Acreditamos que o resultado da companhia incorpore em grande medida os números ruins da mineração, deslocando o resultado consolidado como um todo. A parte siderúrgica deve permanecer relativamente estável frente ao 1T22, sem grandes novidades, exceto pelas maiores pressões de custos. Esperamos que o destaque positivo seja do segmento de cimentos se beneficiando de uma boa demanda e de preços mais elevados em virtude do reajuste de preços no 2T22. Mesmo assim, acreditamos que o resultado da companhia seja negativo, com a necessidade de incorporação de um cenário mais obscuro, causando mudança do preço-alvo para a companhia.
Entrando no operacional…
Receita
Siderurgia. Para o lado da receita deste segmento, acreditamos que o volume vendido seja um pouco inferior ao trimestre anterior, com uma compensação nos preços, conforme vimos os repasses de preços da ordem de 20% em abril para aços planos. Dessa forma, estimamos que a receita siderúrgica seja próxima de R$ 7,7b (-1,8% t/t e -5,0% a/a), uma queda leve mas relativamente estável.
Mineração. Acreditamos que o destaque negativo para a CSN se dê neste segmento, com receita mais baixa e custos relativamente altos, com redução de margem. Para mais detalhes, não deixe de ler o relatório da CSN Mineração (CSNA3): Prévia de Resultado 2T22.
Cimento. Tende a se beneficiar com o aumento dos preços de +20% no 2T22, o que deve propiciar um aumento significativo em termos de receita, impulsionados sobretudo pelos lançamentos imobiliários do ano passado e as pequenas obras de varejo, totalizando R$ 421m (+9,2% t/t e +22,9% a/a).
Consolidado. No geral, acreditamos que a companhia sinta os efeitos da mineração de modo mais forte, sem mudanças significativas nos demais segmentos, somando uma receita total de R$ 10,2b (-13,1% t/t e -33,5% a/a).
Custos
Sem entrar tanto nos detalhes, todos os segmentos de modo geral foram afetados pela maior pressão inflacionária o que impactou tanto os gastos com diesel quanto as despesas com energia e pessoal. Ainda, com a fraca diluição dos custos fixos na mineração, os custos se tornam ainda mais relevantes dentro da produção total.
Considerando ainda os preços dos insumos siderúrgicos de maneira geral (minério de ferro e carvão), o começo do trimestre ainda foi bastante desafiador, com um arrefecimento dos níveis de preço do meio para o fim do tri. Dessa forma, projetamos um custo-caixa total de R$ -6,6b (-1,3% t/t e -0,7% a/a).
EBITDA e Lucro
Como reflexo de uma queda de receita mais acentuada que a de custos, esperamos que o EBITDA (excluindo efeitos não recorrentes) da companhia atinja R$ 3,1b (-34,5% t/t e -62,2% a/a) com uma compressão de margem EBITDA indo para os 30,2% (-9,9 pp t/t e -22,9 pp a/a).
Por fim, acreditamos que o lucro atinja R$ 681m (-50,0% t/t e -87,6% a/a), com uma margem líquida de 6,7% (-4,9 pp t/t e -29,2 pp a/a).
Vale ressaltar que grande parte dessa redução do lucro líquido se deve a uma maior pressão do resultado financeiro (cerca de R$ -1,5b), uma vez que a companhia contabiliza dentro desta linha o resultado de suas participações dentro da Usiminas, cujas ações tiveram fortes quedas ao longo do 2T22. Por exemplo, a USIM5 saiu de R$ 13,97/ação no 1T22 para R$ 8,65/ação (-38,1%) no 2T22, enquanto a USIM3 foi de R$ 13,04/ação para R$ 8,21/ação (-37%).
Alteração de preço-alvo
Com base em um cenário macroeconômico mais desafiador com riscos de recessão, aliado a um preço de referência do aço mais baixo em virtude das incertezas permeando o contexto chinês, foram necessárias algumas adaptações à tese da CSN. Englobando um custo de capital mais elevado com Ke = 15,5% e uma perspectiva de demanda menor sobretudo para o minério de ferro e níveis de preço para o aço mais baixos, alteramos o preço-alvo da companhia para R$ 15,00/ação, continuando com a recomendação de MANTER para o papel.