Participamos do BrasilAgro Day, um evento aos investidores e analistas de mercado. A apresentação durou cerca de 2 horas e a companhia deu maior foco em assuntos estratégicos e menos em resultados quantitativos. Apesar dos desafios enfrentados, a empresa apresenta boas perspectivas de curto e longo prazo. Dado as perspectivas da empresa, estamos otimistas com o futuro da empresa e mantemos nossa posição de COMPRA, com preço alvo de R$ 40,00.
Perspectivas 2023 e adiante
A BrasilAgro possui foco no mercado imobiliário agrícola e busca ser anticíclica. Olhando para 2023, a empresa diz que se encontra em um momento mais vendedor do que comprador, colocando foco no ganho de capital com terras adquiridas no passado e que vem sendo desenvolvidas até hoje. Essa estratégia será implementada porque a companhia pretende se aproveitar de um cenário em que os produtores realizaram vendas das principais commodities agrícolas a preços bastante atrativos, e, portanto, estão capitalizados e procurando investir seus recursos.
Olhando para a estratégia de hedge, a empresa pretende fazer em breve uma compra de fertilizantes no mercado e já realizar travas para a próxima safra, dado que acredita que atualmente os preços dos principais fertilizantes utilizados em suas terras já retornaram a níveis mais atrativos (guerra entre Rússia e Ucrânia causaram forte alta nos preços. Com o arrefecimento da guerra e o melhor nível de oferta no mercado mundial, vimos uma queda nos preços dos insumos), com uma melhora considerável nas relações de troca, as quais estão voltando a serem favoráveis.
Entretanto, vale notar que, mesmo com a melhora observada nas relações de troca, ainda há uma insegurança quanto ao volume de soja produzido (além do risco cambial).
Em relação às principais commodities que impactam os resultados da empresa, a BrasilAgro apresentou as seguintes perspectivas:
- Soja: vem de um período de desabastecimento, com redução de oferta de cerca de 35 mi de toneladas no mercado mundial. Para 2023, a empresa possui perspectiva de que deve haver ainda algum nível de redução na produção brasileira, e uma redução mais brusca na produção da Argentina dado clima menos propício causado pelo fenômeno La Niña, que esperamos que ocorrerá durante 2023.
- Milho: grande volume da produção deve continuar abastecendo o mercado interno. Vale observar que o consumo de milho é bastante atrelado à renda.
- Algodão: segue sendo uma das maiores preocupações da empresa, dado que é uma commodity que tem sofrido quedas acentuadas no preço. Não há perspectiva de reversão deste cenário no curto prazo.
- Açúcar: Brasil deve recuperar o nível de produção, retornando à média histórica.
Nota-se ainda que a empresa se encontra com quase 65% do seu plantio de soja vendido.
A BrasilAgro ainda mencionou que há um crescimento garantido para os próximos dois anos via transformação de área própria e arrendamentos, com foco em área própria dado a forte alta do custo de capital. Também há expectativa de que a empresa consiga atingir uma margem maior do que a observada na última safra. Para os próximos anos, a BrasilAgro espera atingir entre 10-15% de crescimento anual para os próximos anos, através de arrendamentos e desenvolvimento de terras.
Investimentos
A BrasilAgro vem com uma estratégia de investimentos visando melhorar a produtividade de suas terras e consequentemente valorizá-las, maximizando seu retorno. Essa estratégia é composta de investimentos em tecnologia com foco em automação e conectividade, biofábricas nas fazendas, e irrigação.
- Tecnologia: redução de parte de seus processos manuais, aumentando a eficiência de suas operações.
- Biofábricas: Transferência de bioinsumos para uma maior parte de seu portfólio, melhorando a produtividade das fazendas.
- Irrigação: empresa consegue aumentar muito a produtividade de algumas de suas fazendas, permitindo uma segunda safra em fazendas que normalmente não seria possível.
Essas iniciativas têm como objetivo a valorização acelerada de suas terras.
Estratégia Portfólio
A estratégia de portfólio da BrasilAgro, está dividido em 3 principais vertentes, listadas abaixo:
- Internacionalização: espera continuar expandindo e espera ter no máximo 20% de seu portfólio fora do Brasil.
- Culturas diversificadas: conta com aproximadamente 10% de suas áreas com culturas diversificadas e espera manter essa proporção com o objetivo de manter a margem EBITDA por volta de 30%.
- Compra de terras: está focada em diminuir o cronograma de desenvolvimento de terras, portanto, está comprando terrenos com nível de desenvolvimento maior.
Outro ponto que vale mencionar é que a companhia pretende diminuir o cronograma de desenvolvimento de terras, então o foco agora será em terras com nível de desenvolvimento um pouco mais avançado do que a empresa investia no passado.
Perspectiva Terras Agrícolas
Atualmente no Brasil temos 77 milhões de hectares agrícolas e 120 milhões de hectares de pastagem, dos quais 48 milhões tem potencial para ser convertido em terra agrícola. Dos 77 milhões de hectares agrícolas, 6,5 milhões de hectares tem irrigação e ainda há 18 milhões com potencial para ter irrigação instalada. Esses dados mostram que a empresa ainda possui uma grande avenida de crescimento.