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    Publicado em 02 de Abril às 19:17:58

    Relatório de Crédito | Fev/24: Estabilidade na inadimplência e no crescimento do crédito… enxergamos o copo meio cheio

    Os dados de crédito do Banco Central de fevereiro indicam um mês de estabilidade no ritmo de crescimento anual do crédito, registrando uma expansão de 8,0% a/a. A inadimplência de 3,26% em fev/24 permaneceu estável tanto em relação ao mês anterior quanto ao ano anterior. No entanto, é importante notar que a inadimplência tem apresentado uma queda gradual desde mai/23. 

    Sazonalmente, o primeiro trimestre apresenta uma inadimplência maior, especialmente entre pessoas físicas. Portanto, a estabilidade da inadimplência observada nesses primeiros meses pode ser considerada um dado positivo. Além disso, é importante destacar que linhas de crédito de maior risco, como cartão de crédito, crédito pessoal (não consignado) e cheque especial, têm apresentado uma trajetória de queda ao longo de 2023. 

    O crescimento de crédito moderado ainda reflete a persistência de níveis elevados de inadimplência e endividamento das famílias, apesar da melhora gradual desses indicadores ao longo dos últimos trimestres. Destacamos que o volume de originação de crédito vem melhorando, sinalizando que podemos ter um ponto de inflexão no crescimento do saldo de crédito nos próximos trimestres. 

    Acreditamos que com a queda da inadimplência e o ciclo de redução da taxa de juros, o crescimento de crédito deve voltar a acelerar, de forma gradual por conta de um cenário econômico ainda desafiador.  

    Por fim, as instituições financeiras públicas, excluindo o BNDES, continuam a aumentar sua participação de mercado. 

    Crédito: Mantendo o ritmo de expansão 

    O saldo total de crédito no Sistema Financeiro Nacional (SFN) alcançou R$ 5,8 trilhões em fevereiro de 2024, registrando um aumento de 0,2% em relação ao mês anterior e expansão de +8% na comparação anual. Desde out/23 vemos que o crescimento da carteira de crédito tem apresentado uma expansão próxima de +8% a/a, ficando próximo da pesquisa de expectativas da FEBRABAN para a carteira de crédito de 2024 (+8,4% a/a). 

    No mês, observamos uma redução de -0,2% m/m no saldo de crédito para empresas (pessoas jurídicas), atingindo um total de R$ 2,22 trilhões. O crédito para as pessoas físicas registrou um aumento de 0,5% m/m, atingindo R$ 3,6 trilhões. O crédito destinado a empresas e pessoa física registraram alta de +4,2% a/a e +10,4% a/a, respectivamente.   

    Crédito livre atingiu R$ 3,36t em fev/24, apresentando altas de +0,1% m/m e +5,3% a/a. O crédito destinado para as empresas quase não se alterou, ficando em R$ 1,4t (-0,3% m/m e +1,2% a/a), impactado no mês pela redução das modalidades de capital de giro (-0,6% m/m), desconto de duplicatas e outros recebíveis (-0,9% m/m) e antecipação de faturas de cartão de crédito (-1,4% m/m). Em sentido oposto, o crédito livre do segmento pessoa física expandiu +0,3% m/m e +8,5% a/a, impulsionado pelas altas das carteiras de crédito pessoal consignado para beneficiários do INSS (+2,0% m/m), crédito pessoal não consignado (+1,6% m/m), financiamento para a aquisição de veículos (+1,2% m/m) e crédito pessoal consignado para trabalhadores do setor público (+0,6% m/m).  

    Crédito direcionado atingiu o montante de R$ 2,4t (+0,5% m/m e +11,8% a/a), reflexo da expansão ocorrida no segmento de pessoas físicas (+0,8% m/m e +12,8% a/a), mas que acabou sendo levemente compensado pelo segmento de pessoas jurídica, que apresentou uma evolução inferior a pessoa física, com contração de -0,1% m/m e expansão de +9,9% a/a.  

    Inadimplência: Leve aumento puxado por Empresas 

    A inadimplência do Sistema Financeiro Nacional (SFN) permaneceu estável na comparação anual e mensal, ficando em 3,26%.  No entanto, observamos que vem gradualmente reduzindo desde mai/23, quando atingiu 3,5%. 

    A inadimplência no segmento de empresas chegou a 2,6% e o segmento de pessoa física ficou em 3,7%, ambos apresentando estabilidade no período.  

    No crédito livre, a inadimplência aumentou em 0,1pp no mês e 0,1pp no ano, chegando a 4,6%. A inadimplência do crédito livre de pessoa física, que ficou em 5,5% (-0,1pp m/m e -0,6pp a/a). Já a inadimplência de crédito livre de empresas chegou a 3,3% (estável m/m e +1pp a/a). 

    No crédito direcionado, a inadimplência pessoa física ficou em 1,5% (+0,1pp m/m e –0,1pp /a). Em empresas, a inadimplência atingiu 1,3%, ficando estável m/m e leve contração de -0,2pp a/a. 

    Cartão de crédito: A inadimplência para pessoa física no cartão de crédito com recursos livres, que inclui a modalidade do parcelado sem juros, ficou em 7,3% (+0,03pp m/m e -1,21pp a/a). A inadimplência no cartão de crédito rotativo sofreu uma leve queda na comparação mensal (-1,22pp m/m e +8,63pp a/a), chegando a 52,6%, patamar ainda elevado. A inadimplência no cartão de crédito parcelado segue mais controlada com redução de -0,1pp m/m e aumento de +0,56pp a/a, chegando em 9,7%.  

    Aquisição de automóveis:  O crédito destinado para aquisição de veículos para pessoa física apresentou taxa de inadimplência de 5,01% (-0,13pp m/m e -0,59 pp a/a).   

    Crédito pessoal não consignado: O crédito pessoal não consignado apresentou retração de -0,14pp m/m e -1,81pp a/a, com um total de 5,92%.   

    Cheque especial: A inadimplência do segmento pessoa física ficou em 12,25% (-0,66pp m/m e +0,25pp a/a).  

    Cobertura: No mês de fevereiro, os bancos apresentaram estabilidade m/m no índice de cobertura (saldo de provisões para fazer frente aos créditos em atraso), mas com uma redução de -8,0 pp a/a, chegando a 187,1%.  

    Comprometimento/Endividamento de renda: Segue em níveis elevados 

    O endividamento das famílias ficou em 48% em fev/24, ainda em patamares elevados, apresentando um leve aumento de 0,26pp m/m e queda de 0,85pp a/a. O comprometimento de renda também se encontra em níveis elevados em 25,8%, apresentando uma leve piora de +0,1pp m/m, mas com melhora de -1,6pp a/a.  

    Spread: Alto, mas em queda   

    A taxa média de juros das novas concessões em fev/24 atingiu 27,8% aa, redução de -0,3pp m/m e -3,3pp a/a. Já o spread bancário também caiu para 19,3% aa (-0,2pp m/m e -1,6pp a/a). O spread bancário no segmento de pessoas físicas teve uma redução de -0,1pp m/m e -2,7pp a/a, ficando em 24,2%. Já o segmento de empresas apresentou redução de -0,5pp m/m e -0,2pp a/a, chegando a 9,2%.  

    Market Share de Crédito: Bancos privados seguem perdendo share  

    Em fev/24, as instituições financeiras privadas mantiveram seu market share na comparação mensal, mas apresentaram perda de -0,5pp a/a, chegando a 42,5% de participação de mercado. 

    As instituições financeiras públicas (ex-BNDES) ganharam participação de mercado no mês (+0,1pp) e no ano (+1,0 pp), alcançando 35,1% de market share.

    Concessão de Crédito: Crescendo dois dígitos no comparativo anual  

    Concessões de crédito atingiram o total de R$ 554,5b, uma piora de -4,9% m/m devido a menor quantidade de dias úteis em relação a janeiro/24, mas com um crescimento atrativo de +15,8% a/a. As concessões livres diminuíram -5,6% m/m, mas avançaram em +15,4% a/a. Nas concessões livres, o segmento de pessoas físicas foi destaque negativo, com retração de -8,2% m/m e +14,6% a/a. Já o segmento de empresas retraiu -1,5% m/m e expandiu +16,5% a/a. Por fim, o crédito direcionado apresentou uma expansão de +3,5% m/m e +21,4% a/a, com destaque positivo para o segmento de pessoas físicas que evoluiu +9,7% m/m e +30,3% a/a, puxado pelo crédito rural (+5,6% m/m e +37,2% a/a) e financiamento imobiliário (+16,1% m/m e +23,7% a/a). Do lado negativo, o segmento de empresas contraiu -10,3% m/m e expandiu apenas +2,4% a/a, impactado principalmente pelos recursos do BNDES (-45,8% m/m e -9,7% a/a). 

    Duration: o prazo médio de duração de crédito livre apresentou queda mensal e anual no segmento pessoa física (-0,1% m/m e -1,7% a/a), atingindo 59,9 meses. No segmento de empresas, registrou uma retração de -5,2% m/m e expansão de +16,0% a/a, chegando a 27,9 meses. Por fim, o prazo do crédito direcionado para pessoas físicas apresentou aumento de +0,1% m/m e +2,0% a/a, atingindo 271,7 meses. Já para o segmento empresas, houve retração no duration mensal (-12,5%) e anual (-39,9%) para 78,7 meses. 

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