Na tarde de ontem (09/01), o Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS) aprovou o reajuste no limite máximo das taxas de juros para empréstimos consignados concedidos a beneficiários do INSS (aposentados e pensionistas). Com a decisão, a taxa mensal para operações com desconto em folha do consignado subiu para 1,80% ao mês, ante o patamar anterior de 1,66%. Neste relatório, analisamos o impacto dessa mudança, incluindo uma estimativa do ROE implícito para os bancos com base em dados públicos disponíveis.
Embora o aumento do teto das taxas de juros para empréstimos consignados do INSS para 1,80% ao mês ofereça algum alívio, avaliamos que a medida ainda é insuficiente para tornar essas operações atrativas no contexto atual de juros elevados. Nossas estimativas indicam que o novo teto deve elevar a rentabilidade média (ROE) do consignado para 15,9%, patamar que apenas se equipara ao custo de capital dos bancos, mas permanece dilutivo para a rentabilidade consolidada de grandes instituições, principalmente para Itaú e Banco do Brasil que operam com ROEs superiores a 20%. Somente um ajuste mais agressivo, como o teto de 1,99% ao mês proposto pela Febraban, poderia elevar a rentabilidade do produto a níveis superiores ao custo de capital, para um ROE médio de 21%, tornando a operação efetivamente atrativa.
Nossas estimativas não incluem os custos associados ao modelo de correspondente bancário, que geralmente implicam em um pagamento adicional de comissões na faixa de 6% a 10%. Caso esses custos sejam considerados, a rentabilidade das operações de consignado INSS cairia ainda mais, tornando inviável a distribuição desse produto por meio desses canais.
Apesar da elevação dos juros do consignado, a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) considera o ajuste insuficiente, argumentando que o ideal seria um aumento do teto para 1,99%, patamar que tornaria as operações economicamente viáveis no cenário atual. A necessidade de revisão do teto é atribuída à alta da taxa Selic, que encarece o custo de captação dos bancos e pressiona os spreads, tornando pouco rentável a operação.
ROE do consignado INSS sobe com novo teto de 1,80%, mas segue insatisfatório
Metodologia dos Cálculos
Para estimar a rentabilidade, utilizamos os seguintes parâmetros:
- Receita de Empréstimos: Consideramos a nova taxa de 1,80% ao mês (23,9% ao ano).
- Custo de Funding: Baseado na Selic atual de 12,25% a.a.
- Inadimplência Média: Taxa de 1,7% para operações de consignado INSS nos últimos 12 meses.
- Despesas Gerais e Administrativas: Calculadas com base no índice de eficiência de cada banco, sem incluir custos adicionais relacionados ao modelo de correspondentes bancários (“pastinhas”).
- Patrimônio Empregado na Operação: Estimado com base no índice de Basileia de cada instituição.