Em resumo, o mês de agosto apresentou novamente um movimento de desaceleração do crédito na comparação anual, reflexo de uma inadimplência ainda elevada, mas com mais um mês em estabilidade, além de um cenário macroeconômico ainda conturbado. A inadimplência da carteira de crédito do SFN ficou em 3,6%, apresentando uma estabilidade na comparação mensal, mas com aumento de 0,7pp a/a. Houve uma pequena melhora na inadimplência pessoa física (PF), mas foi compensada por uma crescente piora na inadimplência pessoa jurídica (PJ). A inadimplência no cartão de crédito rotativo, teve queda de 0,2pp m/m, ficando em 49,3% (ainda em patamares elevados). O spread bancário segue alto com expansão na comparação anual, mas com um leve arrefecimento na visão mensal. Do lado um pouco mais positivo, o comprometimento de renda mostrou sinais de melhora (-1,7pp m/m), apesar de continuar em patamar elevado próximo de 30%. Por fim, as instituições financeiras privadas seguiram perdendo market share.
Crédito
O saldo total de crédito do Sistema Financeiro Nacional (SFN) atingiu o montante de R$ 5,5 tri em ago/23, apresentando uma expansão de 1,1% m/m e mais um movimento de desaceleração na comparação anual (+8,9% a/a).
O mês foi marcado pelo aumento de 0,9% m/m no saldo das operações de crédito destinado a empresas (pessoas jurídicas) que atingiu R$ 2,16 tri e também pela expansão do crédito destinado as pessoas físicas (famílias) que apresentou um crescimento mensal de 1,3% ficando em R$ 3,36 tri. Na visão anual, o crédito para empresas apresentou uma estabilidade com alta de 5,1% a/a (ante +5,0% a/a em julho). Já para as famílias houve uma desaceleração com alta de 11,5% a/a (ante +12,2% a/a em julho).
- Crédito livre ficou em R$ 3,3 tri em ago/23, apresentando uma expansão de 0,7% m/m e crescimento de 6,7% a/a. O crédito destinado para as empresas atingiu o total de R$ 1,4 tri (+0,1% m/m e +2,5% a/a), beneficiado pela expansão do cartão de crédito total (+10,6% m/m), capital de giro (+0,6% m/m) e outros créditos livres (+1,4% m/m). Já o crédito destinado às pessoas físicas ficou em R$ 1,9 tri, com aumento de 1,1% m/m e 10,2% a/a. Esse resultado foi puxado, principalmente, pelas carteiras de crédito consignado para beneficiários do INSS (+2,3% m/m), financiamento para aquisição de veículos (+1,4% m/m), crédito consignado para trabalhadores do setor público (+0,9% m/m) e crédito pessoal não consignado (+1,0% m/m).
- Crédito direcionado atingiu o montante de R$ 2,3 tri (+1,7% m/m e +12,2% a/a), reflexo da expansão ocorrida no segmento de pessoas jurídicas (+2,4% m/m e +10,1% a/a) e no segmento de pessoas físicas (+1,4% m/m e +13,3% a/a).
Inadimplência
A inadimplência do SFN manteve-se estável no mês, ficando em 3,6% (+0,7pp a/a). Por segmento, a inadimplência das empresas chegou a 2,4% (+0,1pp m/m e +1,0pp a/a), enquanto o segmento de pessoas físicas ficou em 3,9% (-0,1pp m/m e +0,4pp a/a).
No crédito livre, a inadimplência atingiu 4,9% (-0,1pp m/m e +1pp a/a). No segmento de empresas, o indicador chegou a 3,3% (+0,1pp m/m e +1,5pp a/a), enquanto o segmento de pessoas físicas apresentou um indicador de 6,1% (-0,1pp m/m e +0,4pp a/a).
- Cartão de crédito: A inadimplência para pessoa física no cartão de crédito com recursos livres ficou em 8,5% (-0,1pp m/m e +1,2pp a/a). A inadimplência no cartão de crédito rotativo, mostrou queda de 0,2pp m/m e aumento de 5,8pp a/a, chegando a 49,3%. A inadimplência no cartão de crédito parcelado segue mais controlada com crescimento de apenas 0,2pp m/m e 4,13pp a/a, ficando em 10,5%.
- Aquisição de automóveis: O crédito destinado para aquisição de veículos para pessoa física apresentou taxa de inadimplência de 5,4% (estável m/m e +0,3pp a/a).
- Crédito pessoal não consignado: O crédito pessoal não consignado apresentou retração de 0,2pp m/m e a/a, com um total de 7,1%.
- Cheque especial: A inadimplência do segmento pessoa física ficou em 12,2% (-1,0pp m/m e -0,3pp a/a).
Cobertura: No mês de agosto, os bancos perderam cobertura em -2,3pp m/m e -28,2pp a/a, chegando a 180,3%.
Comprometimento/Endividamento de renda
O endividamento das famílias continuou em patamares altos, apresentando um total de 47,8% em jul/23, mas com sinais de melhora (-0,4pp m/m e -2,3pp a/a). Já o comprometimento de renda também continua em patamares elevados em 26,2% e com sinais de melhora (-1,7pp m/m e -1,2pp a/a).
*Os dados de comprometimento de renda e endividamento das famílias são defasados em um mês em relação aos dados de crédito
Spread
A taxa média de juros das novas concessões em ago/23 atingiu 30,7% aa, redução de 0,5pp m/m, mas com avanço de 1,6pp a/a. Já o spread bancário chegou a 21,3% aa (-0,3pp m/m e +2,3pp a/a). O segmento de pessoas físicas apresentou uma redução de 0,4pp m/m no spread, acompanhado também do segmento de empresas que retraiu 0,3pp m/m. Já na variação anual, os segmentos apresentaram expansão de 2,7pp e 0,5pp, respectivamente.
Market Share de Crédito
Em ago/23 as instituições financeiras privadas apresentaram mais um movimento de retração no market share (-0,2pp m/m e -0,3pp a/a), enquanto as instituições financeiras públicas (ex-BNDES) aumentaram novamente as suas participações de mercado (+0,1pp m/m e +0,9pp a/a).
Concessões de crédito atingiram o total de R$ 588,3b, aumentando em 8,2% m/m e com queda de -0,4 a/a, a dinâmica de concessões melhorou em relação a jul/23. As concessões livres cresceram 5,5% m/m, mas com leve queda de -0,2% a/a. Dentro dessa categoria, o segmento de pessoas físicas foi destaque, crescendo 5,4% m/m e 7,1% a/a, já empresas cresceu 5,5% m/m e retraiu 9,6% a/a. O crédito direcionado segue como destaque positivo com boa evolução mensal tanto em pessoas físicas quanto em empresas. No total, as concessões direcionadas expandiram em 29,1% m/m, mas retração de -2,1% a/a.
Duration: o prazo médio de duração de crédito livre apresentou crescimento no m/m para o crédito livre voltado para pessoa física (+0,3%), mas ficou relativamente estável para empresas (-0,1%). Na comparação anual, houve uma redução de 2,9% para pessoa física, mas com expansão de 6,7% para empresas. Por fim, o crédito direcionado apresentou queda de 0,7% m/m e 1,4% a/a para pessoas físicas. Já para empresas houve expansão de 8,3% m/m, mas queda de 16,8% a/a para empresas.