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    Publicado em 07 de Agosto às 00:09:22

    Itaú (ITUB4) | Resultado 2T24: Na Frente do Pelotão – A Performance Olímpica do Itaú de Lucro e Rentabilidade

    Em mais um trimestre de resultados consistentes, o Itaú reportou nova expansão de rentabilidade e crescimento de lucro, atingindo um novo recorde histórico e consolidando sua posição de liderança no setor financeiro. O lucro líquido recorrente do trimestre ultrapassou a marca de R$ 10 bilhões, com crescimento de +3,1% t/t e +15,2% a/a, em linha com nossas estimativas (-0,2%) e com o consenso de mercado (+0,5%). O banco também aumentou sua rentabilidade (ROE) para notáveis 22,4%, refletindo uma melhoria de +0,5pp t/t e +1,5pp a/a. 

    O trimestre mostra mais uma vez o sólido desempenho da gestão neste ciclo de crédito, refletindo melhorias contínuas em processos, tecnologia, modelos de crédito e na gestão de pessoas e cultura. Na perspectiva anual, enxergamos tendências construtivas, com receitas totais em expansão (+7,7% a/a), e destaques para margem com mercado (+31% a/a) e seguros (+15% a/a). As despesas administrativas estão sob controle (+5,6% a/a), enquanto o custo de crédito continuou melhorando (-6,7% a/a) com a inadimplência em queda (-0,3pp a/a). Embora a carteira de crédito (na visão BACEN) ter crescido de forma mais moderada (+5,3% a/a), entendemos que grande parte desse movimento está alinhado com a estratégia redução de risco na carteira Pessoa Física, que deve continuar a impactar positivamente a qualidade do crédito e, consequentemente, o lucro do banco nos próximos trimestres.  

    Com mais um trimestre consistente, reiteramos nossa recomendação de COMPRAR para as ações do Itaú, nossa top-pick do setor financeiro, com preço-alvo de R$ 40,60. Na nossa avaliação, as ações do Itaú estão sendo negociadas com um valuation atraente de 8,0x P/L para 2024, 7,2x P/L para 2025 e P/VP de 1,8x em 2024. Adicionalmente, estimamos um generoso dividend yield de 7,5% para 2024, dado que o banco deve aumentar o payout esse ano para distribuir o excesso de capital acumulado. Somente neste trimestre, o Itaú adicionou 10 bps em capital Tier 1 organicamente, alcançando 14,6%, enquanto o mínimo gerencial requerido do banco é de 12%. 

    Itaú (ITUB4) | Resultado 2T24: ROE de 22,4%, crescimento de lucro de 15,2% a/a e lucro antes do imposto de 21,6% 

    Carteira de Crédito: De-risking da carteira PF continuou limitando o crescimento da carteira total

    A carteira de crédito (na visão BACEN) registrou um fraco aumento de +5,3% a/a e +4,8% t/t, totalizando R$ 944 bilhões. Já na visão expandida, que inclui garantias e títulos privados (CRIs, letras financeiras, debêntures), houve uma expansão mais forte de +8,9% a/a e +5,9% t/t. Excluindo as variações cambiais, a carteira expandida teria crescido +7,1% a/a e +2,7% t/t.

    A carteira Pessoas Físicas (PF) apresentou novamente um crescimento modesto, com variações de apenas +3,1% a/a e +1,2% t/t. Esse desempenho reflete a redução das operações de crédito de clientes que não geram valor para o banco, especialmente na carteira de Cartões de Crédito, que foi a mais impactada, com baixo crescimento de 2% a/a e 0% t/t. Contudo, a estratégia de redução de risco tem sido eficaz, melhorando a qualidade da carteira de crédito PF e resultando em uma diminuição na necessidade de provisionamento para devedores duvidosos (PDD).

    A Carteira de Pessoa Jurídica (PJ) apresentou um desempenho robusto, crescendo +9,4% a/a e +4,7% t/t. Dentro desse segmento, as MPMEs cresceram +12,5% a/a e +2,7% t/t, enquanto as Grandes Empresas foram o destaque, com um aumento expressivo de +16,3% a/a e +8,6% t/t.

    A Carteira América Latina expandiu +3,8% a/a e +13,2% t/t, beneficiada em parte pela variação cambial.

    Carteira de Crédito (BACEN): Fraco desempenho PF limita crescimento da carteira

    Margem Financeira (NII): Destaque para o NII Mercado

    A margem financeira (NII) alcançou R$ 27,7b no 2T24, aumento de +2,9% t/t e +6,4% a/a.

    A margem com clientes ficou em R$ 26,3b, aumento de +1,7% t/t e +5,4% a/a (+7,4% a/a ex-Argentina). Esse crescimento trimestral foi impulsionado pelos maiores volumes médios de crédito e depósitos, além das margens mais altas na América Latina e nas operações estruturadas do Atacado. Já na comparação anual (ex-Argentina), o aumento da margem com clientes foi beneficiado pelo maior volume médio devido a expansão da carteira e do impacto positivo do volume de depósitos na margem de passivos.

    A margem com mercado ficou em R$ 1,4b, com robusta expansão de +32,4% t/t e +31,0% a/a. Esse desempenho foi impulsionado principalmente pelos ganhos significativos na estratégia de trading no Brasil. Com base nos resultados do 2T24, se anualizado, a margem ficaria acima do guidance de R$ 3,0 bilhões a R$ 5,0 bilhões. No primeiro semestre de 2024, a linha somou R$ 2,46 bilhões, e se anualizada, ficaria na faixa superior do guidance.

    Receitas de Prestação de Serviços/Seguros: Crescendo acima da inflação

    A receita de prestação de serviços e seguros apresentou um forte crescimento no 2T24 (+5,0% t/t e +10,4% a/a), chegando a R$ 13,7 bilhões. Excluindo o efeito Argentina, essa linha teria expandido +5,0% t/t e +11,3% a/a.

    O trimestre foi fortemente beneficiado pela elevação das receitas com Assessoria Econômica-Financeira e Corretagem (+33,9% t/t e +83,5% a/a), Administração de Fundos (+7,6% t/t e +15,1% a/a) e Resultado de Seguro (+7,6% t/t e +15,4% a/a).

    Na adquirência, o valor transacionado (TPV) atingiu R$ 228 bilhões, com crescimento de +5,4% t/t e +9,7% a/a. Esse desempenho contrasta com o da Cielo, que está se preparando para o fechamento de capital e apresentou um crescimento modesto de apenas +1,6% a/a e -0,6% t/t neste trimestre. O volume de cartão de crédito representou 68% das transações totais de TPV, enquanto cartão de débito 32%.

    Custo de Crédito e Inadimplência: Estáveis t/t

    O custo de crédito ficou em R$ 8,8b, apresentando estabilidade na comparação trimestral (+0,2%) mas uma melhora relevante de -6,7% a/a, mesmo com o crescimento da carteira de crédito (+5,3% a/a e +4,8% t/t). No trimestre, houve um aumento dos impairments (+32,3% t/t) e da provisão para devedores duvidosos (PDD) em +1,8% t/t, mas que acabaram sendo compensados pelo maior nível de recuperação de créditos que cresceu robustos +16,2% t/t. Já a melhora anual se deu pelo menor nível de PDD (-3,3% a/a), pelo maior patamar de recuperação de créditos (+27,7% a/a) e pelo menor nível de descontos concedidos (-24,7% a/a).

    As despesas com PDD totalizaram R$ 9,3 bilhões no trimestre, um aumento de +1,8% t/t, mas uma queda de -3,3% a/a. O índice de cobertura para créditos vencidos há mais de 90 dias piorou em -6 pp t/t, refletindo a maior carteira em atraso, especialmente no segmento de Varejo no Brasil. No entanto, houve uma melhoria no índice de cobertura em relação ao ano passado, que subiu +3 pp, atingindo 215%.

    A inadimplência acima de 90 dias (NPL 90+) apresentou estabilidade t/t e melhora de -0,3pp a/a, ficando em 2,7%. O destaque ficou para a inadimplência do Brasil que teve uma melhora de -0,1pp t/t, ficando em 3%, beneficiado pela maior participação percentual de grandes empresas na carteira de crédito (possui menor inadimplência que outros segmentos). Apesar da estabilidade t/t da inadimplência, esse indicador segue em níveis historicamente baixos (maior apenas do período pós-pandemia com excesso de liquidez e juros baixos)

    Inadimplência (90d): Abaixo do pré-pandemia

    O NPL Formation chegou a R$ 10,2b no trimestre, aumento de +14,1% t/t e +13,1% a/a, impactado por (i) Brasil, devido à rolagem de carteiras com atrasos mais curtos, resultante da sazonalidade da carteira de crédito de pessoas físicas, para faixas mais longas de atraso; e (ii) América Latina, devido a variação cambial do período.

    O Itaú vendeu carteiras que estavam em prejuízo nesse trimestre no montante de R$ 144m, mas que não impactam nos indicadores de qualidade de crédito. A venda gerou um impacto positivo de R$ 14m na recuperação de crédito e R$ 7m no resultado recorrente gerencial.

    Além disso, o banco vendeu carteiras ativas, sem impacto material nos indicadores de qualidade de crédito:

    • R$ 281m em Grandes Empresas;
    • R$ 116m em América Latina.

    Essas vendas geraram um impacto negativo de R$ 4m no produto bancário, um impacto positivo de R$ 11m no custo de crédito e impacto positivo de R$ 4m no resultado recorrente gerencial.

    Por fim, o write-off (baixa de crédito) chegou a R$ 9,3b, ainda em níveis altos, mas com uma redução de -7,7% t/t, apesar do aumento de +7,9% a/a. Essa baixa de crédito foi concentrada no Brasil, especialmente nos segmentos de Negócios de Varejo e Atacado. Em nossa visão, o movimento de write-off reflete em parte a política de de-risking do banco, que visa a redução de risco ao retirar operações de clientes que apresentam riscos elevados e geram perdas de valor.

    Despesas Administrativas: Sob controle, banco volta a crescer colaboradores mas reduzindo pontos de atendimento

    As despesas administrativas tiveram um crescimento próximo a inflação (IPCA) no 2T24, totalizando R$ 15 bilhões (+5,0% a/a e +4,7% t/t). O crescimento deve-se principalmente ao aumento em Participação dos Resultados (+23,4% a/a e +7,3% t/t) e Provisão Trabalhista (+40,3% a/a e +11,4% t/t).

    O banco continua reduzindo o número de agências e pontos de atendimento bancário (PAB), com uma queda de –1,7% t/t e de –10,6% a/a, totalizando 3.342.

    O índice de eficiência piorou marginalmente em +0,4pp t/t, mas continua bem patamares bem atraentes. Na visão anual, o índice continuou a melhorar, caindo -0,7 pp a/a para 36,4%.

    Imposto: Beneficiado pelo JCP

    No trimestre, a alíquota efetiva de imposto ficou em 30,6%, beneficiada em parte pelo pagamento de JCP.

    O lucro antes do imposto cresceu 1,2% t/t e robustos 21,6% a/a, alcançando R$ 14,96 bilhões.

    Capital: Crescendo organicamente

    No trimestre, o capital do banco seguiu em níveis robustos, apresentando novamente um crescimento orgânico nos indicadores. O índice de Basiléia ficou em 16,6%, com uma melhora de +0,2p t/t e +1,5pp a/a. O índice de Capital Nível 1 atingiu 14,6% (0,1pp t/t e +1,0pp a/a), composto por 13,1% de capital principal (CET1) e 1,5% de capital complementar nível 1.

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