O Grupo Mateus reportou seus resultados hoje, dia 08 de março. Os números vieram em linha com nossas estimativas e consideramos como destaque positivo a geração de caixa de +R$ 1b.
Mantemos nossa recomendação de COMPRA para GMAT3, com preço-alvo FY23 de R$ 8,00.
Análise do trimestre
A receita bruta consolidada foi de R$ 6,8b (+35,3% a/a; +0,9% vs. Est. Genial), com evolução no Same Store Sales de 11,7%.
A abertura de lojas foi a grande responsável pelo crescimento ano contra ano. Em inaugurações, vimos a companhia abrir 31 novas lojas no ano, sendo 16 Mix Mateus, 9 em varejo e 6 Eletro Mateus.
Na abertura por segmento, tivemos o seguinte resultado:
Na operação de Varejo, que soma as operações de Super/Hiper Mateus e Camiño Supermercados, a companhia registou uma receita bruta de R$ 1,9b (+28,5% a/a; 0,4% vs. Est. Genial), com SSS de 11,8% vs. nossa estimativa de 11%.
Ressaltamos as lojas de proximidade Camiño no qual tem se mostrado um grande diferencial para a tese, perante aos seus concorrentes regionais. O posicionamento do modelo além de operar de forma híbrida, ou seja, tanto em cidades grandes sendo uma loja de bairro como uma loja principal em cidades menores, funciona como um ponto logístico fazendo-se primordial para a estratégia de adensamento de rotas.
Já para a unidade de Atacarejo, que é o principal foco da companhia e que detém maior participação no todo (~52% da RBT), o Mix Mateus reportou uma receita bruta de R$ 3,6b (+2% vs. Est. Genial), crescendo 44,2% ano contra ano e uma contribuição interessante de 10% no SSS (vs. 7,5% Est. Genial). As vendas B2B (Atacado) vieram em linha com nossa projeção de R$ 1,1b.
Como discutido em nossa prévia de resultados, a expansão do EletroMateus seria praticamente imaterial, com receita bruta de R$ 305m. A companhia reportou uma cifra de R$ 292m (+0,2% a/a; -4,3% Est. Genial) nessa unidade.
O Grupo Mateus reportou um lucro bruto de R$ 1,29b (vs. R$ 1,26b Est. Genial), apresentando um crescimento de +28,9% a/a. Excluindo os efeitos não recorrentes, referentes a ganhos tributários de créditos PIS/COFINS e a uma provisão complementar de obsolescência de estoques, essa linha ficou em R$1,24b, implicando em uma margem bruta de 20,4%, pressionada em -210bps a/a.
Conforme nossa expectativa, vemos a margem pressionada em função da forte expansão da operação, focada em lojas Cash-and-Carry, com 16 aberturas desse formato ao longo de 2022. A expansão tem seu impacto sobre a margem bruta por dois principais motivos:
(I) Como o Atacarejo é um formato com preços mais competitivos, girando a uma margem bruta mais baixa que outros canais do grupo (~17% vs. ~23% do segmento de Varejo), a maior penetração desse formato tem seu efeito sobre a rentabilidade consolidada.
(II) As lojas de Cash-and-Carry inauguradas na nova Regional Nordeste ainda estão em estágios iniciais de maturação, consequentemente, acabam trabalhando com um patamar abaixo da média de margem bruta padrão da unidade.
Além disso, existe uma pressão adicional de custos devido a atividades promocionais mais fortes no trimestre. Além da Black Friday, o Grupo Mateus realizou mais promoções de itens de menor giro no trimestre, impactando adicionalmente a margem bruta.
Em relação as despesas operacionais, vemos um aumento de +31,6% a/a das despesas com vendas, consequência direta de uma maior área de vendas, dado ritmo de expansão da operação.
As despesas administrativas aceleram a/a, mas a base comparativa é fraca. No 4T22, o Grupo Mateus registrou um aumento de +50,8% a/a, impulsionado por uma base fraca de comparação devido a realocação no 4T21 de certas despesas antes consideradas como administrativas para a linha de despesas com vendas.
Consolidando os números, o Grupo reportou um total de despesas operacionais de -R$ 1,02b (+33,4% a/a). Vemos a representatividade em relação a receita a líquida reduzindo em -50 bps a/a, a 16,9% vs. 17,3% no 4T21, impulsionada pelo crescimento da operação de Atacarejo e maior alavancagem operacional.
A companhia reportou um EBITDA de R$ 448m (+54,5% a/a; +11,2% Est. Genial), com uma margem de 7,4% (+86bps a/a). Excluindo os efeitos extraordinários, não projetados em nossas estimativas, o EBITDA aj. ficou em R$ 317m, levando a uma margem operacional de 5,2% (-180bps a/a). Os efeitos não recorrentes registrados no período se referem, principalmente, a ganhos tributários de créditos de PIS/COFINS de períodos anteriores, além a realização de uma revisão de contingências jurídicas.
Desconsiderando estes efeitos, observamos que a performance positiva de vendas e a maior diluição das despesas operacionais não foram suficientes para compensar a maior pressão de custos ocorrida no trimestre, de modo que a margem bruta teve um impacto negativo sobre o desempenho da margem EBITDA, pressionada em -180bps a/a.
Com um aumento de 135,7% a/a nas despesas financeiras, em função de uma maior taxa de juros pressionando os juros sobre empréstimos, o Grupo reportou um resultado financeiro de -R$ 66,5m (+441,3% a/a; -14,6% Est. Genial).
Beneficiado por um total de R$ 152,8m de efeitos extraordinários referentes a ganhos tributários de créditos PIS/COFINS de períodos anteriores, o Grupo Mateus apresentou um lucro líquido 19,2% acima de nossas estimativas. A companhia reportou um lucro líquido de R$ 310,6m (+49,3% a/a), e uma margem líquida de 5,1% (+44bps a/a).
Vale destacar o desempenho da companhia em relação ao seu ciclo de caixa, que terminou o 4T22 em 80 dias, -33 dias em relação ao 3T22 e -30 dias em relação ao 4T21.
Por meio de iniciativas de controle de estoques e negociação com fornecedores, o Grupo conseguiu gerar uma boa otimização do capital do seu capital de giro, reportando um giro de estoques em 86 dias (-23 dias t/t e -19 dias a/a) e um prazo de fornecedores em 49 dias (+9 dias t/t e+ 11 dias 4T21).
Com a otimização do capital de giro, o Grupo Mateus conseguiu reportar uma geração relevante de R$1,1b de caixa no trimestre.