Continuamos com a recomendação de MANTER para as ações da CEMIG. Empresa apresentou um forte resultado no trimestre devido a alguns efeitos recorrentes relacionados ao ganho de capital na venda de um ativo (UHE Aliança Energia) e revisão tarifária periódica no segmento de transmissão. Considerando apenas o resultado recorrente, o EBITDA no 3T24 veio razoavelmente ligeiramente abaixo das nossas estimativas e do consenso por questões pontuais (maiores detalhes adiante). Como antecipamos em nosso relatório mencionando a venda da Aliança, imaginamos que os recursos relacionados ao ganho gerado na venda deve ser inteiramente distribuído como dividendos extraordinários (para maiores detalhes, clique aqui – Cemig (CMIG4) | Conversa com Investidores: Bons Detalhes sobre a Operação!). Sendo assim, imaginamos que um dividendo extraordinário de pelo menos R$0,47/ação (rendimento de c. 4,2% se considerarmos o último preço de fechamento)
Com isso, a empresa apresentou um crescimento em suas receitas relevante e manteve certo controle rigoroso sobre os custos e despesas recorrentes. Esse gerenciamento financeiro sólido tem sido fundamental para a geração de um fluxo de caixa robusto e para manter uma distribuição de dividendos interessantes, na faixa de 9~10% ao ano. Já nesse trimestre, a CEMIG anuncionou pagamento de dividendos extraordinários de R$1,4 bilhão ou R$ 0,49/ação, rendimento de 4,4%. Dito isso, seguimos neutros no case da CMIG4, ainda que reconhecendo todos os pontos positivos do case. Vemos a empresa negociando e um múltiplos baixo (5x EV/EBITDA 25E) e rendimentos em dividendos superiores a 10% (principalmente se considerarmos a distribuição extraordinária). Entretanto, considerando os cases de Geração/Transmissão sob nossa cobertura, preferimos manter nossa recomendação na Eletrobras (ELET3). Julgamos um case mais barato e com perfil de risco-retorno mais interessante. Esperamos que o assunto da privatização venha a voltar a tona após as eleições municipais – afinal de contas, Cemig e Celesc permanecem como as últimas estatais do setor elétrico. Como principais riscos a tese, citamos: I) empresa segue com concessões curtas no segmento de geração, II) caso Governador Romeu Zema não eleja seu sucessor, a a gestão da Cemig pode ser radicalmente alterada a depender da plataforma política que vá assumir, III) Federalização do ativo é pouco provável, mas não pode ser totalmente descartada.
Detalhamento dos Resultados
A empresa reportou EBITDA razoavelmente em linha com as estimativas do mercado. A receita líquida da companhia totalizou R$10,2 bilhões, aumento de 7,7% se comparado ao 3T24. Os principais destaques da evolução da receita veio do segmento de distribuição (+12,7% a/a, R$6,7 bilhões), refletindo o impacto do reajuste tarifário do período (+7,3%) e da evolução no mercado consumidor, que cresceu um total de 4,5% a/a e alcançou 12,3 GWh, com destaque para o segmento industrial e rural (+5,6% e +6,4% a/a, respectivamente).
O EBITDA alcançou R$5,0 bilhões no 3T24. Expurgando os impactos não-recorrentes, o EBITDA foi de R$1,8 bilhão. Os principais eventos não recorrentes que levaram o o resultado a tal patamar foram I) ganho de capital relativo a venda da Aliança Geração em agosto/24, com impacto de R$1,6 bilhão e II) resultado da revisão tarifária de transmissão, com impacto de R$1,1 bilhão devido ao investimentos realizados e impacto no banco de preço dos ativos investidos (ou seja, impacto não-caixa).
Os custos e despesas operacionais alcançaram R$8,7 bilhões (vs R$7,8 bilhões no 3T23), sem considerar os efeitos não-recorrentes mencionados acima. O destaque positivo ficou por conta das despesas, que caíram -2,4% a/a devido principalmente as linhas de benefício pós-emprego e perdas por valor recuperável. A empresa encerrou o 3T24 com a menor quantidade de funcionários desde 2019, alcançando 4,937 funcionários (vs 5,596 no 4T19).
O endividamento alcançou R$7,4 bilhão no 3T24 (0,8x dívida líquida/EBITDA 12M), já considerando o impacto da venda da Aliança Energia, no valor de R$2,7 bilhão. O resultado financeiro foi negativo em R$61 milhões (vs -R$214 milhões no 3T23). O Lucro líquido do trimestre foi de R$3,2 bilhões, derivado dos grandes efeitos não-recorrentes mencionados ao longo do documento e R$1,1 bilhão em termos recorrentes.
Com isso o EBITDA consolidado foi de R$1.9 bilhão. O resultado financeiro foi de R$118 milhões, aumento de 196% a/a, decorrente de maiores ganhos com receitas financeiras. Por fim, a companhia apresentou um lucro líquido de R$1.1 bilhões, 6,6% menor do que no 2T23.