Assim como esperávamos, a JBS obteve ótimos resultados para o 4T21 e para o ano de 2021 consolidado, quebrando recordes em números absolutos e também de crescimento. A maior empresa de proteínas do mundo mais que triplicou seu lucro em 2021, chegando a R$ 20,5 bilhões, 346% acima do lucro de 2020 e equivalente a um lucro por ação de R$ 8,26. Além disso, a JBS realizou aquisições relevantes, avançou em sua agenda ESG, investiu cerca de R$ 10 bi internamente e manteve endividamento e alavancagem sob controle. Nossa expectativa para 2022 e adiante segue otimista com a empresa, e mantemos a nossa recomendação de COMPRAR, com o preço-alvo de R$ 50,00.
(Quando iniciamos a cobertura da empresa, demos um preço-alvo de R$ 42 quando a ação estava a R$ 28. Desde então, a ação valorizou mais de 35% e chegou nos R$ 37,63 de hoje).
No trimestre, a companhia viu avanços em todas suas principais unidades de negócio em termos de receita e EBITDA quando comparados ao 4T20. A única exceção foi a JBS Brasil, que sofreu com a suspensão de exportações para a China e mesmo assim manteve estabilidade. O principal destaque ficou para suas divisões nos EUA, principalmente para a JBS USA Beef, unidade focada em carne bovina no mercado americano que viveu o melhor momento da história do setor até então. A receita da maior empresa de proteínas do mundo chegou a R$ 350,7 bi no ano de 2021, um recorde histórico e crescimento de 29,8% quando comparado a 2020.
Seara
A Seara perdeu margem EBITDA no trimestre, com uma redução de -2,9 p.p. a/a, chegando a 11,2%. Isso pode ser atribuído aos custos da empresa, que são majoritariamente compostos pelas commodities milho e soja, cujos preços seguem em forte alta além de serem negociados em dólar. Todavia, ainda vimos uma melhora sequencial (a margem EBITDA do 3T21 foi 10,2%, o que significa que no 4T21 tivemos um aumento de 1,0 p.p. t/t), além do crescimento de receita de 34,2% a/a, atingindo R$ 10,1 bi. Isso mostra que as iniciativas de inovação da Seara vêm trazendo aumento de volume e vendas e que estamos começando a ver uma melhora na estrutura de custos da unidade.
JBS Brasil
A suspensão temporária das exportações brasileiras para a China (que acabaram durando praticamente todo o 4T21) levou a uma redução sequencial -9,0% de receita. Olhando para o ano de 2021 consolidado, a JBS viu um aumento de 29,0% de sua receita, atingindo R$ 53,8 bilhões e ao mesmo tempo uma queda de -24,8% de EBITDA, chegando a R$ 2,3 bilhões. Apesar da queda na rentabilidade, o cenário doméstico foi bastante desafiador para o Brasil durante o ano em muitos aspectos, e mesmo assim a empresa conseguiu aumentar suas vendas. Para 2022, a expectativa é de uma melhoria no cenário (principalmente a partir do 2S22) e consequentemente uma recuperação de margens.
JBS USA Beef
Sua principal unidade de negócio (responsável por 41% da receita total da empresa) e que dobrou o seu EBITDA em 2021. A forte demanda americana seguiu superando a oferta de gado durante o trimestre, e a JBS USA Beef seguiu se aproveitando desse cenário que foi extremamente favorável durante praticamente todo o ano. O EBITDA da divisão no 4T21 aumentou 180% em relação ao 4T20, chegando a um total de R$ 7,8 bilhões, além de um fortíssimo aumento de 9,4 p.p. de margem EBITDA, totalizando 18,6% no trimestre. Mesmo com a esperada normalização do cenário em 2022, a demanda deve seguir potente nos EUA e também acreditamos que as margens e rentabilidade do setor estão estruturalmente muito melhores do que era no passado.
JBS USA Pork
Com a retomada do rebanho suíno na China após a recuperação da ASF (peste suína africana), os volumes de exportação tiveram uma leve queda sequencial. A JBS USA Pork ainda conseguiu grandes aumentos de exportações para outros mercados, como México, Colômbia e Filipinas. Na comparação a/a, vimos um avanço de 14,1% de receita, chegando a R$ 10,6 bi, e também crescimento de EBITDA, chegando a R$ 1,2 bi e implicando um aumento de 39,4% a/a. Isso foi auxiliado pelo câmbio favorável e principalmente por uma forte demanda nos EUA, o que impulsionou os preços da carne suína no país.
Pilgrim´s Pride Corporation (PPC)
Com a retomada do food service, demanda e preços em patamares robustos e novas adições ao seu portfólio de produtos (tudo isso predominantemente nos EUA), a PPC teve um ótimo desempenho no trimestre, mesmo diante de um cenário de custos desafiados (pois também é bastante dependente de milho e soja). Nesse 4T21, a divisão viu seu EBITDA aumentar em 44,0% a/a, alcançando R$ 2,3 bi, o que também inclui um avanço de 0,7 p.p. de margem EBITDA, retornando ao patamar de duplo-dígito de 10,3%. Sua receita foi de R$ 22,5 bi, o que também implica um forte crescimento de 34,0% a/a.
Outros destaques 2021:
- Aquisições: Ao todo, foram 7 no ano, totalizando mais de R$ 10 bi investidos. Na nossa visão, todas em linha com a estratégia de diversificação geográfica e de produtos, o que traz mais fontes de receita e mitiga os riscos atrelados ao negócio.
- ROIC e investimentos: A JBS investiu mais de R$ 9 bi organicamente (em seu próprio negócio, ao contrário de aquisições de terceiros) e atingiu o maior ROIC (retorno sobre capital investido) de sua história, chegando a 24,1% no ano.
- Endividamento e alavancagem: Mesmo com aquisições e investimentos relevantes, a relação dívida líquida/EBITDA (alavancagem) da companhia ficou em 1,52x – menor patamar de 2021 e reflete a saúde financeira da JBS, além de dar espaço para seguir expandindo.
- Investment Grade (“Grau de Investimento”): A agência de rating Moody´s assim como a Fitch Ratings elevaram a classificação de risco de crédito do frigorífico. Com a classificação das duas agências, a JBS passa a ser classificada como Full Investment Grade, o que a coloca no mesmo patamar das companhias mais respeitadas e sólidas do mundo.
- Dividendos e Recompra de ações: Somando os R$ 10,6 bi de recompra de ações com e a distribuição de dividendos de R$ 7,4 bi: Buybacks + Dividend Yield implicam um retorno ao acionista de 20% em 2021, patamar muito alto considerando seu histórico.