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    Publicado em 28 de Novembro às 22:53:48

    Relatório de Crédito | Out/24: Melhora em Outubro Apesar da Alta dos Juros

    Em outubro de 2024, os dados de crédito apresentaram um desempenho mais favorável em comparação com os dois meses anteriores. Embora nossa expectativa fosse de um aumento na inadimplência, o que poderia indicar uma desaceleração no crescimento do crédito, observou-se uma redução de -0,04pp no índice de inadimplência em relação ao mês anterior, sugerindo uma possível retomada da trajetória de queda do indicador. Esse movimento contribuiu para uma aceleração no crescimento do crédito, que avançou 10,96% a/a, superando o crescimento de 10,60% a/a registrado no mês anterior.

    Com o ciclo de alta dos juros iniciado em setembro e a contínua incerteza quanto ao cenário fiscal do país, alta do dólar e eventual pressão nos índices de inflação, acreditamos que a inadimplência será pressionada pelo ambiente macroeconômico nos próximos trimestres, o que deverá elevar o custo do crédito. A alta das taxas também resultou em um aumento no spread bancário, que atingiu 18,4% (+0,05pp m/m e -1,96pp a/a), dentro das nossas expectativas. Embora esse aumento seja favorável para os credores, o custo mais elevado impactará o ritmo das concessões e poderá comprometer a qualidade das carteiras no sistema financeiro.

    Destacamos também a significativa retração na concessão de Crédito Rural, um segmento que vem apresentando uma robusta alta da inadimplência no Banco do Brasil. Em outubro, observamos um aumento de +0,13pp m/m e +1,31pp a/a na inadimplência de Crédito Rural, atingindo 2,34% – também substancialmente acima dos 1,03% de outubro de 2023. A concessão de Crédito Rural retraiu -18,1% m/m e -6,9% a/a em outubro. Esse cenário é exemplificado especialmente pelo caso do Banco do Brasil, que possuí uma elevada participação de mercado na carteira Agro, a qual registrou uma deterioração acentuada no mês de outubro. Esse fato representa mais uma variável importante a ser considerada neste contexto.

    Além disso, foi registrada uma queda marginal tanto no endividamento quanto no comprometimento da renda das famílias (-0,1pp a/a e -0,4pp a/a, respectivamente). Esse dado positivo pode indicar um possível aumento no apetite dos devedores por crédito.

    Por fim, em outubro de 2024, as instituições financeiras privadas nacionais registraram uma perda de -0,2pp m/m em participação de mercado, enquanto as instituições públicas (ex-BNDES) conquistaram um ganho de +0,1pp m/m.

    Crédito: Acelerando m/m e a/a

    O saldo total de crédito no Sistema Financeiro Nacional (SFN) alcançou R$ 6,25 trilhões em outubro de 2024, registrando um aumento de +0,73% em relação ao mês anterior e de +10,96% na comparação anual, demonstrando uma desaceleração no mês-a-mês, porém acelerando marginalmente no ano-a-ano.

    No mês, observamos um aumento de +0,33% m/m no saldo de crédito para empresas (PJ), atingindo um total de R$ 2,39 trilhões. O crédito para as pessoas físicas (PF) registrou expansão de +0,98% m/m, ficando em R$ 3,86 trilhões. O crédito destinado a empresas e pessoa física registraram alta de +9,33% a/a e +11,99% a/a, respectivamente. 

    Crédito livre atingiu R$ 3,62 trilhões em out/24, apresentando expansão de +0,24% m/m e de +10,46% a/a. O crédito livre destinado para as empresas retraiu no mês-a-mês, atingindo R$ 1,52 trilhões, mas ainda em expansão robusta no ano-a-ano (-0,70% m/m e +9,26% a/a). O mês foi impactado pela redução das carteiras de desconto de duplicatas (-5,07% m/m) e cartão de crédito (-6,63% m/m). Já o crédito livre do segmento pessoa física expandiu +0,92% m/m e +11,34% a/a, ficando em R$ 2,10 trilhões, impulsionado no mês por incrementos das carteiras de cartão de crédito à vista (+1,0% m/m), financiamento para a aquisição de veículos (+2,0% m/m) e crédito pessoal não consignado (+1,2% m/m).

    Crédito direcionado atingiu o montante de R$ 2,63 trilhões (+1,41% m/m e +11,66% a/a), reflexo da expansão ocorrida no segmento de pessoas físicas (+1,04% m/m e +12,78% a/a), totalizando R$ 1,76 trilhões, e pelo segmento de empresas, que apresentou uma evolução de +2,17% m/m e de +9,45% a/a, ficando em R$ 0,87 bilhões.

    Inadimplência: Em queda

    Em outubro de 2024, a inadimplência do Sistema Financeiro Nacional (SFN) atingiu 3,19%, registrando uma queda de -0,04pp em relação ao mês anterior, e de -0,28pp na comparação anual, demonstrando potencialmente um retorno a uma trajetória de queda do índice.

    A inadimplência do segmento de pessoa física apresentou uma retração de -0,01pp m/m, e -0,2pp a/a, totalizando 3,7%. Já o segmento de pessoa jurídica apresentou uma queda de -0,1pp m/m e -0,5pp a/a, atingindo 2,3%.

    No crédito livre, a inadimplência retraiu marginalmente -0,1% m/m e -0,5pp no ano, chegando a 4,4%.

     A inadimplência do crédito livre de pessoa física ficou em 5,5% (-0,1pp m/m e -0,4pp a/a). A inadimplência de crédito livre de empresas chegou a 2,9% (estável m/m e -0,6pp a/a).

    Já no crédito direcionado, a inadimplência demonstrou expansão de +0,09pp m/m, mas ainda se mantendo em patamares mais baixos vs. out/2023 (-0,04pp a/a), alcançando 1,52%.

    Inadimplência Crédito Direcionado Por Produto: Deterioração do Rural

    Cartão de crédito: A inadimplência para pessoa física no cartão de crédito total com recursos livres, que inclui a modalidade do parcelado sem juros, ficou em 7,40% (-0,18pp m/m e -0,76pp a/a).  Já a inadimplência no cartão de crédito rotativo teve uma expansão de +0,56pp m/m e +0,17pp a/a, chegando a 55,03%, patamar ainda elevado. Já a inadimplência no cartão de crédito parcelado apresentou retração de -0,11pp m/m, mas alta de +1,79pp a/a, chegando em 11,79%.   

    Aquisição de automóveis:  O crédito destinado para aquisição de veículos para pessoa física apresentou queda na taxa de inadimplência na comparação mensal (-0,07pp m/m) e anual (-0,85pp a/a), ficando em 4,45%.

    Crédito pessoal não consignado: A inadimplência do crédito pessoal não consignado apresentou expansão de +0,04pp m/m, mas com retração de -0,64 a/a, com um total de 5,97%.

    Cheque especial: A inadimplência do segmento pessoa física ficou em 11,68%, queda de -1,57pp m/m e -1,12pp a/a. 

    Cobertura: No mês de outubro, os bancos apresentaram uma expansão de +2,25pp m/m e de +0,26pp a/a no índice de cobertura (saldo de provisões para fazer frente aos créditos em atraso), chegando a 181,8%.

    Comprometimento/Endividamento de renda: Permanece em níveis altos

    O endividamento das famílias ficou em 48,0% em set/24, ainda em níveis altos, apresentando uma estabilidade no mês e uma leve queda de -0,1 pp a/a. O comprometimento de renda chegou a 26,5% no mês, revelando uma melhora de -0,2pp m/m e de -0,4pp a/a.

    Spread: Aumento m/m, com queda a/a

    A taxa média de juros das novas concessões em out/24 atingiu 28,1% a.a., representando uma alta de +0,48pp m/m, mas queda de -1,62pp a/a. Já o spread bancário ficou em 18,4% (+0,05pp m/m e -1,96pp a/a). No segmento de pessoas físicas, o spread apresentou retração de -0,28pp m/m e -2,53pp a/a, ficando em 23,3%. Já o segmento de empresas apresentou expansão de +0,68pp mm, mas retração de -1,32pp a/a, chegando a 8,2%.

    Market Share de Crédito: Instituições financeiras públicas ganham share no mês

    Em out/24, as instituições financeiras privadas reportaram uma retração de -0,19pp no market share na comparação mensal, mas ainda em alta de +0,78pp na comparação anual, chegando a 43,2% de participação de mercado.

    As instituições financeiras públicas (ex-BNDES) reportaram uma performance praticamente estável em sua participação de mercado no mês (+0,05pp), mas ainda demonstrando um declínio de -0,22pp no ano, totalizando 34,8% de market share.

    Concessão de Crédito: Crescimento m/m e a/a

    Concessões de crédito atingiram o total de R$ 698,6 bilhões, (+1,45% m/m e +17,6% a/a). As concessões livres apresentaram uma pequena expansão de +0,6% m/m e +17,5% a/a, ficando em R$ 615,7 bilhões. O destaque positivo do mês veio do segmento de pessoa física (PF), que apresentou alta de +4,8% m/m e +13,7% a/a, totalizando R$ 354,2 bilhões. Já o segmento de pessoa jurídica (PJ) apresentou um resultado negativo, com retração de -4,6% m/m, porém com forte alta de +23,0% a/a, fechando em R$ 261,4 bilhões.

    Por fim, as concessões direcionadas tiveram uma expansão de +8,0% m/m e de +18,1% a/a, totalizando R$ 83,0 bilhões, com destaque positivo para o segmento de pessoa jurídica (PJ) (R$ 33,0 bilhões) que expandiu significativamente, com alta de +46,0% m/m e +37,4% a/a, favorecido no mês pela linha de Outros (+131,9% m/m) e pelos Recursos do BNDES (+85,6% m/m). Já o segmento de pessoa física (PF) desapontou, demonstrando uma retração considerável de -7,9% na comparação mensal, impactado negativamente pelas linhas de Crédito Rural (-18,1% m/m) e Financiamento Imobiliário (-5,5% m/m). Apesar disso, o segmento de PF apresentou alta de +8,0% na comparação anual.

    Duration: o prazo médio de duração de crédito livre apresentou alta mensal e anual no segmento Pessoa Física (+0,07% m/m e +0,51% a/a), atingindo 61,0 meses. No segmento de Empresas, registrou uma forte expansão de +4,68% m/m e +3,44% a/a, chegando a 29,8 meses. Por fim, o prazo do crédito direcionado para Pessoas Físicas teve leve alta +0,36% m/m e +1,78% a/a, atingindo 272,9 meses. Já o segmento de Empresas apresentou uma forte alta de +34,00% m/m, mas expressiva queda de -17,82% a/a, chegando a 99,8 meses.

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