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    Publicado em 13 de Março às 17:31:15

    JBS (JBSS3) | Prévia de Resultados 4T22 e Expectativas para 2023

    A JBS (JBSS3) vai reportar o seu resultado do 4T22 na próxima terça-feira (21/03), e, neste relatório, vamos apresentar as nossas expectativas para os números da empresa e compará-las às expectativas de mercado. No ano de 2021, vimos excelentes números para a companhia, a qual vinha se beneficiando, assim como demais frigoríficos com operações nos EUA, do cenário de alta disponibilidade de gado no mercado americano e de uma demanda muito forte, fatores que contribuíam para custos baixos (compra de gado) e possibilidade de vender a carne bovina com um bom spread (dado a alta demanda) e, portanto, com uma boa margem.

    Ao longo de 2022, ainda fomos vendo números fortes para companhia. Entretanto, estamos vivenciando uma virada do ciclo do gado nos EUA, e, com ela se concretizando, devemos passar a ver o cenário oposto, o que deve impactar negativamente os números e margens dos frigoríficos. No 4T22 já observaremos os efeitos dessas mudança de dinâmica.

    Dado principalmente, a mudança de ciclo nos EUA, preços mais fracos de venda de frango (situação que enxergamos que deve permanecer no curto prazo) e custos maiores na produção de frango (reflexo do alto preço do milho), estamos reduzindo nosso preço-alvo para R$ 30,00.

    Entretanto, acreditamos que a diversificação da JBS deve contribuir para reduzir a volatilidade nos resultados da companhia. Assim, ainda que um dos principais drivers de suas operações seja o mercado americano, sua presença no Brasil, Austrália, Europa e exposição a diversos outros países e proteínas, devem resultar em números, embora mais fracos, ainda razoáveis para o maior frigorífico do mundo. Também acreditamos que tudo tem um preço, e, ao preço que as ações estão cotadas hoje, ainda enxergamos um bom upside para o papel, e reiteramos nossa recomendação de COMPRA.

    JBS

    Esperamos ver uma redução de 3,3% a/a na receita líquida, a qual deve totalizar R$ 94.0b. Em relação ao EBITDA, estimamos uma queda de 54,7% frente ao 4T21, alcançando R$ 6.0b, principalmente devido ao cenário que descrevemos no primeiro parágrafo deste relatório – a JBS USA Beef deve sentir a maior queda de EBITDA.

    Além disso, a JBS USA Pork deverá ainda apresentar margens mais apertadas dado o aumento do custo de suínos nos EUA (ocasionado pelo abate de grande parte dos porcos em 2022 devido a denominada “doença da orelha azul”). PPC já reportou resultados e os mesmos vieram razoáveis em termos de receita, mas fracos em termos de margens.

    No Brasil, ainda que o ciclo do gado esteja em posição mais favorável, as exportações para a China recuaram, o que deve ocasionar uma queda na receita da JBS Brasil. Na SEARA, devemos observar margens mais apertadas, com custos maiores decorrentes da guerra entre Rússia e Ucrânia. Por fim, na JBS Austrália, esperamos resultados parecidos com o último trimestre.

    Assim, de modo geral, o resultado consolidado deverá sofrer em termos de margens e rentabilidade em relação ao mesmo período no ano passado – esperamos um lucro de R$ 1.1b, o qual representa uma redução de 83,8% a/a.

    Expectativas 2023

    SEARA

    Para 2023, enxergamos que o preço de venda do frango deve ainda sofrer quedas no curto prazo. Entretanto, acreditamos que o volume de vendas deve crescer dado uma demanda crescente e uma expansão da capacidade de produção da empresa, em especial com a inauguração de duas novas unidades que devem contribuir para o crescimento de 20% do volume de produção.

    Em relação aos custos, vemos um cenário um pouco mais difícil, dado o impacto da alta do milho ocasionado pela guerra entre Rússia e Ucrânia, o qual já deve prejudicar as margens do 4T22 e seguir prejudicando em 2023. Vale observar que o impacto das flutuações de commodities costumam impactar os custos da JBS com cerca de 6 meses de atraso. Entretanto, vemos a margem EBITDA da Seara melhorando trimestre após trimestre neste ano, dado uma maior eficiência operacional que deve ser ocasionada por diversos fatores, como o investimento em silos para melhorar a estocagem. Enxergamos uma margem EBITDA normalizada na faixa de 12 a 14%.

    JBS Brasil

    Devido ao momento do ciclo do gado no Brasil, pautado por um alta disponibilidade do animal e, consequentemente, preços mais baixos, estamos otimistas com os resultados das operações da JBS Brasil para este ano. Além do momento do ciclo, enxergamos também uma crescente demanda estrutural da China por carne bovina, visão corroborada por dados recentes do USDA. Em nossa visão, a JBS Brasil deve ir crescendo margem ao longo do ano até atingir cerca de 7%.

    JBS USA Beef

    Dada a inversão do ciclo do gado nos EUA, estamos mais conservadores com os resultados das operações dos segmento USA Beef para este ano. Desta forma, esperamos uma compressão considerável de margens, e enxergamos uma margem EBITDA ao redor de 5% para 2023.

    JBS USA Pork

    Em 2022, este segmento sofreu com a denominada “doença da orelha azul“, a qual contaminou parte do rebanho de suínos nos EUA e tornou necessária o abate de parte considerável dos porcos. Isto ocasionou uma alta nos preços, fator que, por sua vez, prejudicou as margens da JBS USA Pork no 3T22 e deve ainda prejudicar no 4T22. Para 2023, enxergamos uma normalização dessa situação e, por consequência, uma melhora de margens, sendo que a margem EBITDA deve se manter, em média, dentro da faixa de 8 a 10%.

    PPC (Pilgrim’s Pride Corporation)

    Em 2022, vimos a margem EBITDA deste segmento se manter relativamente estável, com um crescimento de cerca de 1,0 p.p., alcançando 6,0%. Em 2023, esperamos uma avanço nas margens, que já deve se iniciar no 1T23, dado, entre outros fatores, o encerramento de três plantas na Europa (sendo duas de frango e uma de suínos) para redução de custo fixo. Enxergamos uma margem EBITDA normalizada em um dígito único alto (8 a 9%) para este ano.

    JBS Australia

    Na Austrália enxergamos um bom potencial devido a alta disponibilidade de gado na região. De acordo com relatório do Meat & Livestock Australia (MLA), trata-se do maior rebanho da história da região. Caso esse estoque passe a ser comercializado, vemos um upside interessante a ser capturado para JBS, possibilitando que suas operações na Austrália alcancem uma margem EBITDA de um dígito único alto (8 a 9%).

    Consolidado

    De modo geral, em 2023, devemos observar nos resultados da JBS, com ainda maior clareza do que no 4T22, os efeitos da reversão do ciclo do gado nos EUA. Com uma menor disponibilidade de gado e os preços de grãos em patamares elevados, devemos ver as margens operacionais da companhia serem comprimidas, o que deverá refletir em uma menor geração de caixa e, consequentemente, menor distribuição de proventos.

    Entretanto, além da JBS apresentar uma boa diversificação de receita, como mencionamos anteriormente, acreditamos que tudo tem um preço, e, ao preço que as ações estão cotadas hoje, ainda enxergamos um bom upside para o papel, e reiteramos nossa recomendação de COMPRA, mas com redução do preço-alvo para R$ 30,00.

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