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    Publicado em 12 de Maio às 00:47:56

    JBS (JBSS3) | Resultado 1T23: bem abaixo do esperado…

    Seguimos com a recomendação de COMPRA para JBSS3. A JBS entregou um trimestre bastante fraco, com resultados abaixo de nossas expectativas e do consenso do mercado, tanto em termos de receita quanto de margem, sendo a segunda motivada, em especial, pelo alto custo do gado nos EUA.

    O segmento Seara também prejudicou consideravelmente o resultado consolidado, dado impacto da queda de preço nas exportações, decorrente do cenário de sobreoferta global da proteína do frango, e custos de grãos ainda elevados.

    Porém, esperamos melhorias sequenciais para a maior parte dos segmentos da companhia ao longo do ano. Nota-se também que, ainda que a alavancagem tenha crescido, dado normalização de margens, a posição de caixa segue boa, e as dívidas com prazos longos (sem covenants ou garantias reais).

    Mantemos nosso otimismo com o desempenho da companhia para o médio e longo prazos, e, seguimos enxergando um upside considerável no patamar de preços atual. Assim, reiteramos nossa recomendação de COMPRAR para as ações da JBS, com preço-alvo de R$ 30,00.

    Análise dos resultados

    Como mencionado, este foi um trimestre muito fraco para a JBS. A companhia reportou uma receita líquida de R$ 86,7b (-4,6% a/a), 6,4% abaixo de nossas expectativas, e um EBITDA de R$ 2,2b (-78,6% a/a), 49,9% abaixo de nossas projeções, e também consideravelmente abaixo do consenso.

    Assim, a empresa alcançou uma margem EBITDA de 2,5%, uma considerável compressão de 2,4 p.p. t/t e 8,6 p.p. a/a. Por fim, foi reportado um prejuízo de R$ 1,4b (-128,3% a/a), muito abaixo de nossas expectativas e do consenso, devido a custos elevados e a um resultado financeiro negativo de R$ 1,4b.

    Vale notar ainda que, neste trimestre, houve uma considerável queima de caixa. O fluxo de caixa operacional foi negativo em R$ 3b, e o fluxo de caixa livre negativo em R$ 6b. No 1T22, o fluxo de caixa operacional foi de R$ 344m, e o livre, negativo em R$ 2,8b. Porém, a posição de caixa segue saudável.

    JBS Beef North America

    O segmento JBS Beef North America seguiu sendo consideravelmente prejudicado pela inversão do ciclo do gado nos EUA. A unidade entregou ema receita de R$ 27,4b, recuo de 4,6% t/t e 5,6% a/a, e um EBITDA de R$ 116m, forte declínio de 88,7% t/t e de 97,2% a/a.

    Desta forma, a margem EBITDA alcançou apenas 0,4%, uma forte compressão de 3,2 p.p. t/t e 13,8% a/a. Neste trimestre, este segmento representou 31,6% da receita líquida consolidada e 5,3% do EBITDA consolidado.

    JBS USA Pork

    O segmento JBS USA Pork continuou sendo negativamente impactado pelo alto custo de suínos, consequência da falta de oferta ocasionada pela denominada “doença da orelha azul” (a qual contaminou uma parcela do rebanho de suínos nos EUA e tornou necessário o abate de vários porcos).

    O segmento apresentou uma receita de R$ 9,4b (-11,4% t/t e -5,6% a/a), e um EBITDA de R$ 232m (-77,1% t/t e -81,2% a/a), alcançando uma margem EBITDA de 2,5% (-7,0 p.p. t/t e -9,9 p.p. a/a), sendo responsável, assim, por 10,8% da receita líquida consolidada e 10,7% do EBITDA consolidado.

    PPC (Pilgrim’s Pride Corporation)

    O segmento PPC novamente apresentou resultados estáveis em termos de receita e fracos em termos de margens, quando compara-se ao mesmo período do ano passado, devido a custos ainda elevados.

    Deste modo, a unidade entregou uma receita de R$ 21,6b, declínio de 0,3% t/t e 2,5% a/a, e um EBITDA de R$ 1,4b, crescimento de 56,4% t/t e recuo de 56,5% a/a.

    Assim, a margem EBITDA alcançou 6,5% nesse trimestre, avanço de 2,4 p.p. t/t e queda de 8,0 p.p. a/a. A PPC foi responsável por 24,9% da receita líquida consolidada e 64,5% do EBITDA consolidado no trimestre.

    JBS Brasil

    O segmento JBS Brasil foi afetado pela suspensão de exportações de carne bovina brasileira à China, a qual durou 27 dias do 1T23 e decorreu da descoberta de um caso atípico de “vaca louca” no Brasil, e também prejudicado por um cenário macroeconômico difícil no mercado doméstico.

    Desta forma, as operações entregaram resultados fracos, com um declínio na receita de 14,5% t/t e 14,9% a/a, atingindo R$ 12,2b, e uma queda em seu EBITDA de 12,7% t/t e 32,3% a/a, alcançando R$ 297m. Assim, o segmento alcançou uma margem EBITDA de 2,4%, estável t/t e queda de 0,7 p.p. a/a.

    Observa-se que o segmento foi responsável por 14,1% da receita líquida consolidada no trimestre e 13,7% do EBITDA consolidado.

    Seara

    O segmento Seara apresentou uma receita líquida de R$ 10,3b, recuo de 6,4% t/t e avanço de 8,9% a/a, impactada negativamente por um declínio no preço médio de venda em dólares no mercado externo, devido ao cenário de sobre oferta global.

    Com os custos de grãos ainda elevados, a Seara entregou também margens fracas. Vimos uma considerável piora no EBITDA, o qual recuou 79,1% t/t e 76,1% a/a, alcançando R$ 147m, o que contribuiu para a margem EBITDA cair para 1,4%, declínio de 5,0 p.p. t/t e 5,1 p.p. a/a.

    Nota-se que a unidade Seara representou 11,9% da receita líquida consolidada neste trimestre e 6,8% do EBITDA consolidado.

    JBS Australia

    Por fim, no segmento JBS Australia, os resultados foram também fracos, assim como nas demais operações da companhia, com a receita atingindo R$ 7,2b, queda de 12,0% t/t e 2,3% a/a, e um EBITDA negativo em R$ 17,7m , forte recuo de -102,8% t/t e -104,0% a/a.

    Dessa forma, a unidade entregou uma margem EBITDA negativa em 0,2% (-7,9 p.p. t/t e -6,2 p.p. a/a). No trimestre, a JBS Australia representou 8,4% da receita líquida consolidada.

    Olhando adiante

    Embora este tenha sido um trimestre bastante desanimador, projetamos uma expansão de margens ao longo do ano, dado esperadas melhorias operacionais nos segmentos da companhia (exceto na JBS Beef North America, que deve continuar com margens bem apertadas, mesmo com a barbecue season).

    Além disso, a boa posição de caixa da companhia, somada a dívidas com prazos longos, são fatores que ajudam a companhia a atravessar momentos turbulentos.

    Assim, ainda que os resultados do 1T23 tenham sido fracos, mantemos o otimismo para o médio prazo e, no patamar atual de preço, enxergamos um bom upside. Reiteramos nossa recomendação de COMPRA.

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