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    Publicado em 21 de Março às 23:48:03

    JBS (JBSS3) | Resultado 4T22: compressão de margens acima do esperado

    Estávamos esperando um trimestre mais fraco para JBS, em linha com as expectativas de mercado em termos de receita, mas um pouco abaixo em termos de margens. E de fato os resultados vieram fracos, porém ainda piores em termos de margens. Observa-se também que, ainda que o lucro líquido tenha vindo acima do projetado, ele foi consideravelmente impactado pelo reconhecimento de créditos fiscais. A inversão do ciclo do gado nos EUA, e os altos custos de produção de carne suína e de frango, foram os principais fatores que enfraqueceram os resultados da companhia.

    No entanto, ainda que o ano de 2023 deva ser desafiador para a companhia, acreditamos que a sua diversificação, tanto por proteína quanto geográfica, devem ajudar a reduzir a volatilidade dos resultados. Além disso, em nossa visão, tudo tem um preço, e, no patamar atual em que as ações da JBS estão cotadas, ainda enxergamos um upside considerável para o papel, e seguimos com a nossa recomendação de COMPRA com preço-alvo em R$ 30,00.

    Análise dos resultados

    Todas as unidades de negócios da JBS viram um declínio de receita e a maioria também passou por uma considerável compressão de margens. Desta forma, a companhia entregou uma receita líquida de R$ 92,9b, recuo de 6,1% t/t e de 4,5% a/a, um EBITDA de R$ 4,6b, equivalente a um declínio de 52,1% t/t e de 65,2% a/a, uma margem EBITDA de 4,9%, forte queda de 4,7 p.p. t/t e de 8,6 p.p. a/a, e, por fim, um lucro líquido de R$ 2,3b, recuo de 41,5% t/t e de 63,7% a/a. Vale observar que o lucro líquido foi positivamente impactado pelo reconhecimento de R$ 1,8b em créditos fiscais.

    Assim, a JBS encerrou o ano de 2022 com resultados pouco melhores que 2021 em termos de receita, mas consideravelmente mais fracos em termos de margens. A companhia entregou uma receita líquida de R$ 374,8b, crescimento de 6,9% a/a, um EBITDA de R$ 34,6b, recuo de 24,3% a/a, uma margem EBITDA de 9,2%, declínio de 3,8% a/a, e, por fim, um lucro líquido de R$ 15,5b, queda de 24,5% a/a.

    Seara

    A Seara, no trimestre, entregou uma receita líquida de R$ 11,0b, queda de 6,2% t/t e crescimento de 9,0% a/a, impactada positivamente por um leve crescimento nos volumes e no preço médio de venda. No entanto, vimos uma piora considerável no EBITDA, o qual recuou 60,5% t/t e 38,0% a/a, alcançando R$ 704m, o que contribuiu para a margem EBITDA cair para 6,4%, declínio de 8,7 p.p. t/t e 4,8 p.p. a/a.

    Esta compressão de margens decorre, principalmente, dos elevados custos de produção, os quais foram impactados pela alta do farelo de soja (além do patamar ainda elevado do milho). Vale observar que a unidade Seara representou 11,9% da receita líquida consolidada neste trimestre e 15,4% do EBITDA consolidado.

    JBS Brasil

    Afetada pela menor demanda chinesa ao final do ano passado, devido a rígida política do Covid zero, a unidade JBS Brasil apresentou resultados mais fracos, com um recuo em sua receita de 12,1% t/t e ligeiro avanço de 1,4% a/a, atingindo R$ 14,3b, e uma forte queda em seu EBITDA de 58,8% t/t e 51,2% a/a, alcançando R$ 340m. Assim, o segmento alcançou uma margem EBITDA de 2,4%, recuo de 2,7 p.p. t/t e 2,6 p.p. a/a. Nota-se que o segmento JBS Brasil foi responsável por 15,4% da receita líquida consolidada no trimestre e 7,4% do EBITDA consolidado.

    JBS USA Beef

    Como esperávamos, a inversão do ciclo do gado nos EUA prejudicou consideravelmente os resultados da JBS USA Beef, em especial, suas margens. A unidade entregou uma receita de R$ 28,7b, declínio de 1,7% t/t e 12,3% a/a, e um EBITDA de R$ 1,0b, forte queda de 59,3% t/t e de 85,5% a/a.

    Desta forma, a margem EBITDA alcançou 3,6%, uma considerável compressão de 5,1 p.p. t/t e 18,1% a/a . Neste trimestre, este segmento representou 30,9% da receita líquida consolidada e 22,4% do EBITDA consolidado.

    JBS USA Pork

    Ainda prejudicada pelo alto custo de suínos, decorrente da falta de oferta ocasionada pela denominada “doença da orelha azul” (a qual contaminou uma parcela do rebanho de suínos dos EUA e tornou necessário o abate de vários porcos), a unidade JBS USA Pork seguiu com margens apertadas.

    O segmento entregou uma receita de R$ 10,6b, recuo de 5,0% t/t e 0,3% a/a, e um EBITDA de R$ 1,0b, avanço de 1,1% t/t e declínio de 14,2% a/a, alcançando uma margem EBITDA de 9,5% (-0,5 p.p. t/t e 1,6 p.p. a/a), sendo responsável, assim, por 11,4% da receita líquida consolidada e 22,1% do EBITDA consolidado.

    JBS Australia

    A unidade apresentou resultados mais decentes que os demais segmentos, sendo um dos destaques mais positivos do período, impulsionados, em parte, pelas aquisições da Huon e Rivalea (produtoras de salmão e suínos, respectivamente).

    Dessa forma, o segmento, ainda não tão representativo no consolidado, entregou uma receita de R$ 8,2b, pequeno recuo de 5,7% t/t e 4,8% a/a, um EBITDA de R$ 631m, crescimento de 27,9% t/t e declínio de 8,8% a/a, alcançando uma margem EBITDA de 5,0% (+1,4 p.p. t/t e -1,7 p.p. a/a). No trimestre, a JBS Australia representou 8,9% da receita líquida consolidada e 13,8% do EBITDA consolidado.

    Pilgrim’s Pride Corporation (PPC)

    O segmento apresentou resultados relativamente estáveis em termos de receita, mas bastante fracos em termos de margens devido a custos elevados. Assim, a unidade apresentou uma receita de R$ 21,7b, recuo de 7,5% t/t e 3,8% a/a, e um EBITDA de R$ 893m, declínio de 69,8% t/t e 61,4% a/a. Dessa maneira, a margem EBITDA alcançou 4,1% nesse trimestre, queda de 8,5 p.p. t/t e 6,2 p.p. a/a. A PPC foi responsável por 23,3% da receita líquida consolidada e 19,5% do EBITDA consolidado no trimestre.

    Olhando adiante

    Esperamos em 2023 que os resultados da companhia continuem refletindo os efeitos da reversão do ciclo do gado nos EUA. Dado que o mercado americano se trata de um dos principais drivers dos resultados da empresa, acreditamos que a companhia deve apresentar uma menor geração de caixa e, consequentemente, uma menor distribuição de proventos neste ano.

    No entanto, fatores como a boa diversificação regional e de receita da companhia, boas perspectivas para unidades como a JBS Brasil, a qual deve surfar a ciclo positivo do gado no Brasil e a crescente demanda estrutural chinesa, e a JBS USA Pork, que deve apresentar uma melhoria gradual de margens, e também dado o atual baixo patamar da cotação das ações frente ao valor intrínseco da companhia, continuamos otimistas com a performance das ações da companhia em 2023, embora acreditemos que as mesmas podem ainda sofrer no curtíssimo prazo.

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