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    Publicado em 28 de Julho às 20:51:02

    Relatório de Crédito | Jun/25: Crédito Desacelera, Mas Inadimplência Segue Elevada

    Em junho de 2025, os dados divulgados pelo Banco Central do Brasil (Bacen) apontaram para uma desaceleração do ritmo de crescimento anual do crédito, refletindo os efeitos da política monetária contracionista e provavelmente por perspectivas de piora na qualidade do crédito. O saldo total de crédito do Sistema Financeiro Nacional (SFN) cresceu +0,5% m/m e +10,7% a/a, abaixo do ritmo de crescimento registrado em maio (+11,8% a/a). A desaceleração foi observada tanto no crédito a pessoas jurídicas, que desacelerou de +10,9% para +8,8% a/a, quanto no crédito a pessoas físicas, que passou de +12,4% para +11,9% a/a.

    As concessões de crédito totalizaram R$ 691,4 bilhões em junho, com recuo de -1,7% m/m, mas ainda com alta de +7,5% a/a.

    Após cinco meses consecutivos de alta, a inadimplência apresentou estabilidade em junho (+0,01 pp m/m), encerrando o mês em 3,55%. Ainda assim, na comparação anual, o indicador avança +0,37 pp a/a. No crédito livre, a tendência de deterioração persiste: a inadimplência subiu para 4,96% (+0,05 pp m/m), puxada principalmente pela carteira de pessoas físicas, que atingiu 6,3% (+0,1 pp m/m; +0,8 pp a/a). Apesar da estabilidade no consolidado, o índice segue em patamar historicamente elevado, permanecendo como ponto de alerta.

    O crédito rural segue como principal fonte de preocupação. A inadimplência da linha subiu pelo quarto mês consecutivo, chegando a 3,46% em maio (+0,2 pp m/m; +1,9 pp a/a). O cenário é especialmente desafiador para o Banco do Brasil, cuja carteira tem cerca de um terço de exposição ao setor (cerca de R$ 406 bilhões) — ponto já discutido em nossa prévia do 2T25 (link para o relatório).

    O spread bancário manteve-se praticamente estável em 20,4% em maio (+0,03 pp m/m; +1,8 pp a/a), refletindo a queda de -0,04 pp na taxa de empréstimo, compensada por uma redução de -0,07pp na taxa de captação.

    Já o endividamento das famílias atingiu 49,0% (+0,1 pp m/m; +1,4 pp a/a) e o comprometimento de renda avançou para 27,8% (+0,4 pp m/m; +1,9 pp a/a), ambos permanecendo em níveis historicamente elevados.

    Por fim, no que diz respeito à participação de mercado, as instituições privadas nacionais registraram leve ganho de +0,04 pp m/m, enquanto as instituições públicas (ex-BNDES) avançaram +0,08 pp m/m.

    Crédito: Crescimento Desacelera em Junho

    O saldo total de crédito do Sistema Financeiro Nacional (SFN) cresceu +0,5% m/m em junho, totalizando R$ 6,7 trilhões, com expansão de +10,7% a/a, desacelerando em relação ao ritmo de crescimento observado em maio (11,8% a/a).

    O avanço no mês foi sustentado tanto pelas operações com pessoas físicas (PF), que somaram R$ 4,1 trilhões (+0,4% m/m), quanto com pessoas jurídicas (PJ), cujo saldo atingiu R$ 2,5 trilhões (+0,6% m/m). Na comparação anual, o crédito às famílias cresceu +11,9% a/a (vs. +12,4% em maio) e o crédito às empresas avançou +8,8% a/a (vs. +10,9% em maio), ambos em desaceleração.

    O estoque de crédito com recursos livres totalizou R$ 3,9 trilhões, avançando +0,4% m/m e +9,8% a/a. O desempenho no mês foi sustentado por ambos os segmentos, com crescimento tanto nas operações com pessoas físicas, quanto com empresas.

    crédito livre para PF atingiu R$ 2,3 trilhões, com alta de +0,3% m/m e +12,4% a/a. O crescimento mensal foi puxado pelas modalidades de cartão de crédito rotativo (+2,1% m/m), cheque especial (+1,0% m/m) e crédito consignado privado (+2,6% m/m), produto relançado este ano que já atingiu uma carteira de R$ 46,4 bilhões (+15,1% a/a). Por outro lado, observamos uma redução da carteira de crédito consignado INSS (-1,1% m/m), refletindo os impactos das medidas restritivas implementadas após a identificação de fraudes na modalidade.

    crédito livre para PJ avançou +0,6% m/m +6,2% a/a, totalizando R$ 1,6 trilhão. O crescimento foi favorecido pelo aumento mensal nas carteiras de adiantamento de contrato de câmbio – ACC (+4,3% m/m), cartão de crédito rotativo e financiamento (+35,7% m/m) e outros créditos livres (+2,4% m/m), enquanto a carteira de desconto de duplicatas e recebíveis recuou -1,9% m/m, impactada pelo aumento da alíquota do IOF sobre operações de risco sacado temporariamente em junho.

    Inadimplência: Estável no Mês, Ainda em Níveis Altos

    A inadimplência total do Sistema Financeiro Nacional (SFN), considerando atrasos acima de 90 dias, permaneceu estável em 3,6% em junho (+0,01 pp m/m), mantendo-se em patamar elevado. Na comparação anual, o indicador mostra deterioração mais relevante, com alta de +0,4 pp a/a.

    No crédito livre, a inadimplência segue em alta, avançando para 4,95% (+0,05 pp m/m; +0,50 pp a/a). O segmento de pessoas físicas (PF) segue como principal fonte de pressão, atingindo 6,3% (+0,1 pp m/m; +0,8 pp a/a), enquanto nas operações com pessoas jurídicas (PJ) o índice permaneceu estável em 3,1%.

    No crédito direcionado, a inadimplência recuou -0,05 pp m/m, mas ainda acumula alta de +0,22 pp a/a, alcançando 1,61%. Destacamos que a inadimplência no crédito rural PF segue em trajetória de deterioração, atingindo 3,46% em junho, com alta de +0,2pp m/m e +1,9pp a/a.

    Inadimplência por Modalidade

    No cartão de crédito total com recursos livres — que inclui o parcelado sem juros — a inadimplência atingiu 8,5% em junho (+0,1 pp m/m; +1,1 pp a/a).

    Destacamos a melhora sequencial no cartão rotativo, cuja inadimplência recuou -1,2 pp m/m, embora ainda acumule forte alta de +4,5 pp a/a, alcançando 57,6% — ainda em um nível historicamente elevado. Já o cartão parcelado apresentou deterioração, com inadimplência de 13,0% (+0,9 pp m/m; +2,0 pp a/a).

    No crédito para aquisição de veículos por PF, o índice permaneceu estável m/m em 5,2%, mas ainda acima do observado em junho/24 (+0,6 pp a/a). No crédito pessoal não consignado, a inadimplência avançou para 7,5% (+0,3 pp m/m; +1,6 pp a/a), enquanto no cheque especial atingiu 13,9%, com alta de +0,04 pp m/m e +1,5 pp a/a.

    Cobertura

    índice de cobertura — que mede o saldo de provisões em relação aos créditos vencidos há mais de 90 dias — registrou uma pequena queda em junho, recuando -0,57 pp m/m, mas com uma alta de +14,14 pp a/a, para 202,8%.

    Endividamento/Comprometimento de Renda: Em Patamares Historicamente Altos

    Em maio (último dado disponível), o endividamento das famílias brasileiras alcançou 49,0% da renda, registrando alta de +0,1 pp m/m e +1,4 pp a/a. O indicador segue em trajetória de crescimento e permanece em níveis historicamente elevados.

    O comprometimento de renda avançou +0,4pp m/m e +1,9pp a/a, atingindo 27,8%, reforçando a pressão sobre a capacidade de pagamento das famílias.

    Spread: Estabilidade Mensal

    A taxa média de juros das concessões de crédito do SFN alcançou 31,5% a.a. em junho, registrando leve queda de -0,04 pp m/m, mas ainda acumulando alta de +3,62 pp a/a. A retração mensal foi puxada pelas operações com pessoas jurídicas (PJ), cuja taxa média recuou marginalmente para 21,2% a.a. (-0,12 pp m/m), mas ainda com alta de +2,85 pp a/a. Já nas operações com pessoas físicas (PF), a taxa manteve-se estável em 36,3% a.a. (+0,03 pp m/m), ainda com alta de +3,76 pp a/a. A taxa de captação recuou -0,1 pp m/m, mas ainda com alta de +1,9 pp a/a, alcançando 11,1%.

    Com isso, o spread bancário ficou estável em 20,4% em junho (+0,03 pp m/m; +1,8 pp a/a), refletindo o equilíbrio entre a redução das taxas finais ao tomador e a queda sequencial no custo de captação. No segmento de pessoas físicas, o spread avançou para 25,7% (+0,04 pp m/m; +1,92 pp a/a), enquanto nas operações com empresas atingiu 9,0% (+0,10 pp m/m; +0,94 pp a/a).

    Market Share de Crédito: Ganho Sequencial de Share das Instituições Públicas

    Em relação à participação de mercado, as instituições privadas registraram alta de +0,04 pp m/m e +1,26 pp a/a, aumentando seu market share para 44,4%.

    As instituições públicas (ex-BNDES) aumentaram sua participação em +0,08 pp m/m, mas ainda com perda na comparação anual (-0,44 pp a/a), totalizando 34,3% de market share.

    Concessão de Crédito: Queda m/m e Desaceleração do Crescimento a/a

    As concessões de crédito totalizaram R$ 691 bilhões em junho, com recuo de -1,68% m/m, mas ainda com alta de +7,49% a/a.

    As concessões livres somaram R$ 624 bilhões, recuando -1,6% m/m, mas com alta de +7,5% a/a. O desempenho mensal foi impactado pela redução tanto das operações com pessoas jurídicas (PJ), que caíram -2,3% m/m, quanto das operações com pessoas físicas (PF), que recuaram -1,1% m/m.

    O crescimento do volume concedido passou a desacelerar na base anual, com alta de +7,5% a/a (vs. +11,6% em maio). A principal contribuição veio da forte desaceleração no segmento de empresas, que avançou apenas +3,1% a/a (vs. +19,0% em maio). Em contrapartida, as concessões para famílias aceleraram, crescendo +11,2% a/a (vs. +6,5% em maio).

    Por fim, as concessões direcionadas somaram R$ 66,9 bilhões, recuando -2,4% m/m, mas ainda com alta de +7,3% a/a. O desempenho mensal negativo foi puxado pelas operações com empresas (-8,7% m/m), enquanto as operações com famílias avançaram +2,1% m/m. Na comparação anual, o destaque foi o segmento de empresas, que cresceu +12,6% a/a, totalizando R$ 25,8 bilhões, enquanto as concessões para famílias avançaram +4,2% a/a, atingindo R$ 41,1 bilhões.

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