente do Santander e Bradesco em termos de rentabilidade.

    No entanto, o trimestre foi afetado negativamente devido à necessidade de fazer provisões adicionais para os créditos problemáticos relacionados à Americanas, resultando em um aumento de R$ 507 milhões nas despesas de provisões para devedores duvidosos (PDD). Caso não fosse pelo impacto causado pela varejista, acreditamos que o Banco do Brasil teria potencial para apresentar o maior lucro entre os grandes bancos, competindo diretamente com o Itaú pelo título nesse trimestre.

    Por outro lado, o banco registrou um aumento de 3,5% t/t na margem financeira, impulsionado pelo crescimento nas carteiras de crédito e tesouraria. As receitas provenientes de prestação de serviços também apresentaram crescimento (+4,6% t/t), destacando-se a administração de fundos, produtos de seguridade, consórcios e mercado de capitais.

    Até setembro de 2023, o lucro acumulado alcançou R$ 26,1 bilhões, alinhando-se com a o meio do intervalo do guidance de R$33b a R$37b de lucro total em 2023. A nossa expectativa é encerrar o ano com um lucro próximo a R$ 35 bilhões, dos quais R$ 9 bilhões são previstos para o último trimestre.

    Para 2024, projetamos uma manutenção da rentabilidade robusta, embora com uma desaceleração no crescimento do lucro após um crescimento de 11,4% a/a em 2023E e 51% a/a em 2022. Estimamos um lucro de R$ 38,4 bilhões (+8,5% a/a) e um ROE de 20% em 2024. Essa desaceleração será influenciada principalmente por um crescimento mais lento da margem financeira (NII), alinhado com um menor crescimento da carteira de crédito. Entretanto, nossa expectativa é de que as provisões não aumentem em comparação com 2023, beneficiadas por uma menor inadimplência.

    Os múltiplos do banco ainda estão em níveis muito atrativos, negociando a apenas 3,85x P/L para 2024E e 0,83x P/VP para 2023E. Portanto, reiteramos nossa recomendação de COMPRA, com um preço-alvo para o final de 2024 em R$ 64,9, representando um upside de 25,6%, e um dividend yield interessante de 10,39% 24E.

    BB (BBAS3) | 3T23: Rentabilidade continua nos 20%

    Carteira de crédito

    A carteira de crédito (visão BACEN) alcançou R$ 946b no trimestre (+2,6% t/t e +9,8% a/a), apresentando uma desaceleração em relação ao trimestre anterior, mas com expansão bem acima dos outros incumbentes. No trimestre, a carteira pessoa física (PF) cresceu 0,7% t/t; pessoa jurídica (PJ) 1,5% t/t e agro 6,0% t/t. Já na comparação anual, a PF variou +7,8% a/a, PJ +6,0% a/a e agro +17% a/a.

    Carteira de Crédito: Plano Safra ajudou a carteira agro

    Receita Líquida de Juros (NII)

    No 3T23, a Receita Líquida de Juros (NII) atingiu R$ 23,7b, com um aumento 3,5% t/t e 21,1% a/a. Destaque para o crescimento de 5,0% t/t nas receitas financeiras, impulsionado pelo aumento da carteira de crédito e dos títulos e valores mobiliários. Do lado negativo, as despesas financeiras cresceram 6,5% t/t, devido ao aumento de 8,5% t/t na captação comercial.

    A Margem com Clientes cresceu 2,3% t/t e 8,4% a/a, impulsionada pela expansão da carteira de crédito, pelo aumento do spread de 8,9% no 2T23 para 9,0% nesse tri, e pela maior quantidade de dias úteis.

    A Margem com Mercado evoluiu +11,8% t/t e +397,0% a/a. O forte crescimento anual é resultado de uma maior taxa Selic média, beneficiando diretamente na remuneração de títulos livres e operações compromissadas, além do crescimento na margem financeira do Banco Patagonia.

    Serviços: Melhora na evolução t/t

    As receitas de prestação de serviços atingiram R$ 8,7b no 3T23, representando um aumento de 4,6% t/t e de apenas 1,7% a/a. No trimestre, o crescimento foi impulsionado positivamente pelas linhas de seguros, previdência e capitalização (+10,6% t/t); administração de fundos (+5,7% t/t); e consórcios (+8,6% t/t). Por outro lado, a linha de serviços teve impacto negativo no trimestre de alguns segmentos como operações de crédito e garantias prestadas (-3,3% t/t); cobrança (-7,9% t/t); arrecadações (-3,0% t/t) e subsidiárias/controladas (-11,5% t/t).

    Provisão e Inadimplência: Piora por conta das Americanas

    As despesas de provisão para devedores duvidosos somaram R$ 7,5b (+4,7% t/t e +66,4% a/a), impactado negativamente pelo provisionamento adicional dos créditos tóxicos de Americanas. Essas operações foram de risco G (provisão de 70%) para risco H (provisão de 100%), resultando em um impacto de R$ 507,4 milhões nas despesas de PDD do período. No 2T23, o mesmo evento já havia afetado o risco de crédito em R$ 338,8 milhões, com as operações migrando de risco F (50%) para risco G (70%).

    Outro ponto de destaque foi a linha de recuperação de crédito, que registrou uma queda de 0,9% t/t e 4,2% a/a, mesmo com o programa Desenrola já em vigor.

    O índice de inadimplência acima de 90 dias (NPL 90+) aumentou 0,08pp t/t, atingindo 2,81%, impactado principalmente pelos créditos tóxicos de Americanas, que também piorou o indicador no 2T23. Excluindo o efeito da varejista, o NPL 90+ teria melhorado t/t, saindo de 2,65% no 2T23 para 2,63% no 3T23. O banco ressaltou que o saldo das operações com a varejista já está 100% refletido no indicador de inadimplência acima de 90 dias, e todas as provisões necessárias foram feitas.

    No trimestre, o BB consumiu um pouco de cobertura, com o índice chegando em 199,1% (-2,2pp t/t), enquanto o índice da indústria aumentou 2,3pp no mesmo período para 182%. Na comparação anual, a cobertura do banco foi consumida em 35,8pp.

    Despesas Administrativas: Despesas com pessoal sob controle

    As despesas administrativas totais atingiram R$ 14,0b, apresentando um aumento de 6,5% t/t e 8,8% a/a. O trimestre foi marcado pelo crescimento em Outras Despesas Administrativas de  15,3% t/t e 12,4% a/a, parcialmente compensados pela compensado pela redução de -1,4% t/t nas Despesas de Pessoal (+5,2% a/a).

    Capital: Ajuda regulatória

    No 3T23, o capital principal melhorou 0,28 pp, atingindo 12,5%, impulsionado principalmente pelo crescimento do lucro (+0,53 pp) e pela nova regulamentação de capital (resolução 229), que liberou mais 0,60 pp. O Índice de Basileia atingiu 16,2% (+0,5 pp t/t e -0,5 pp a/a) e o índice de capital nível I alcançou 14,6% (+0,5 pp t/t e -0,1 pp a/a).

    Acesse o disclaimer.

    Leitura Dinâmica

    Recomendações

      Vale a pena conferir