O Itaú registrou mais um resultado robusto nesse 4T23. O lucro líquido recorrente do banco de R$ 9,4 bilhões cresceu sólidos +4,0% t/t e +22,6% a/a, levemente acima das nossas projeções e das expectativas do mercado em 2,2% e 1,6%, respectivamente. A rentabilidade (ROE) permaneceu consistente em níveis elevados, atingindo 21,2%, um aumento de 0,1pp t/t e 1,9pp a/a, superando consideravelmente o desempenho de seus pares no setor.
O Itaú anunciou um dividendo adicional de R$ 1,125 por ação referente ao exercício de 2023, o que equivale a um dividend yield de 3,4% (R$ 11b). Com essa distribuição, o Itaú totalizará R$ 21,5 bilhões em dividendos e Juros sobre Capital Próprio (JCP) em 2023, o que representa um payout de aproximadamente 60% para o ano, um aumento significativo em comparação com os 30% dos últimos anos. Nossas expectativas são de um payout similar para 2024.
O banco celebra 100 anos em setembro de 2024, o que torna o ano ainda mais propício para uma entrega significativa de resultados. Com isso em mente, o banco divulgou um guidance promissor para 2024, que, segundo nossas estimativas, resultaria em um lucro de R$ 40,2 bilhões, posicionado no meio do guidance. Isso representa uma expansão de 12,8% a/a de lucro e um ROE de 21,3% para 2024.
No 4T23, o resultado foi beneficiado por um bom desempenho da receita líquida de juros (NII) e receita de tarifas, acrescido de uma redução no custo de crédito. Ademais, começamos a ver uma melhor tendência nos indicadores de inadimplência, apresentando uma melhora trimestral e anual, impulsionado pelo segmento de pessoa física. Do lado negativo, a carteira de crédito apresentou não cresceu (+0,1% a/a), tanto em pessoa física quanto em pessoa jurídica, ficando abaixo do guidance de 2023.
Com mais um trimestre consistente e um guidance construtivo, reiteramos nossa recomendação de COMPRAR com preço-alvo de R$ 40,60 para o final de 2024. Na nossa avaliação, as ações do Itaú ainda negociam com valuation atrativo, com um P/L de 8,2x para 2024 e um P/VP de 1,7x em 2024.
Resultado de 4T23: Rentabilidade consistente
Guidance 2024: Ano de crescimento e rentabilidade
O guidance fornecido para 2024 apresenta melhoria em diversas frentes, com destaque para o custo de crédito, que no pior cenário leva a uma queda nominal a/a. As projeções feitas pela empresa são:
- Carteira de crédito: expansão de 6,5% a 9,5% a/a
- Margem financeira com clientes: aumento de 4,5% a 7,5% a/a
- Margem financeira com mercado: de R$ 3,0b a R$ 5,0b
- Custo de crédito: de R$ 33,5b a R$ 36,5b
- Receita de prestação de serviços e resultado de seguros: crescimento de 5,0% a 8,0% a/a
- Despesas não decorrentes de juros: expansão de 4,0% a 7,0% a/a
- Alíquota de IR/CS: 29,5% a 31,5%
Nas nossas estimativas, o guidance disponibilizado leva a uma expansão de +12,8% a/a no lucro (considerando o meio das projeções), lucro de R$ 40,2 bilhões e um ROE de 21,3%.
Simulação de Lucro e ROE do Guidance de 2024
Em relação ao guidance de 2023, o banco entregou todas as linhas dentro das expectativas, com exceção da carteira de crédito expandida.
Dividendos/Recompra de ação: Payout subiu para 60%
O Itaú anunciou o pagamento de R$ 1,125 por ação em dividendos referente ao exercício de 2023, equivalendo a um dividend yield de 3,4% (R$ 11b). Terão direito aos proventos os acionistas com posição acionária no dia 21/fev. O pagamento será realizado em 08/mar. Com essa distribuição, o banco irá pagar R$ 21,5b em dividendos e JCP em 2023, o que representa um payout de aproximadamente 60%.
Ademais, o banco aprovou o novo programa de recompra de ações que pode chegar a 75m de ações preferenciais. O programa tem o prazo máximo até 04/08/25.
Crédito: Crescimento somente em 2024
A carteira de crédito ficou relativamente estável, com um crescimento fraco de 0,7% t/t e 0,1% a/a. A carteira de pessoa física cresceu 1,7% t/t e 4,2% a/a, puxado no trimestre principalmente pelo cartão de crédito (+6,1% t/t). Do lado negativo, houve uma redução de -0,6% t/t no consignado (impactado negativamente pela menor produção nos canais externos por conta da redução da rentabilidade do produto) e -0,4 t/t no crédito pessoal. Já a carteira pessoa jurídica aumentou 1,0% t/t e 0,5% a/a. Do lado negativo, a carteira de América Latina contraiu -2,1% t/t e -8,2% a/a, possivelmente impactada pela Argentina que foi desconsolidada a partir de ago/23.
Margem financeira (NII): Cresce, apesar da carteira não crescer
A margem financeira (NII) alcançou R$ 27,1b no 4T23, crescimento de +3,3% t/t e +8,6% a/a.
A margem com clientes ficou em R$ 26,3b (+2,9% t/t e +8,5% a/a), beneficiada pelo maior volume médio de crédito, maior margem de passivos, maior resultado com operações estruturadas no Atacado e melhor mix dos produtos.
Para 2024, o guidance aponta para um crescimento da margem com clientes de 4,5% a 7,5% a/a, 2pp abaixo do crescimento da carteira de crédito. No entanto, destacamos que a margem com clientes deve crescer mais próxima à carteira média de crédito.
Já a margem com mercado ficou em R$ 840m, com expansão de 17,5% t/t, beneficiada principalmente pela mesa de trading no Brasil, além do aumento na margem de mercado no Chile. Na comparação anual, a margem com mercado expandiu 12,4%.
Receitas de prestação de serviços e resultado de seguros:
A receita de prestação de serviços e seguros ficou em R$ 13,5b no 4T23 (+4,6% t/t e +8,0% a/a), impactado positivamente por (i) maiores ganhos com cartões (+9,4% t/t e +12,3% a/a) que envolve emissão (+12,0% t/t e a/a) e adquirência (+2,6% t/t e +13,2% a/a); (ii) Administração de recursos (+5,8% t/t e +3,8% a/a) devido ao reconhecimento de taxa de performance; (iii) assessoria financeira e corretagem (+4,1% t/t e +46,4% a/a); e (iv) seguros (+4,1% t/t e +11,2% a/a).
Do lado negativo, a América Latina (excluindo o Brasil) contraiu -7,4% t/t e -12,6% a/a, possivelmente devido à venda da operação na Argentina em agosto de 2023, além de serviços de conta corrente que caíram -0,9% t/t e -6,3% a/a.
Adquirência
- O valor transacionado (TPV) atingiu R$ 235,8b (+7,7% t/t e +14,2% a/a);
- Cartão de crédito representou 67,4% das transações e o débito 32,6%.
Custo de Crédito e Inadimplência: Em queda
O custo de crédito ficou em R$ 9,15b (-1,2% t/t e -6,7% a/a). A melhora foi puxada pela redução dos descontos concedidos nos negócios de varejo no Brasil e aumento da recuperação de créditos baixados como prejuízo. O índice de cobertura (acima de 90 dias) melhorou em +6,2pp t/t e +3,8pp a/a, alcançando 216%.
No trimestre, houve venda de carteiras que estavam em prejuízo, no montante de R$ 1,3b, mas que não impactam nos indicadores de qualidade de crédito. A venda gerou um impacto positivo de R$ 72m na recuperação de crédito e R$ 40m no resultado recorrente gerencial.
Além disso, o Itaú vendeu carteiras ativas, sem impacto material nos indicadores de qualidade de crédito:
- R$ 375m que estavam com atraso superior a 90 dias;
- R$ 195m em dia ou com atraso curto.
Essas vendas geraram impactos negativos de R$ 19m no produto bancário, positivo de R$ 55m no custo de crédito e positivo de R$ 20 no resultado recorrente gerencial.
A inadimplência acima de 90 dias (NPL 90+) melhorou 0,2pp t/t, ficando em 2,8%. A boa performance do indicador está relacionada a menor inadimplência do segmento de pessoas físicas no Brasil (-0,5pp t/t). Além disso, a inadimplência de curto prazo (15-90 dias) permaneceu estável t/t em 2,3%.
Despesas Administrativas: Sob controle
As despesas não decorrentes de juros ficaram em R$ 15,3b (+4,1% t/t e +5,4% a/a), impactado por efeitos sazonais das despesas administrativas como processamento de dados, marketing e outros.
O índice de eficiência (custo/receita) continua em patamares bem interessantes, atingindo 37,8% no trimestre, uma pequena piora t/t de +0,1pp mas com melhoras de -1,1pp a/a.
Além disso, o banco reduziu seu quadro de colaboradores para 95,7 mil (-1,8 mil t/t e -5,4 mil a/a), como parte das medidas de eficiência no Brasil, que envolvem a adequação dos times nas áreas de atendimento e a redução de agências.
Capital: Firme e forte
O índice de Capital Nível 1 atingiu 15,2%, melhora de +0,6pp t/t, composto por 13,7% de capital principal e 1,5% de capital complementar nível 1. Já o índice de Basiléia ficou em 17,0% (melhora de +0,7pp t/t).