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    Publicado em 30 de Março às 16:42:01

    JBS (JBSS3) | Conversa com CFO: seguimos otimistas para o longo prazo

    Nesta quarta-feira (29/03/23), conversamos com o Guilherme Cavalcanti, CFO Global da JBS desde janeiro de 2019, o qual possui ampla experiência no mercado de capitais e em finanças. Guilherme, antes da JBS, já atuou como Diretor de Finanças e R.I. na Fibria Celulose S/A, CFO e Diretor de R.I. na Vale do Rio Doce, e Diretor de Tesouraria e Planejamento nas Organizações Globo.

    A conversa foi bastante produtiva e apontou para a resiliência da companhia em momentos difíceis, fundamental para superar crises, como a de 2015 e a de 2020 (pandemia), entre outros fatores que mencionaremos ao longo deste relatório.

    Na nossa visão, ainda que a JBS deva enfrentar dificuldades este ano em alguns de seus segmentos, em outros, o otimismo é maior e, de modo geral, há um upside considerável a ser capturado quando consideramos o patamar atual das ações. Assim, reiteramos nossa recomendação de COMPRA para os papéis da companhia, com preço-alvo em R$ 30,00.

    Cenário Internacional

    Nos EUA, o custo do gado deverá seguir pressionando as margens das operações do segmento JBS Beef North America. Caso este ano apresente uma boa quantidade de chuvas na América do Norte, poderemos começar e ver uma maior retenção de vacas e o ciclo pode vir a durar menos do que o esperado.

    Esperamos que, ainda que apertadas, as margens devem apresentar pequenas melhoras sequenciais ao longo do ano devido a demanda, a qual, ao que tudo indica, aparenta estar se mantendo constante nos EUA. No mês de abril, devemos ter uma visibilidade maior quanto a isso, dado que no 1T23 a demanda é historicamente menor, em especial, devido ao inverno.

    Notamos ainda que, a demanda no próximo grilling season (que se inicia no mês de maio) pode crescer em relação ao ano passado, mas não consideramos isto em nosso cenário base, mas como um upside risk. Iremos monitorar.

    Para o segmento JBS USA Pork, esperamos uma normalização de margens ao longo do ano. No 1T23, devemos ainda ver margens pressionadas, dada a ainda presente volatilidade nos preços dos suínos, mas, ao longo de 2023, aguardamos um retorno às margens históricas, ou seja, de high single digit.

    Em relação a Pilgrim’s Pride Corporation (PPC), esperamos um 1T23 ainda difícil em termos de margens, dado o cenário de sobreoferta global. Mas, no 2T23, já podemos aguardar uma gradual melhora sequencial, tendência que deve seguir nos próximos trimestres. Notamos que o business de frango possui um ciclo bem mais curto do que o de proteína bovina, podendo se ajustar em dois trimestres.

    Por fim, quanto as operações da JBS Australia, já estávamos otimistas, e seguimos do mesmo modo. Já devemos ver resultados melhores no 1T23, mas ainda não tão fortes. No entanto, para o restante do ano, vemos melhorias sequenciais consideráveis, principalmente devido a custos mais baixos, decorrentes do tamanho atual do rebanho de bovinos do país (o maior da história da região).

    Ainda sobre Austrália, temos que a operação de aquacultura da JBS, marcada pela produção de salmão, apresenta maiores margens e uma sazonalidade menor do que os demais segmentos em que a companhia atua. No entanto, é uma operação que consome mais capital de giro, e que ainda é pouco relevante no resultado consolidado da empresa.

    Cenário Brasil

    No segmento JBS Brasil, observamos margens baixas no 2S22, prejudicadas consideravelmente pelo lockdown na China. Com a suspensão da rígida política de Covid zero na China, devemos observar uma demanda estrutural crescente ao longo deste ano, que deve beneficiar este segmento. Este fator, somado ao ciclo do gado em momento favorável no país, devem garantir margens melhores do que as vistas ao final do último ano.

    Já o segmento Seara deve sofrer no 1T23 com exportações mais fracas (dado sobreoferta no mercado global), cenário que deve melhorar gradualmente ao longo do ano, mas se beneficiar de uma forte demanda doméstica por alimentos preparados.

    Demais pontos relevantes

    • China: demanda estrutural crescente.
    • Capex: para 2023, deve ficar em US$ 1,3b, sendo cerca de US$ 400m referentes a capex de expansão. Para 2024, espera-se uma redução, com um capex total de US$ 1,0b, no caso do cenário estiver ainda difícil e margens apertadas, e US$ 1,2b, caso o cenário esteja melhor;
    • Dívida: foi alongada de 8 para 10 anos, com amortizações significativas apenas a partir de 2027. A gestão conseguiu retirar covenants e garantias reais. Ponto muito positivo;
    • Rating: S&P elevou a empresa para grau de investimento, subindo a nota de BB+ para BBB-. Assim, a companhia detém agora grau de investimento nas 3 principais agências do mercado (Fitch, Moody’s e S&P);
    • Recompra de ações e M&As: não devem ser realizados este ano. Foco será em preservação de caixa. Em 2024, a companhia deve voltar a ser mais ativa em aquisições (foco em M&As, não em recompras);
    • Dividendos: em 2022, foram adiantados US$ 900m em dividendos (ou, 28% de lucro líquido). Este ano, deve haver adiantamento apenas se conversas sobre tributação de dividendos avançarem;
    • Listagem dos Bonds nos EUA: a companhia já trabalha a fim de listar seus bonds no exterior, processo que deve ocorrer em agosto deste ano.

    Conclusão

    Em 2023, a JBS deve apresentar uma menor geração de caixa e, consequentemente, menor distribuição de dividendos do que a observada nos anos passados, em especial, dado margens que devem seguir apertadas no segmento JBS Beef North America, o qual é bastante relevante para o consolidado.

    No entanto, como supracitado, o segmento JBS USA Pork deve retornar a patamares históricos de margens, Seara e PPC devem sofrer ainda no 1T23 mas recuperar margens sequencialmente nos trimestres seguintes, JBS Brasil deve expandir margens com uma maior demanda estrutural chinesa e menores custos de gado no Brasil, e estamos otimistas com o segmento JBS Australia.

    Somado a isso, temos uma companhia com boa posição de caixa, que focará na preservação desse caixa neste ano (a fim de frear o crescimento da alavancagem), e dívida com prazo longo que não possui covenants nem garantias reais. Sendo assim, nossa tese sobre as ações da JBS permanece, e, desta forma, reiteramos a recomendação de COMPRA com preço-alvo de R$ 30,00 para os papéis da companhia. Confira nosso relatório sobre os resultados do 4T22 para entender melhor nossa visão sobre a empresa.

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