Com um ROE estimado de 20,9% em 2023, acreditamos que o Itaú continue sendo a melhor escolha entre os bancos. Com um melhor posicionamento entre seus pares privados (Bradesco e Santander) e sem exposição direta a potenciais risco políticos (Banco do Brasil), estimamos um crescimento de lucro interessante de 15% a/a para 2023, contrastando com seus rivais privados que provavelmente ainda sofrerão com compressão de lucro. O Itaú deve continuar se beneficiado da proteção realizada na tesouraria (hedge) contra a alta dos juros, fazendo com que a margem com mercado continue positiva. Além disso, o banco possui um mix de carteira de crédito mais favorável nesse momento do ciclo, com maior participação em pessoa física alta renda e grandes empresas. Estamos projetando um lucro líquido de R$ 35,43b para o Itaú em 2023, em torno do meio da faixa do guidance.
Para o 1T23, esperamos que o lucro cresça 8% t/t, mas se excluirmos as provisões de Americanas, resultado seja um pouco pior que o 4T22 por conta da sazonalidade típica de começo de primeiro trimestre. Assim, projetamos um lucro líquido de R$ 8,32b para o trimestre com um ROE de 20,3%, crescimento de 13% a/a, em linha com o crescimento de lucro para os próximos trimestres.
Enxergamos o Itaú melhor posicionada dentre os incumbentes não só pelo posicionamento de hedge e mix de carteira, mas pelos avanços na digitalização do banco que tem trazido benefícios de eficiência importantes e que devem continuar no médio de longo prazo. Assim, reiteramos nossa recomendação de COMPRA com preço alvo de R$ 33,6. Para os investidores indiferentes a liquidez, temos preferência pelas ações ON, já que negociam com um desconto de 15,4% em relação a PN, proporcionando um dividend yield maior já que receberem o mesmo dividendo por ação. Acreditamos que o valuation atual continua atrativo, com as PNs negociando a 7,20x P/L 23e, 6,23x P/L 24e e um P/VP de 1,43x 23e. Já as ONs estão sendo negociadas a 6,09x P/L 23e, 5,27x P/L 24e e um P/VP de 1,21x 2023e.
Carteira: Desacelerando em 2023
Esperamos que a carteira de crédito do Itaú avance 7,8% em 2023, chegando a R$ 977b. Para o trimestre, esperamos que se mantenha flat t/t, por conta um ciclo de crédito mais restrito, a paralisação temporária da emissão de consignado por conta do rebaixamento do teto de juros do produto e o caso de Americanas que impactou a emissão de crédito e mercado de capitais. No comparativo a/a, esperamos um crescimento de 11%.
Margem Financeira: Cresce mais que o crédito favorecido pela reprecificação
Acreditamos que o banco consiga entregar uma evolução de 14,6% a/a na margem financeira para 2023, com avanço de 14,7% na margem com clientes e de 11,3% na margem com mercado (tesouraria). Para o 1T23, esperamos que a margem caia -1,1% t/t, pressionada pela sazonalidade vista na margem com clientes (menos dias úteis). Já na dinâmica a/a, vemos uma expansão de 17,3%, por conta da melhora na precificação e crescimento do volume de crédito.
Custo de Crédito: Ainda rodando acima do crescimento do crédito
Para o ano de 2023, esperamos um custo de crédito (provisão + descontos – recuperação) de R$ 37,2b, crescimento de 15% a/a. O aumento acima do crescimento da carteira de empréstimos continua sendo consequência de um cenário de crédito mais apertado, principalmente para o segmento de pessoa física, além de uma contaminação para o atacado (médias e grandes empresas) por conta do caso Americanas. No 4T22, o banco provisionou 100% do caso Americanas, com um impacto negativo em R$ 1,3b no custo de crédito. Para o 1T23, esperamos um avanço no custo de crédito na base comparativa normalizada (ex-Americanas), chegando em R$ 8,77b, crescimento de 25% a/a
Serviços e Seguros: Seguros ainda deve ganhar espaço em 2023
Esperamos um avanço de 8,4% na receita de serviços e seguros em 2023, com a receita de serviços crescendo 6,1% e a de seguros 21,0%, continuando no bom desempenho operacional e de resultado financeiro. Além do bom desempenho da unidade de seguro do Itaú, que depois de uma restruturação voltou a crescer, esperamos que os 30% de participação na Porto também melhore bem sua rentabilidade em 2023.
Para o 1T23, não esperamos grandes movimentações t/t, consequência da sazonalidade, mas no comparativo a/a vemos um avanço de 8,7%.
Despesas Administrativas: Cresce um pouco acima da inflação, mas bem abaixo das receitas
Para o ano de 2023, esperamos que as despesas administrativas avancem 7%, levemente acima da nossa projeção de inflação (6,5%). Para o 1T23, esperamos uma queda t/t, consequência da base comparativa mais forte no 4T22 advinda de questões sazonais (dissídio e bonus), mas na comparação a/a vemos um crescimento de 7,4%.
Imposto: JCP deve continuar ajudar em 2023
Para o ano, esperamos uma alíquota de imposto em 30,6%, 0,5 pp acima da vista em 2022. Para o 1T23, projetamos que seja 30,2%, avanço um pouco mais expressivo quando comparado ao 4T22 em 2,8 pp. Nosso lucro antes dos impostos cresce 15% a/a e 16% t/t, consequência da provisão de Americanas no 4T22. Desse modo, o benefício do JCP incidiu sobre uma faixa de lucro tributável menor, gerando mais benefício, o que não deve ocorrer no 1T23.