O Itaú reportou mais um resultado sólido e consistente, com um lucro líquido de R$ 8,4b (+14,6% a/a e +10,0% t/t) e ROE de 20,7%. O resultado veio em linha com as nossas expectativas e com as projeções do mercado de R$ 8,3b.
Na nossa visão, os principais destaques positivos do trimestre foram o controle da inadimplência e aumento de eficiência. A inadimplência ficou de lado num trimestre que sazonalmente é maior. O custo de crédito teve uma redução de 7% t/t principalmente porque o trimestre passado veio carregado com 100% das provisões para Americanas (R$ 2,8b, dos quais R$ 1,3b em forma de provisão específica e R$ 1,5b absorvidas na complementar já feita). No ano, o custo de crédito ainda sobe 30%. As despesas administrativas caíram -5% t/t devido a sazonalidade, mas ainda crescem 10,9% a/a, na faixa superior do guidance. No entanto, o índice de eficiência (custo/receita) de apenas 35,6%, veio no melhor/menor patamar histórico do banco.
A carteira de crédito apresentou um ligeiro aumento de 0,7% t/t (11,9% a/a) devido, principalmente, à sazonalidade do cartão de crédito que caiu trimestralmente. Margem com clientes (NII Clientes) foi impactada no trimestre pelo menor número de dias corridos, mas sobe 20% a/a, bem acima do crédito. Margem com o mercado (NII Mercado), apesar de positiva (R$ 645m), apresentou uma forte queda de -14% t/t e -36% a/a. As receitas de serviços e seguros caíram t/t devido ao efeito sazonal de primeiro trimestre.
Acreditamos que o resultado do trimestre foi positivo, mantendo uma forte e consistente rentabilidade acima de seus pares, em linha com as nossas expectativas. Esperamos que o banco continue rodando nesse patamar de 20%+ de ROE para o curto/médio prazo. O Itaú continua sendo nosso top pick entre os bancos e reiteramos nossa recomendação de COMPRAR para o Itaú.
Crédito: Impactado pelo efeito sazonal
A carteira de crédito atingiu o total de R$ 912,7b (+0,7% t/t e +11,9% a/a). Apesar do crescimento trimestral, a carteira foi impactada negativamente pelo efeito sazonal de cartão de crédito, que apresentou uma queda de -3,5% t/t. Já na comparação anual, o forte aumento ocorreu pelo crédito pessoal (+26% a/a), crédito imobiliário (+21,3% a/a) e crédito consignado (+17,1% a/a). A carteira pessoa física (PF) cresceu 0,9% t/t e 16% a/a, crescendo mais que todos os outros segmentos na visão anual. Grandes empresas e América Latina cresceram mais no t/t em 1,8% e 2,6% t/t, respectivamente. Já pequenas e médias empresas caíram -2,2% t/t.
Margem Financeira (NII): Menor número de dias corridos impacta o tri
A margem financeira (NII) apresentou uma queda de -1,1% t/t, mas com um forte aumento de +17,3% a/a.
- Margem com Clientes: Apesar do aumento da carteira contribuir positivamente para a linha, a menor quantidade de dias corridos no trimestre e menor resultado de operações estruturadas no Atacado, fizeram com que o NII Clientes apresentasse uma queda de -0,7% t/t, porém crescendo +20% a/a.
- Margem com Mercado: O NII Mercado de R$ 645m no trimestre apresentou uma queda de -13,8% t/t e -36,0% a/a devido a menores ganhos na tesouraria da América Latina, além de uma redução no resultado no livro de trading no Brasil.
Receitas de Prestação de Serviços/Seguros: Mercado de capitais ainda fraco
A receita de prestação de serviços e seguros apresentou uma queda de -0,9% t/t, mas com aumento de +6,7% a/a. A queda trimestral ocorreu pelo efeito sazonal negativo nas frentes de emissão e adquirência em cartões. Ainda, houve uma queda nas receitas de assessoria e corretagem por conta de uma atividade mais fraca no mercado de capitais. Na comparação anual, o crescimento ocorreu pelo maior faturamento de cartões (emissão e adquirência), além do aumento nas receitas de administração de fundos e maior produção de consórcios.
Custo de Crédito e Inadimplência: Em processo de melhora
O custo de crédito apresentou uma queda de -7,3% t/t, mas com um forte aumento de 30,4% a/a. A redução trimestral se deu pelo impacto de Americanas no 4T22, além de um fluxo de despesa no Atacado mais normalizado no 1T23. Já na comparação anual, o aumento se deu pela maior despesa de provisão no segmento de varejo, devido a maior originação em produtos de crédito ao consumo e sem garantia.
A inadimplência acima de 90 dias apresentou estabilidade t/t, ficando em 2,93%. A frente de pessoa física no Brasil ficou estável, refletindo a desaceleração do crescimento da inadimplência no 4T22. Já o segmento de micro, pequenas e médias empresas apresentou uma redução, mas foi compensado pelo aumento nas grandes empresas. Por fim, o índice na América Latina aumentou ligeiramente em 0,1pp por conta da maior inadimplência em pessoas físicas no Chile. Por fim, o índice de cobertura (>90 dias) ficou estável t/t em 212%
Outro ponto de destaque para o trimestre foi o aumento expressivo de baixa de crédito da carteira (Write-off) com total de R$ 9b (+45,1% t/t e +75,7% a/a), que ocorreram na América Latina e nos Negócios de Varejo no Brasil. Com isso, a relação de Write-off e carteira média de crédito ficou no total de 1,0%.
Despesas não decorrentes de juros: Melhor índice de eficiência da história!
As despesas não decorrentes de juros caíram -5,3% t/t devido a sazonalidade e uma redução nas despesas com pessoal que apresentaram uma queda de -17,8% t/t na linha participação nos resultados. O crescimento anual de 7,7% também está relacionado com as despesas com pessoal, devido ao dissídio realizado em 2022 e aumento no número de funcionários. O Itaú atingiu o menor índice de eficiência da história, chegando a 35,6% nesse trimestre (-1,6pp t/t e -1,3pp a/a).
Capital: Estável no t/t
O índice de Capital Nível I permaneceu estável t/t com 13,5% e um índice de Basiléia também estável em 15% (3,5pp acima do mínimo regulatório). O aumento do resultado no período foi compensado pelo crescimento da carteira de crédito e pelos ajustes prudenciais e patrimoniais.