O IRB reportou um prejuízo ajustado de R$ 323m no 3T22, conforme esperávamos em nossa prévia. O valor reportado veio próximo a nossa estimativa de prejuízo de R$ 332m, mas bem pior que a expectativa do mercado com um prejuízo de R$ 73m. Prejuízos contínuos comprometem o capital e liquidez da resseguradora que acabou de fazer um aumento de capital de R$ 1,2b para que pudessem se enquadrar aos requerimentos mínimos regulatórios. No entanto, nesse trimestre sozinho, o IRB consumiu R$ 789m de caixa operacional, usando boa parte do aumento de capital recente e colocando em dúvidas a necessidade de mais capital caso o IRB não volte a gerar lucro (caixa) o quanto antes.
O resultado negativo 3T22 foi puxado por: (i) redução dos prêmios ganhos (-28,9% a/a); (ii) menor resultado financeiro (-32,6% a/a); (iii) índice de sinistralidade extremamente elevado (116,8%); e (iv) imposto com menor contribuição para o lucro (-32,3% a/a). O efeito climático no agronegócio, que gerou quebra de duas safras consecutivas e resultou em perdas substanciais para os produtores rurais, seguradoras e resseguradoras, continuou impactando resultado do 3T22 do IRB.
O índice combinado de 159% continua muito fraco, ainda bem acima de 100% que indicaria um breakeven no resultado operacional do IRB, apresentando um aumento de 16,8pp a/a.
O ROE, que é um indicador de rentabilidade, continua negativo (-32,4%) devido ao prejuízo divulgado, assim o IRB não consegue construir valor para o seu acionista e por conta disso mantemos nossa recomendação de VENDER com preço alvo de R$ 0,99.
Capital Regulatório: De insuficiente para suficiente
O IRB conseguiu reverter sua situação de insuficiência na cobertura do capital mínimo requerido apresentado no trimestre passado.
No 3T22, a companhia reportou uma suficiência de patrimônio líquido ajustado em relação ao capital mínimo requerido de R$ 154m, resultando em um índice de suficiência de cobertura 109% no 3T22 (vs 64% no 2T22).
O IRB também apresentou suficiência no enquadramento da cobertura de provisões técnicas com saldo positivo de R$ 326m no 3T22 vs R$ 236m 4T21.
Caixa Operacional: A fogueira está acesa!
O caixa consumido pelas operações continuou em ritmo acelerado (R$ 789,5m no 3T22), apresentando um aumento nos gastos de +65,9% no t/t. O resultado é impactado pelo menor volume de prêmios, por conta dos ajustes na política de subscrição, e pelo maior pagamento de sinistros.
Prêmios: Impactados negativamente pelo exterior
Os prêmios emitidos vieram no valor de R$ 2,4b, apresentando aumento de +43,2% t/t e queda de -7,5% a/a. O resultado negativo no a/a foi puxado principalmente pela redução dos prêmios emitidos no exterior, que apresentaram queda de -17,3%, enquanto no Brasil, os prêmios emitidos caíram -3% a/a. No consolidado (Brasil e exterior), o destaque positivo veio do produto “vida” que apresentou um crescimento de +26,8% a/a, do lado negativo temos o “rural” com queda de -26,1% a/a.
Os prêmios retidos foram de R$ 1,25b no 3T22, apresentando uma redução de -1,3% t/t e -28,1% a/a. O grande impacto se deu por conta da forte despesa com retrocessão, que teve aumento de +179,6% t/t e +34,0% a/a atingindo o valor de R$ 1,16b. O crescimento deste ocorreu por conta de uma operação de LPT (Loss Portfolio Transfer) de R$ 328,3m na linha de Aviação Internacional.
Sinistralidade: Tentando melhorar, mas ainda elevada
O índice de sinistralidade foi de 116,8%, apresentando redução de -7,3pp t/t e -2,4pp a/a, o dado reportado foi ainda impactado pelo segmento rural devido as quebras das safras ocorridas nos trimestres passados por questões de geada, queimadas e outros eventos ocorridos no exterior.
O índice combinado está em 158,7%, apresentando queda de -2,0pp t/t e aumento de +16,8pp a/a, o que ainda está longe de apresentar um bom resultado.