A BRF (BRFS3) irá reportar o seu resultado do 4T22 na próxima terça-feira (28/02), e, neste relatório, vamos apresentar as nossas expectativas para os números da companhia e compará-las às expectativas de mercado.
Seguimos bastante conservadores com BRF, por não vermos melhoras no consumo doméstico de frango, suíno e processados, acreditarmos que os custos da companhia devem seguir pressionados (com grãos em patamares altos, prejudicando as margens), esperarmos novas quedas no preço de venda do frango (dado um excesso de oferta), e ainda pela concorrência com a Seara, da JBS, a qual deve seguir forte. Reiteramos nossa recomendação de MANTER, mas com uma redução de preço-alvo para R$ 9,00 devido aos fatores elencados acima.
BRF
Embora estejamos estimando uma melhora na receita total da BRF, acreditamos que os ganhos de margem e de lucratividade devem seguir tímidos, dado a pressão nos custos, ambiente competitivo mais desafiador e preços mais fracos, em especial na Ásia e nas Américas, segmentos que devem apresentar resultados fracos neste trimestre.
Projetamos um crescimento de receita de 8,9% a/a, atingindo um total de R$ 14,9b. Já em relação ao EBITDA, acreditamos que ele deve aumentar 24,0% em relação ao trimestre passado (3T22) e recuar 6,9% em relação ao mesmo período do ano passado (4T21), chegando a R$ 1,6b. Isso irá se traduzir em uma queda de 1,8 p.p a/a na margem EBITDA, chegando a 11,0% no trimestre, o que está um pouco abaixo da expectativa de mercado. Em relação ao bottom-line (lucro líquido), acreditamos que a companhia pode alcançar R$ 145m de lucro no trimestre, valor em linha com a expectativa de mercado e representando uma queda de 85,0% a/a.
Expectativas 2023
O ano começa com um cenário macroeconômico difícil para a empresa, com a inflação de alimentos ainda na casa de double digits, e custos em patamares elevados (devido à alta dos grãos), fatores que devem seguir pressionando as margens. Não enxergamos melhorias relevantes de consumo no Brasil no curto prazo. Observa-se ainda que, no mercado doméstico, a BRF enfrenta a dura concorrência da Seara, da JBS.
Em relação aos mercados internacionais em que a companhia atua, vemos algumas oportunidades a médio prazo para a proteína do frango, concentradas na oferta. Entretanto, no curto prazo, não enxergamos bons movimentos para o frango, e, destacamos ainda, a ameaça da gripe aviária atingir a produção doméstica de frango, em especial após o primeiro caso ter sido confirmado no Uruguai e Argentina. Caso mais casos sejam confirmados em países vizinhos, mas não no Brasil, enxergamos um possível upside adicional a ser capturado pela BRF. Já em relação a proteína suína, enxergamos um cenário de estabilidade.
De forma geral, os custos elevados devem seguir ainda presentes, com grãos em alta, o que se traduz em compressão de margens, em especial nos mercados Halal, Direct Exports e Ásia. A curto prazo, tem-se um cenário de sobreoferta em alguns mercados internacionais, derrubando o preço médio de venda do frango, fator que, combinado a não melhoria nos custos, deve seguir prejudicando a rentabilidade da companhia. Entretanto, a médio prazo (segundo semestre de 2023), acreditamos que possa haver uma leve melhoria nos custos.