A despeito do efeito não recorrente da venda da sede da Riachuelo e da Midway S.A. que beneficiou o EBITDA e o lucro líquido, colocando-os em R$ 515 milhões e R$ 304,6 milhões bem acima das expectativas do mercado, não houve nada muito de diferente dos esperado. O lucro líquido ajustado desse efeito não recorrente foi de R$ 244 milhões acima do esperado pelo mercado.
Conforme o esperado, a Receita Líquida apresentou avanços nas 3 frentes de negócio: (i) venda de mercadoria, (ii) serviços financeiros, (iii) administração do shopping.
- Mercadoria – a receita ficou dentro das nossas estimativas e encerrou o trimestre em R$ 2,0 bi (9,8% vs. 4T20 e 10,5% vs. 4T19). O crescimento pode ser atribuído à retomada do fluxo de pessoas em lojas, mas também à assertividade da (i) coleção das marcas Riachuelo e Carter’s e (ii) da estratégia bem pensada, em trabalhar com o mix de proposta de valor e preço para diferentes lojas. Conforme mencionamos no relatório de estimativas, o crescimento da receita poderia ser ainda maior se não fosse a inflação e se a companhia não tivesse os impactos da queda de consumo de eletrônicos em suas lojas, categoria esta que tem sofrido com a falta de insumos no mercado.
- Shoppings – a receita também ficou dentro das nossas expectativas, encerrando o trimestre em R$ 25,2 milhões, um crescimento de 22,2% vs. 4T21, reflexo da retomada do fluxo de clientes frequentando o shoppings.
- Serviços Financeiros – a receita de serviços financeiros de R$ 494,8 milhões (25,7%) também apresentou uma melhora em relação ao ano anterior, resultado do processo de recomposição de carteira, mas ainda está num patamar abaixo do pré-pandemia e ficou abaixo das nossas estimativas. Cabe destacar que o crescimento, deriva das concessões dos serviços do cartão bandeira e do empréstimo pessoal. O EBITDA da financeira encerrou em R$ 116 milhões, em linha com as nossas estimativas, mas como havíamos projetado um receita maior, isso mostra uma eficiência da companhia em relação ao controle do PPCE (provisão para perda de créditos esperadas) e demais despesas. Cabe destacar que a implementação tecnologica que a companhia tem feito, com adoção de Inteligência Artificial, adoção de machine learning e outras tecnologias para automatizar a concessão de crédito e cobranças automáticas, tem sido efetivas e traduzido em uma melhora operacional da companhia.
Em termos de margem, a margem bruta ficou em 55,7% (-2,4 p.p.) ante a uma estimativa de 56,6%. Cabe destacar que a queda da margem bruta foi expressiva, pois mesmo diante de 48% da participação da indústria Guararapes a margem bruta acabou ficando abaixo das expectativas. Dentro os motivos da queda destaca-se (i) uma iniciativa mais agressiva no promocional e (ii) alta da inflação. A margem EBITDA ajustada excluindo elementos excepcionais foi de 18,0%, abaixo apenas em 0,3 p.p. de nossas estimativas, sendo a compressão de margens mais atribuído à transformação digital da companhia.
Acreditamos que a companhia tem se inserido de maneira assertiva nas novas iniciativas digitais, não só por conta da adoção das estratégias omnichannel e da criação do marketplace, que já conta com 200 sellers e mais de 1 milhão de SKUs disponíveis, mas também porque a empresa tem trabalhado muito na arquitetura e tecnologia de dados, utilizando o sistema de nuvem, técnicas preditivas de algoritmo e Inteligência Artificial para gerar economia de tempo e recurso financeiro, traduzindo em ganhos de eficiência operacional na Midway Financeira e na operação de varejo. Além disso, a companhia está com uma boa posição de caixa com R$ 2,1 bi para investir em suas operações e arcar com suas dívidas de curto prazo, uma vez que o caixa representa 152% desse total. É por isso que recomendamos COMPRAR a ação e estamos estipulando um preço-alvo de R$ 17,00.