Esperamos um resultado positivo para a CMIN3 suportado sobretudo pelo aumento do preço do minério, ainda que os efeitos sazonais de começo de ano tenham contribuído negativamente para a produção e consequentemente com menores volumes vendidos de minério de ferro.
Para a CSNA3, esperamos um resultado misto, com crescimento tanto em termos de receita quanto de custo, com melhora de margem EBITDA na comparação trimestral, porém mais pessimistas com o lucro do que o consenso.
CMIN3
O começo do ano para as companhias mineradoras brasileiras é marcado por um período de fortes chuvas, cujos impactos geralmente são levados em conta dentro do guidance da companhia. Porém, ainda assim, seus efeitos para 2022 foram mais desafiadores do que imaginávamos: houve a paralisação tanto na mina Casa de Pedra quanto na operação portuária de TECAR em janeiro, sem contar também o trecho ferroviário da MRS que também teve suas operações suspensas temporariamente. É importante mencionar que o mesmo período do ano passado marcou resultados recordes, sendo importante fazer essa ponderação na comparação ano a ano (a.a).
Dessa forma, estimamos um volume menor de produção na comparação anual, cerca de 7,2 Mt (-13,0% a.a) e um menor volume de vendas para 6,9 Mt (-10,6% t.t e -16,1% a.a), mas que deve ser em grande parte compensado pelo maior preço do minério de ferro, utilizando como referência o índice Platts, indo de $109/t no 4T21 para $141,0 no 1T22 (+28,8% t.t).
Sabendo que grande parte do volume de vendas é exposto a preços futuros e utilizando a realidade vista no 1T22, a expectativa é de que os preços realizados aumentem, o que deve ser observado na receita, cujas nossas estimativas são de cerca de R$ 4,5b (+69,2% t.t e -20,5% a.a).
Com relação aos custos, de modo geral a produção inferior deve ocasionar uma menor diluição nos custos fixos e os gastos com combustíveis devem pressionar mais o resultado, tendo em vista o aumento dos preços do petróleo, além da própria alta do minério elevar os custos de arrendamentos nos portos. Por isso, estimamos um custo de R$ 1,8b (+7,5% t.t e -5,6% a.a) refletindo tais fatores.
Com isso, esperamos que o EBITDA atinja cerca de R$ 2,4b (+182,5% t.t e -34,5% a.a) com uma margem de 53,6% (+21,5 p.p t.t e -11,4 p.p a.a), alcançando, além disso, um lucro de R$ 1,4b (+103,8% t.t e -39,3% a.a).
De forma geral, esperamos que o resultado seja positivo, suportado principalmente pelo aumento do preço do minério.
Alteração de Preço-Alvo: de R$ 9,00 para R$ 7,00
Com base no cenário internacional atual, com os temores sobretudo vinculados aos lockdowns na China e a política de zero-Covid, geram-se grandes incertezas quanto ao planejamento do país para crescimento do PIB (cujas próprias projeções para crescimento esperadas são de +5,5% em 2022) e ao consumo de minério de ferro pelas indústrias siderúrgicas, cujos impactos já podem ser sentidos com as quedas do preço do minério nos últimos dias. Dessa forma, rebaixamos o preço-alvo da companhia para R$ 7,00/ação, mas continuando com a recomendação de COMPRAR para a companhia, por enxergarmos grande valor no seu plano de expansão para os próximos anos.
CSNA3
Do lado da CSN, é importante mencionar que os seus 2 principais segmentos são, atualmente, a mineração (que compreende em vasta maioria a contribuição da CMIN3) e a siderurgia.
Siderurgia
Dentro da siderurgia, a expectativa é de que haja um maior volume de vendas, sobretudo pela recuperação em março (com janeiro e fevereiro fracos), mas com um preço realizado inferior, o que, em nossas estimativas, devem trazer neste tri uma receita de R$ 7,6b (-0,7% t.t e +13,8% a.a) em patamares similares aos vistos no 4T21.
A maior pressão, porém, deve ser observada no lado dos custos, vislumbrada sobretudo no aumento dos preços dos insumos, como minério de ferro via índice Platts (+28,8% t.t) e carvão ( +31,5% t.t), porém, no caso do carvão, a CSN não chegou a ter o impacto cheio dessa variação por já possuir contratos para o semestre com relação a este insumo. Assim, estimamos um custo-caixa de R$ 5,3b (+11,2% t.t e +17,3% a.a) neste segmento.
Com isso, estimamos um EBITDA de R$ 1,9b (-23,5% t.t e +5,2% a.a), obtendo uma margem EBITDA de 25,3% ( -7,5 p.p t.t e -2,1 p.p a.a) como resultado de custos maiores.
Consolidado
Já no consolidado, devemos observar melhoras em quase todas as linhas na base trimestral, marcadas sobretudo pelos bons resultados da mineração e por um resultado mais pressionado na parte dos custos pela siderurgia, o que pode ser visto numa evolução mais fraca na comparação anual em termos de EBITDA. Assim, estimamos uma receita de cerca de R$ 12,0b (+15,5% t.t e +0,5% a.a), com custos de R$ 6,3b (+4,8% t.t e +9,6% a.a), obtendo um EBITDA de R$ 4,6b (+27,9% t.t e -18,8% a.a) e margem de 38,3% (+3,7 p.p t.t e -9,1 p.p a.a). Por fim, estimamos um lucro de R$ 2,6b (+144,1% t.t e -54,5% t.t).
Vale ressaltar que o segmento de cimentos já conta com os números da Elizabeth Cimentos, apresentando uma receita estimada de R$ 342m (-19,1% t.t e +23,3% a.a), números ainda não muito significativos do segmento, mas que deve aumentar nos próximos anos. Além disso, o começo de ano geralmente é acompanhando por um ritmo mais fraco e outro ponto importante é a questão da aquisição da LafargeHolcim que já foi aprovada pela Superintendência-Geral do Cade, mas que anida aguarda o aval do tribunal para conclusão do negócio.
Em suma, acreditamos que a CSN apresentará um resultado misto: com crescimento de receita e de custos, com melhora na margem EBITDA na comparação trimestral. Porém, estamos mais pessimistas com relação ao lucro quando comparado ao consenso (lucro 1T22E Genial de R$ 2,6b vs R$ 3,5b do consenso).
Alteração de Preço-Alvo: de R$ 30,00 para R$ 26,00
Em grande medida, a alteração de preço-alvo segue duas mudanças em nossa visão: a questão sobre a China (que já discutimos na parte sobre a CMIN3) e as pressões de custo que se exibem via aumento dos preços de insumos (minério de ferro e carvão para o aço) e gastos com combustíveis (aumento nos preços de petróleo). Dessa forma, continuamos com nossa recomendação de MANTER, porém com uma redução do preço-alvo de R$ 30,00 para R$ 26,00 considerando tais fatores.