Esperamos que o Itaú continue com seu bom desempenho no 3T22, com seu lucro recorrente crescendo em um bom ritmo de 6,0% t/t e 20,0% a/a. Acreditamos que a dinâmica de maior inadimplência vista nos bancos também deva também afetar o Itaú, mas de forma mais leve, por ter um mix com menos concentração em pessoa física (PF). No ano, esperamos um lucro de R$ 31,75b, crescimento de 18,1% em 2022, tocando o meio do guidance.
Com boas tendências a frente, reiteramos ITUB4 e ITUB3 como TOP PICK (favorita do setor) no setor bancário. Assim, com um valuation de 7,94 x P/L 23E e 1,63 x P/VP 23E, reiteramos nossa recomendação de COMPRAR, aumentando nosso preço alvo (PA).
O nosso PA para ITUB4 passou de R$ 30,30 (2022) para R$ 34,00 (2023), baseado no modelo de Gordon Growth, considerando um ROE de longo prazo de 20%, crescimento nominal de 9,5% e custo de capital (Ke) de 15,3%. O nosso PA implica um valuation de 8,32x P/L 24E e 1,92 x P/VP 23E.
Carteira: bom crescimento
Esperamos um forte crescimento da carteira de crédito de 17,7% a/a no 3T22, um pouco abaixo do reportado no 2T22 de 18,7% a/a. O bom crescimento é puxado principalmente pelo crédito fornecido para pessoa física (PF). Entretanto, vemos um contingenciamento na tomada de risco pelo Itaú, que deve buscar reduzir sua originação de crédito em linhas de maior risco, por conta da piora no ciclo inadimplência. Desse modo, esperamos um crescimento mais brando, principalmente nas linhas de alta rotatividade, como cartão de crédito e crédito pessoal.
Margem financeira: receita crescente em tempos difíceis da mais espaço para investimentos
Seguindo a boa dinâmica de um crescimento da carteira, esperamos que a margem financeira com clientes (NII com clientes) continue sendo destaque. Projetamos a margem financeira total crescendo 20,2% a/a, acima da evolução da carteira, impulsionada por (1) volume crescentes, (2) reprecificação de carteira, e (3) mix de carteiras com spread mais alto.
No lado de tesouraria (NII com mercado), vemos uma contração nas margens, mas ainda positiva de R$ 650m no trimestre, principalmente pela rápida evolução da Selic. Já no Bradesco e Santander, esperávamos resultados negativos para essa linha. Para 2023, esperamos uma tendência de melhora nessa linha, causando menos pressões na margem financeira.
Custo de crédito: aumento nas despesas mitigada por receita crescente
Estimamos um custo de crédito desacelerando, mas ainda alto, crescendo marginalmente t/t e 45,7% a/a e atingindo R$ 7,6b. A maior pressão nessa linha vem da carteira de pessoa física (PF). Mesmo com o banco diminuindo a originação de cartão de crédito e crédito pessoal a fim de buscar um melhor mix de carteira, não devemos ver esse impacto nesse trimestre, pois existe uma defasagem entre novos créditos e a inadimplência.
Nas linhas de pessoa jurídica (PJ), devemos ver um aumento de inadimplência nas pequenas e médias empresas (PME), puxado principalmente pela deterioração econômica. Já na linha de grandes empresas não devemos observar maiores variações.
Serviços e Seguros: boa evolução
Acreditamos que as receitas de serviços e seguros acelerem um pouco o crescimento com um avanço de 10,1% a/a, impulsionado principalmente por: (i) seguros, que continua recuperando market share; (ii) Asset (gestora de recursos); e, (iii) cartões. Entretanto esses resultados tendem a ter um menor crescimento do que comparado ao 2T22, com a Asset tendo menos receitas por conta de sazonalidade de performance fee no 2T e 4T e a deflação freando os volumes de cartões.
Despesas Administrativas: custos sobem para suportar crescimento hoje e no futuro
Estimamos um crescimento de 4,9% t/t e 10,1% a/a nas despesas, impactadas principalmente pela despesa de pessoal que sofreu um reajuste salarial em 8% em setembro. Veremos esse impacto cheio no 4T22. Ademais, a maior evolução da linha de despesas do Itaú reflete maiores investimentos em tecnologia e pessoal, pari passu com o bom crescimento da receita. Para o ano de 2023, o dissidio salarial foi acordado em um aumento de inflação + 0,5%.