Tanto a CSN Mineração (CMIN3) quanto a CSN (CSNA3) apresentaram um resultado que consideramos positivo: apresentaram bons números operacionais superando nossas expectativas com boas margens EBITDA. Por outro lado, o lucro líquido de ambas foi pressionado pela valorização do real frente ao dólar impactando as variações cambiais líquidas e o fluxo de caixa operacional pesou negativamente devido sobretudo aos gastos com capital de giro. Entretanto, julgamos o resultado na totalidade como positivo, dados os desafios envolvendo as chuvas e as consequentes paralisações na mineração, enquanto a siderurgia conseguiu aumentar o volume vendas compensando a pequena redução no preço realizado.
CMIN3
Por conta de um maior volume de chuvas no começo do ano de 2022 (acima do esperado pela companhia), que gerou a paralisação da mina Casa de Pedra e de alguns trechos ferroviários da MRS, o volume produzido foi de 6,5 Mt (-6,5% t.t e -21,8% a.a) que se propagou para o volume de vendas que totalizou 6,9 Mt (-10,2% t.t e -15,7% a.a), utilizando parte de seu estoque para auxiliar nas vendas.
Em termos de receita, a empresa atingiu R$ 3,9b (+46,8% t.t e -31,0% a.a), sendo que o menor volume de vendas foi compensado pelos maiores preços realizados pela companhia impulsionados principalmente pela alta do índice Platts, que fechou o 1T22 com uma média de US$ 141,6/ton. contra um valor de US$ 109,5/ton. no 4T21.
Já em termos de custos, alcançou R$ 1,6b (-4,3% t.t e -15,9% a.a), registrando uma queda mesmo com a menor diluição dos custos fixos e uma maior compra de terceiros. O custo total pode ser explicado por alguns fatores como: a queda do preço do frete na comparação trimestral e a redução do volume produzido por conta das fortes chuvas do começo do ano.
Vale mencionar que em nossas premissas superestimamos tanto os preços realizados, quanto os custos, imaginando um cenário de maior valorização do preço realizado com pressões de custos vindo do menor efeito escala e dos gastos com combustíveis, o que geraram tais diferenças com os reportados.
O custo C1 foi de US$ 23,4/ton (+8,3% t.t +19,9% a.a) explicado em grande parte pelos fatores mencionados anteriormente: alta dos insumos, menor diluição dos custos fixos, custos com arrendamento variável (este relativamente à produção), gastos com diesel superiores, etc.
Dessa forma, o EBITDA foi de R$ 2,4b (+184,0% t.t e -34,1% a.a), com uma margem EBITDA indo para 62,0% (+30,0 p.p t.t e -2,9 p.p a.a), sendo os impactos de um maior custo C1 compensados pela alta dos preços realizados.
Já o lucro foi de R$ 739m no 1T22 (+5,1% t.t e -68,7% a.a), muito inferior às nossas estimativas devido a uma alta expressiva das despesas financeiras relacionadas às variações cambiais líquidas, sendo essas responsáveis por um valor de R$ -903m.
De forma geral, vale lembrar que a tese da empresa gira em torno das grandes pretensões em expandir sua capacidade produtiva, sobretudo a partir de projetos de beneficiamento de itabirito, indo de 33 Mtpa atualmente para 108 Mtpa em 2033.
Pontos positivos
- Aumento dos preços realizados por conta de uma alta do índice Platts no período, impulsionando a receita líquida unitária da companhia;
- Queda dos custos, alcançando R$ 1,6b (-4,3% t.t e -15,9% a.a) em virtude de uma redução do volume produzido e dos valores relacionados ao pagamento de frete marítimo (-80,2% t.t e -67,7% a.a).
- EBITDA acima das expectativas, pois os maiores preços realizados acabaram compensando a queda das vendas e o aumento do custo C1;
- Baixo nível de endividamento, com Dívida Líquida/EBITDA = -0,23x;
Pontos negativos
- Menor produção agravada pelas chuvas do começo do ano, atingindo 6,5 Mt no 1T22 (-6,5% t.t e -21,8% a.a);
- Menor volume de vendas, em virtude do menor volume produzido, alcançando 6,9 Mt no 1T22 (-10,2% t.t e -15,7% a.a);
- Maior custo C1 de US$ 23,4/ton (+8,3% t.t e +19,9% a.a) por conta de uma menor diluição dos custos fixos causada pela queda da produção, gastos maiores com diesel, arrendamento, etc;
- Fluxo de caixa operacional negativo de R$ -3,57b causado pelos maiores gastos relacionados ao capital de giro e ao pagamento de imposto de renda e contribuições sociais pagos (por conta do resultado recorde de 2021);
- Valorização do real frente ao dólar prejudicando os números, por exemplo, de resultado financeiro, com o dólar indo de R$ 5,60 para R$ 4,70 (valores do início e fim do período);
- Lucro muito abaixo do esperado R$ 739m (+5,1% t,t e -68,7% a.a), em virtude de uma alta despesa financeira vinculada às variações cambiais líquidas que afetaram, por exemplo, o caixa que era retido no exterior, tendo como consequência uma baixa de R$ -903m.
CSNA3
Do lado da CSN, o segmento que daremos maior atenção será o siderúrgico, sendo o outro mais relevante a mineração, que já foi discutido nos tópicos acima.
Siderurgia
Dentro da siderurgia no 1T22 obteve-se uma receita de R$ 7,88b (+3,1% t.t e +18,1% a.a) resultado de um volume de vendas maiores totalizando 1,15 Mt de aço (+13% t.t e -12% a.a), mesmo com preços médios realizados mais baixos (preço médio mercado interno caiu 3,7% t.t, enquanto o preço médio externo diminuiu em 17% t.t), em virtude da queda internacional dos preços.
A maior pressão, porém, foi observada no lado dos custos, vislumbrada sobretudo no aumento dos preços dos insumos, como minério de ferro via índice Platts (+28,8% t.t) e carvão ( +31,5% t.t). Assim, a empresa reportou custos além das nossas estimativas em 3,4%, atingindo R$ 5,53b (+15,0% t.t e +21,2% a.a).
Com isso, a empresa obteve um EBITDA de R$ 2,02b (-19,5% t.t e +10,7% a.a), obtendo uma margem EBITDA de 25,7% ( -7,2 p.p t.t e -1,7 p.p a.a) como resultado de custos maiores.
Consolidado
Já no consolidado, observamos melhoras em quase todas as linhas na base trimestral, puxados por números melhores de receita tanto do lado siderúrgico quanto de mineração totalizando R$ 11,77b (+13,6% t.t e -1,2% a.a), mas novamente pressionado na parte dos custos pela siderurgia o que somou no consolidado R$ 6,65b (+11,2% t.t e +16,3% a.a).
Porém, ao removermos os efeitos não-recorrentes para cálculo do EBITDA Ajustado, obtivemos um EBITDA de R$ 5,35b (+23,0% t.t e -14,6% a.a) e uma margem de 45,5% (+3,5 p.p t.t e -7,1 p.p a.a).
Vale ressaltar que o segmento de cimentos já conta com os números da Elizabeth Cimentos, apresentando uma receita de R$ 385m (-8,7% t.t e +39,1% a.a), números ainda não muito significativos do segmento, mas que devem aumentar nos próximos anos. Além disso, o começo de ano geralmente é acompanhando por um ritmo mais fraco e outro ponto importante é a questão da aquisição da LafargeHolcim que já foi aprovada pela Superintendência-Geral do Cade, mas que anida aguarda o aval do tribunal para conclusão do negócio.
Já do lado do lucro, a empresa obteve R$ 1,36b (+28,6% t.t e -76,1% a.a) bem abaixo das nossas estimativas e do consenso. Isso se deve em grande medida às variações cambiais impactando negativamente o resultado financeiro.
Pontos positivos
- Vendas maiores na siderurgia, atingindo 1,15 Mton vendidas no 1T22 (+13% t.t) resultado de um aumento das vendas nos mercados de distribuição e de aços para construção;
- Receita maior na siderurgia, atingindo R$ 7,88b (+3,1% t.t e +18,1% a.a) reflexo deste maior volume, mesmo com uma redução dos preços realizados;
- Preço realizado superior na mineração, reflexo da valorização do preço do minério (vide seção da CMIN3);
- Crecimento de EBITDA no tri, obtendo um total de R$ 5,35b (+23,0% t.t e -14,6% a.a) e uma margem de 45,5% (+3,5 p.p t.t e -7,1 p.p a.a)
Pontos negativos
- Menor volume de vendas do que o esperado para o período sazonal na mineração, em virtude da paralisação temporária das atividades no 1T22 por causa das fortes chuvas, alcançando 6,9 Mt no 1T22 (-10% t.t e -16% a.a);
- Custos mais altos sobretudo na parte de siderurgia, impactado pela alta dos preços dos insumos com destaque para o carvão e redutores;
- Preços realizados menores na siderurgia;
- Valorização do real frente ao dólar, impactando os dados de variações cambiais e afetando os números da companhia, tendo em vista que grande parte da receita é dólar-dependente, enquanto uma parcela menor ocorre para os custos;
- Lucro abaixo do esperado de R$ 1,36b (+28,6% t.t e -76,1% a.a), em virtude do grande impacto cambial no resultado financeiro;
- Fluxo de caixa operacional de R$ -3,86b, reflexo de desembolsos superiores com Imposto de Renda e Contribuições Sociais, além do impacto negativo do capital de giro em virtude do crescimento de recebíveis.