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    Publicado em 09 de Maio às 15:48:43

    Itaú (ITUB4) | 1T22: Resultado morno, mas segue com boa dinâmica para o ano! 

    O Itaú reportou um lucro de R$ 7,36b, desdobrando em uma alta de 2,8% t/t, 15% a/a e ROE de 20,4% no 1T22. Apesar do lucro superar as nossas expectativas e do mercado, que estavam na faixa dos R$ 7,25, a qualidade do resultado veio ligeiramente pior do que esperávamos. O resultado antes do imposto caiu 5,2% t/t e ficou estável a/a. Como esperávamos, o crescimento de lucro veio em grande parte da queda do imposto de 20,9% t/t e 27,6% a/a. 

    A margem financeira veio um pouco mais fraca do que projetávamos, caindo 0,7% t/t (+12,9% a/a), impactada principalmente pela forte queda da margem com mercado de 23% t/t e 59% a/a. A margem com clientes continuou com um robusto crescimento anual de 23,9% a/a, apesar de crescer somente 0,7% t/t, resultado de menores spreads e menor quantidade de dias corridos. Como esperado, o custo de crédito subiu 2,5% t/t e 57,8% a/a, dado ciclo de normalização da inadimplência. 

    Seguindo um bom ritmo de crescimento de receitas, continuamos mais otimistas com o Itaú entre os bancões. O banco segue com a inadimplência (NPL 90d) subindo de forma controlada em 2,6% (+0,1 pp t/t e 0,3 pp a/a). Mas ao contrário da concorrência, esperamos que a boa dinâmica de receitas compense grande parte dos efeitos da elevação do custo de crédito no ano. O banco manteve seu guidance inalterado, o que nos nossos cálculos pressupõe um bom crescimento de lucro de 15% no meio da faixa indicativa. Ao valuation de 1,4x P/VP 22 e 7,5x P/L 22 e cenário favorável para 22 reiteramos a recomendação de COMPRAR

    Margem financeira: segue forte a/a 

    A margem financeira (NII) seguiu crescendo a um passo de dois dígitos a/a, puxada pelo avanço da margem com clientes que expandiu 23,9% a/a e 0,7% t/t. A margem com clientes (NII clientes) deve continuar a ter uma boa performance no ano, puxada pelo: (i) crescimento de carteira; (ii) melhora do mix de crédito, com maior participação de créditos com taxas mais altas; (iii) reprecificação da carteira, e; (iv) maior da remuneração do capital de giro para suportar negócio de crédito em função da elevação da Selic. No trimestre, o avanço mais fraco da margem financeira com clientes (NII clientes) se deve a menores spreads e menor quantidade de dias corridos. 

    A retração do NII t/t e menor ritmo de crescimento a/a se deve principalmente a já esperada queda da margem com o mercado (NII mercado). O NII mercado despencou 22,5% t/t e 59,1% a/a, em função de menores ganhos com a estratégia de hedge. 

    Carteira de crédito: sob efeitos do câmbio 

    A carteira de crédito retraiu 0,4% t/t e cresceu 10,5% a/a. O baixo crescimento t/t está atribuído a queda de 9,8% t/t e de 15,3% a/a da carteira da América Latina, decorrente da apreciação do real frente a moedas estrangeiras. A carteira de pessoas físicas segue o destaque no crescimento de carteira, tendo crescido 4,4% t/t e 32,9% a/a. Na carteira de pessoas físicas, as linhas com desempenho mais positivo foram: crédito imobiliário, que cresceu 5,4% t/t e 44,5% a/a; o crédito pessoal, que cresceu 7,5% t/t e 26,8% a/a; e, o cartão de crédito, que avançou 4,4% t/t e 41,4% a/a.  

    Serviços e seguros: boa dinâmica de seguros 

    As receitas de operações de seguros tiveram um bom desempenho, crescendo 10,4% t/t e 24,1% a/a. Depois de vários anos sem crescimento relevante, o bom resultado se deve a elevação dos prêmios ganhos decorrente do aumento do número de vendas e da diminuição das despesas com provisões de previdência. 

    As receitas de prestação de serviços caíram 4,6% t/t e subiram 2,2% a/a. O resultado fraco está relacionado a queda nas receitas de cartões e retirada da XP dos resultados. No 4T o período de festas impulsiona consumo e receitas de cartão. No 1T, a redução do consumo gera o efeito oposto. A XP saiu do resultado após a cisão entre as companhias, concluída em out/21. 

    Qualidade de crédito: patamares saudáveis 

    Assim como já esperávamos, o custo de crédito subiu 2,5% t/t e 57,8% a/a. O aumento é resultado do ciclo de normalização da inadimplência e crescimento da carteira de crédito. A inadimplência (NPL 90d) subiu 0,3 pp a/a e 0,1 pp t/t, mas ainda se encontra em patamares relativamente controlados se comparada a demais bancos, a 2,6 pp. Isolando somente a carteira do Brasil, a inadimplência está em 2,9 pp. 

    O índice de cobertura (90d) está em 232%, mantendo-se relativamente estável desde o 3T21, quando estava em 234%. Para fazer frente a elevação da inadimplência, esperamos um custo de crédito ainda elevado para o restante do ano. Contudo, esperamos que parte da elevação do custo de crédito seja compensado pela melhor dinâmica de receitas.   

    Imposto: queda da alíquota efetiva 

    O resultado antes do imposto caiu 5,1% t/t e 3,9% a/a. O desempenho fraco se deve a: (i) margem financeira mais pressionada pela queda da margem com mercado e margem com clientes prejudicada por menos dias úteis no trimestre; (ii) receitas de tarifas impactadas pela da sazonalidade, e; (iii) elevação das provisões com a elevação da inadimplência.  

    O resultado antes do imposto foi compensado pela menor alíquota efetiva, que caiu 5,8 pp t/t e 9,5 pp a/a, atingindo 29,2%. A menor alíquota efetiva se deve ao pagamento de juros sobre capital próprio no trimestre. Para o ano, a elevação a TLP deve possibilitar o maior pagamento de JCP, gerando um benefício fiscal superior e reduzindo a alíquota efetiva. O guidance do banco sinaliza uma alíquota efetiva para o ano entre 30% e 33%. 

    Capital e payout: menos confortável que comparáveis 

    O índice de capital nível I (tier I) está em 12,5%, tendo caído 0,5 pp t/t e a/a. O Itaú tem um índice de capital mais baixo que demais bancos privados. Em função de menor índice de capital, a administração sinalizou que o payout deve se manter em 25%.  

    XP: Vai ter que vender um pedaço para se enquadrar 

    O Itaú adquiriu uma participação de 11,36% na XP por R$ 8b. Pela regra de capital qualquer investimento em mais de 10% do capital social de instituições financeiras ou assemelhadas gera a obrigação de deduzir o valor do investimento integralmente do capital. Como o investimento foi efetuado em 29/abr, esperamos um impacto de aproximadamente 0,69 pp no capital. O tier I de Itaú é de R$ 145,4b e o capital ponderado pelo risco está em R$ 1,16 t. 

    Dado que o Itaú está com um índice de capital baixo comparativamente a outros bancos, é provável que o banco venda mais do que 1,36% de sua participação na XP. Neste caso, o Itaú terá menos de 10% do capital social da XP e poderá incorporar grande parte do valor do investimento de R$ 8b novamente ao capital regulatório.  

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